Finanças para Médicos

Desvalorização da medicina é real e afeta o preço dos plantões | Colunistas

Desvalorização da medicina é real e afeta o preço dos plantões | Colunistas

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Imagem de perfil de Welberth Fernandes

Nos últimos anos, a comunidade médica tem visto com preocupação a ampliação nunca vista na história do número de escolas médicas (320) e a formação deficiente de médicos no Brasil. Em 2018, por exemplo, havia 450 mil médicos com CRM ativo e se formaram mais 25 mil estudantes, um aumento de 5,5% ao ano. Para 2020, o número estimado é de 32 mil médicos.

            Depois dos 6 anos exigidos para graduação em Medicina, o jovem médico pode optar por continuar seus estudos através dos cursos de residência e pós-graduação ou ingressar no mercado de trabalho, atuando como generalista ou plantonista em clínicas e hospitais. No entanto, a realidade não está favorável. A maior parte dos recém-formados permanece nos grandes centros e contribuem para o acirramento da disputa pelas vagas no mercado: há mais gente para trabalhar do que vagas disponíveis, como resultado ocorre queda do valor da remuneração e desvalorização da mão de obra médica.

            Os valores pagos pelos plantões são influenciados por vários fatores como: duração, turno, dia da semana (finais de semana e feriados são mais caros), função exercida, cidade e porte do hospital. Na maior parte dos serviços, o valor médio para 12 horas de trabalho está entre R$ 900,00 e 1000,00.

            Além dos preços baixos pagos pelos plantões, os médicos ainda precisam driblar e conviver com a carência de medicamentos, equipes sobrecarregadas, falta de infraestrutura e o estresse nas relações entre pacientes, familiares e profissionais do hospital. Tudo isso, torna os valores pagos pelos plantões pequenos diante de tantos desafios.             Apesar de concorrido, o mercado de trabalho para os médicos ainda possui boa empregabilidade com taxa próxima de 100% após a graduação. De modo geral, quase todo médico atua como plantonista após a conclusão do curso, pois é uma forma mais rápida de ingressar no mercado de trabalho e ainda há boa oferta de vagas em hospitais das mais diversas regiões do país. Segundo o estudo “Demografia Médica 2015”, 44,6% dos médicos realizavam plantões. O grande problema a ser enfrentados pelos médicos da atual e das próximas gerações será a queda dos valores oferecidos pelos plantões.

Referências

SCHEFFER, M.; BIANCARELLI, A.; CASSENOTE, A. Demografia Médica No Brasil 2015. (Federal F de M da UCR de M do E de SPC, Medicina, eds.). São Paulo, 2015.

https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,numero-de-medicos-no-brasil-aumenta-23-em-7-anos-aponta-censo-medico,70002234905, publicado em 20 de março de 2018

https://pebmed.com.br/regras-de-trabalho-para-medicos-plantonistas/, publicado em 19-07-2019

https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/prefeitura-de-campo-grande-mais-que-triplica-valor-de-plantao-para-medico-que-trabalhar-no-natal-e-ano-novo.ghtml, publicado em 20/12/2017

http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/ma-dicos-lutam-por-reajuste-nos-valores-dos-planta-es/303281, publicado em 15/01/2015