Neurologia

Eletroneuromiografia: o que é, como interpretar e quando solicitar

Eletroneuromiografia: o que é, como interpretar e quando solicitar

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A eletroneuromiografia (EMG) é um procedimento médico que envolve a avaliação da atividade elétrica dos músculos e a condução dos sinais nervosos.

É um teste frequentemente usado para diagnosticar distúrbios neuromusculares, como neuropatias, miopatias, doença do neurônio motor e outras condições que afetam os nervos e os músculos.

Como é feita a eletroneuromiografia?

A eletroneuromiografia (EMG) é realizada em duas partes principais: a eletromiografia (EMG) e os estudos de condução nervosa.

Na imagem abaixo é possível visualizar a eletromiografia do músculo normal (A), do músculo com desnervação por lesão neurogênica (B) e do músculo com afecção miogênica (C).

O gráfico de cima exibe o registro em repouso, enquanto o inferior mostra o registro durante a contração muscular voluntária. Em repouso, um músculo saudável demonstra um estado de silêncio elétrico, enquanto um músculo desnervado exibe atividade espontânea, como potenciais de fibrilação e ondas agudas. Em casos de afecções miogênicas, também é observada atividade durante o repouso, caracterizada por fibrilação.

Durante a contração muscular, a análise dos padrões elétricos revela diferenças significativas. Um músculo saudável exibe um padrão interferencial típico, enquanto um músculo desnervado demonstra um padrão deficitário. Por outro lado, um músculo afetado por uma condição miogênica apresenta um padrão de interferência denso e de baixa amplitude.

Esses padrões elétricos ajudam os profissionais de saúde a identificar e diferenciar entre diferentes condições neuromusculares, contribuindo para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.

Fonte: Schestatsky P, Kumru H, Valls-Solé J, Valldeoriola F, Marti MJ, Tolosa E, et al. 

Preparação do paciente

Nessa etapa, o paciente geralmente é instruído a usar roupas confortáveis que permitam o acesso às áreas a serem testadas. Ele é posicionado em uma maca ou cadeira de exame, dependendo da área do corpo a ser avaliada.

A área a ser testada é limpa e, em alguns casos, é aplicado um gel condutor para melhorar a condução dos impulsos elétricos.

Eletromiografia (EMG)

Nesta parte do teste, o médico insere agulhas finas e estéreis diretamente nos músculos que precisam ser avaliados. As agulhas têm eletrodos na ponta que podem registrar a atividade elétrica dos músculos. Esses eletrodos captam os sinais elétricos gerados pelas células musculares durante o repouso e a contração.

O paciente é instruído a realizar certos movimentos musculares, como apertar o punho ou mover os dedos, para que o médico possa registrar a atividade elétrica durante essas ações.

Durante a inserção das agulhas e a realização dos movimentos musculares, os sinais elétricos são monitorados e registrados em um computador para análise posterior.

Estudos de condução nervosa

Nesta parte do teste, eletrodos de superfície ou pequenas agulhas são colocados na pele sobre os nervos em diferentes partes do corpo. Pequenos impulsos elétricos são aplicados nos eletrodos para estimular o nervo e registrar como os sinais elétricos se propagam ao longo do nervo.

Esses estudos avaliam a velocidade de condução nervosa, a amplitude dos sinais e a capacidade do nervo de conduzir os impulsos elétricos de forma eficiente. Várias áreas do corpo podem ser testadas, dependendo dos sintomas e da suspeita diagnóstica.

Quando solicitar uma eletroneuromiografia?

A eletroneuromiografia (EMG) é geralmente solicitada por um médico quando há suspeita de distúrbios neuromusculares ou nervosos. O objetivo da EMG é avaliar a função dos músculos e dos nervos para ajudar no diagnóstico e no planejamento do tratamento.

Se um paciente apresenta sintomas como dor muscular crônica, fraqueza muscular, paresia sem uma causa clara, a EMG pode ser solicitada para avaliar a função neuromuscular e identificar possíveis problemas.

Além disso, a EMG é frequentemente usada para diagnosticar e avaliar a gravidade de neuropatias periféricas, que são distúrbios dos nervos periféricos que afetam a sensação e a função motora. Isso pode incluir condições como neuropatia diabética.

Pacientes com doenças neuromusculares já diagnosticadas, como esclerose lateral amiotrófica (ELA) ou miastenia gravis, podem realizar EMG regularmente para monitorar a progressão da doença e o efeito do tratamento.

É importante observar que a EMG não é o primeiro teste realizado em muitos casos. O médico inicialmente fará uma avaliação clínica detalhada, que pode incluir exames físicos, história médica e outros testes, antes de decidir se a EMG é necessária. O objetivo é garantir que o teste seja relevante e forneça informações úteis para o diagnóstico e tratamento do paciente.

Como interpretar uma eletroneuromiografia?

A interpretação da EMG envolve a análise dos padrões de atividade elétrica nos músculos e a condução dos sinais nervosos. Bem como a correlação desses achados com a história clínica do paciente e outros exames diagnósticos.

Atividade elétrica em repouso

Durante a eletromiografia (EMG) de agulha, o médico analisa a atividade elétrica nos músculos em repouso. Anormalidades podem indicar problemas neuromusculares, como:

  • Fibrilações
  • Ondas agudas
  • Unidades motoras desnervadas

Atividade elétrica durante contrações

O médico observa a atividade elétrica dos músculos durante contrações voluntárias para avaliar a força e a função muscular.

Anormalidades durante a contração, como recrutamento precoce ou incompleto de unidades motoras, podem sugerir condições musculares ou nervosas.

Velocidade de condução nervosa

Nos estudos de condução nervosa, o médico analisa a velocidade e a amplitude dos sinais elétricos que passam pelos nervos.

Uma condução lenta ou anormal pode indicar lesões ou compressões nervosas.

Padrões de condução nervosa

O médico verifica os padrões de condução nervosa para identificar anormalidades, como os bloqueios nervosos ou padrões de condução atípicos.

Esses achados podem sugerir condições específicas, como síndromes de compressão nervosa.

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Referências bibliográficas

  • Schestatsky P, Kumru H, Valls-Solé J, Valldeoriola F, Marti MJ, Tolosa E, et al. Neurophysiologic study of central pain in patients with Parkinson disease. Neurology. 2007b Dec 4;69(23):2162-9.
  •  Brasil-Neto JP, Valls-Solé J, Pascual-Leone A, Cammarota A, Amassian VE, Cracco R, et al. Rapid modulation of human cortical motor outputs following ischaemic nerve block. Brain. 1993 Jun;116 ( Pt 3):511-25.

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