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Dieta Cetogênica | Colunistas

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A dieta cetogênica é uma dieta cuja composição é rica em lipídeos, moderada em proteínas e pobre em carboidratos (<50g/dia), havendo uma substituição dos carboidratos por lipídeos.

Dessa forma, a gordura ingerida e o próprio tecido adiposo do indivíduo é que são utilizados para produção de energia. Quando o corpo usa gordura como fonte principal de energia produz corpos cetônicos (ácido beta-hidroxibutírico e acetoacetato), que levam o organismo ao estado de “cetose”.

Impacto no organismo

As dietas cetogênicas são planejadas para reduzir a resposta de insulina aos carboidratos ingeridos, melhorando o acesso aos combustíveis metabólicos armazenados (principalmente gordura), diminui a fome e promove a perda de peso.

Oxidação de lipídios e mecanismos neurobioquímicos dos corpos cetônicos

Restrição alimentar

A dieta cetogênica é composta de alto teor de gorduras e baixo teor de carboidratos e proteínas (cerca de 90% e 10% respectivamente).

Alguns dos alimentos liberados nessa dieta são:

Fonte: https://sbni.org.br/wp-content/uploads/2019/07/ABC-Dieta-JUL-04.pdf

Riscos para a saúde

Estudos mostram indícios de que a restrição de carboidratos e promoção de proteínas e gorduras é especialmente perigosa para gestantes e mulheres que desejam ter filhos, pois essa dieta parece estar ligada ao maior risco de defeito do tubo neural do bebê, mesmo que a mãe esteja ingerindo ácido fólico durante a gravidez.

Além disso, a dieta cetogênica pode acelerar a insuficiência renal em pacientes com problemas renais; bem como pode aumentar os níveis de LDL.

Cientistas afirmam, ainda, que essa restrição alimentar não promove saúde, e sim está atrelada a maior propensão ao câncer.

Dentre os efeitos colaterais que ocorrem no início da terapia temos a letargia (provavelmente pelo efeito sedativo dos corpos cetônicos) e a hipoglicemia. As reações mais comuns após a fase inicial da DC ocorrem do trato gastrointestinal e incluem náuseas, vômitos (pelo elevado nível de corpos cetônicos) e dificuldades de ingestão da dieta. Crianças com grave retardo podem apresentar grave desidratação e acidose metabólica o que justifica

hospitalização. A longo prazo, as complicações podem incluir litíase renal (pode ser associada à acidúria e queda do pH urinário ou à restrição hídrica), infecções recorrentes (consequência da alteração da função dos granulócitos),

hiperuricemia, hipocalemia, acidose e depleção de carnitina, hipercolesterolemia, irritabilidade, letargia e recusa de ingestão.

Prescrição da Dieta Cetogênica

A oferta energética (Kcal) aos pacientes submetidos à dieta cetogênica deve atingir 75% da energia recomendada por dia e cabe ao nutricionista realizar o

plano dietético levando em consideração o peso ideal para a estatura e a idade, elaborando um cardápio variado e que esteja de acordo com as necessidades calóricas e com a proporção adequada para cada paciente.

As contraindicações são:

– deficiência primária da carnitina;

– deficiência da carnitina-palmitoil transferase;

– deficiência da carnitina translocase;

– defeitos da betaoxidação;

– deficiência de piruvato carboxilase;

– porfiria.

Tratamento de epilepsia com a Dieta Cetogênica

Um benefício histórico relevante se refere ao uso da dieta cetogênica como principal tratamento para epilepsia na década de 20, o que, no entanto, foi caindo em desuso com o desenvolvimento de anticonvulsivantes, restringindo sua indicação apenas para casos refratários e com comprovado benefício da adoção.

Vários estudos já avaliaram os efeitos da dieta cetogênica no controle das crises epilépticas, mas o mecanismo exato desse efeito anticonvulsivante ainda é desconhecido.

Os candidatos ao seu uso são pacientes com epilepsia refratária, sem controle das crises após a tentativa com várias medicações.

A chance de uma criança com epilepsia refratária ter suas crises controladas com a adição de uma nova droga antiepiléptica é de aproximadamente 5%. Estima-se que cerca de 1/3 das crianças com epilepsia refratária terão suas crises controladas com a dieta cetogênica.

Ao contrário dos antiepilépticos, a dieta cetogênica não apresenta efeitos adversos cognitivos ou sedação. O evento adverso mais frequente é a constipação intestinal; outros possíveis são desaceleração do crescimento, perda de peso, cálculo renal e hipercolesterolemia.

Esse potencial benefício ainda é observado para o tratamento de outros distúrbios neurológicos, por um efeito neuroprotetor de aumento na plasticidade neuronal. O que se aplicaria, por exemplo, para doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson, cujos resultados preliminares de adoção da dieta demonstram melhora clínica. Ou mesmo em transtornos do espectro autista, em que melhorias comportamentais também foram relatadas. Pesquisas realizadas em animais também demonstraram potencial benefício na recuperação de lesões traumáticas de encéfalo.

Riscos e benefícios da Dieta Cetogênica

Por favorecer a queima de gorduras e a saciedade, a dieta cetogênica apresenta alto potencial de adoção no diabetes tipo 2 e obesidade/sobrepeso, promovendo maior perda de peso e supressão do apetite, podendo, inclusive, diminuir a necessidade de drogas antidiabéticas. Entretanto, estudos apontam que apesar de levar a uma perda de peso, a longo prazo não é mais eficaz do que outras dietas.

Outro problema é o risco de “catch up”, ou seja, o organismo, restrito por um tempo de carboidrato, quando volta a receber carboidrato, pode acabar levando a um aumento de peso após o fim da dieta.

Apesar de aumentar os níveis de LDL, também aumenta os níveis de HDL e reduz os triglicerídeos.

Referências

https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/2020/page/dieta_cetogenica_0.pdf

https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/1535/1/3510.pdf

https://sbni.org.br/wp-content/uploads/2019/07/ABC-Dieta-JUL-04.pdf

https://www.trendsbr.com.br/bem-estar/dieta-cetogenica-e-perigosa-para-a-saude-diz-estudo#:~:text=A%20dieta%20cetog%C3%AAnica%20(ou%20keto,e%20at%C3%A9%20Mal%20de%20Alzheimer.

Benefícios da dieta cetogênica no tratamento de doenças crônicas

https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2018/06/080_beneficios.pdf


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Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.