Embriologia

Embriologia: o que preciso aprender sobre desenvolvimento embrionário para prova?

Embriologia: o que preciso aprender sobre desenvolvimento embrionário para prova?

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Quer passar na prova de embriologia? Esse post tem tudo que você precisa para guiar seus estudos nesta disciplina.

A embriologia é um ramo da biologia que estuda vários processos envolvidos no desenvolvimento de organismos, considerando a concepção, morfogênese e outros aspectos importantes para compreendermos o funcionamento desses organismos.

Na medicina, estudamos a embriologia humana. Essa ciência nos permite entender todo o mecanismo envolvido no desenvolvimento embrionário até o início da vida fetal.

Usamos o termo “embriologia clinicamente orientada” para entender o estudo dos embriões como um todo, verificando aspectos como a anatomia do desenvolvimento, fatores genéticos e defeitos congênitos.

Esse é um grande ramo do conhecimento e pode ser estudado no contexto de tecidos, órgãos ou sistemas bem específicos. 

Nesse contexto, o desenvolvimento humano a partir da fecundação até o parto é dividido em dois estágios principais: o embrionário e o fetal.

Conhecer a embriologia é um diferencial importante na construção do conhecimento sobre o corpo humano e as doenças congênitas estão relacionadas aos problemas embrionários.

Vem com a gente para entender a relevância desse saber em sua carreira!

O que é a disciplina de embriologia e qual a importância na faculdade de medicina?

A embriologia enquanto disciplina pode ter organizações diferentes conforme o currículo de cada faculdade. Em alguns, ela pode ser estudada como uma matéria principal ou como disciplina optativa do currículo.

Contudo, o fato de ser um componente optativo não significa que os conhecimentos da embriologia não serão aplicados durante o curso.

Alguns cursos incluem o saber da embriologia em associação com outras disciplinas do ciclo básico, como fisiologia humana e patologia. É possível estudar embriologia do sistema nervoso em qualquer uma dessas disciplinas, por exemplo.

Torna-se importante conhecer a embriologia porque o entendimento do desenvolvimento humano no tratamento de doenças como mal formações congênitas, pesquisas em medicina regenerativa e genética se apoiam nesse conhecimento.

A embriologia clinicamente orientada possibilita, ainda, um caminho que interliga o desenvolvimento pré-natal, a obstetrícia, a pediatria e a clínica no estudo de condições muito relevantes para a medicina.

Os defeitos congênitos são um dos carros chefes da embriologia e representam uma grande parte de óbitos durante o primeiro ano de vida. Assim, prever com antecedência esses defeitos pode representar intervenções precoces e condutas mais adequadas.

O estudo da embriologia inclui o uso de termos relativos à posição, direção e planos corporais, assim como na anatomia, na descrição de embriões e na observação de possíveis anomalias.

Relação entre anatomia e embriologia. Fonte: Moore et al, 2016.

Tópicos estudados na disciplina de embriologia

Concepção e Fertilização

Essas são etapas que preconizam obrigatoriamente todo o processo de desenvolvimento do embrião e desempenham um papel crucial no estudo da embriologia.

De forma resumida, compreendemos a concepção e a fertilização como processos embricados que ocorrem no momento que o óvulo é fertilizado por um espermatozoide, dando origem a um zigoto.

Esse processo ocorre nas trompas de Falópio e é importante conhecer o processo do ciclo menstrual para identificar o melhor período para que a concepção ocorra, além de compreender a fecundação e suas fases

A fertilização é organizada em etapas: capacitação dos espermatozóides, penetração do óvulo e fusão do núcleo – esse último resultando no zigoto diplóide.

Segmentação e Blastulação

A segmentação e a blastulação são os processos primários do desenvolvimento embrionário em si, após a fertilização.

Na segmentação, também chamada de clivagem, ocorre a divisão celular após a fecundação. Esse processo de divisão celular resulta nos blastômeros, que se dividem ainda mais e geram a blastulação.

Na blastulação existe a formação o blastocisto, uma célula formada por duas partes: a massa celular interna que irá gerar os tecidos embrionários, e o trofoblasto que irá gerar, em última instância, a placenta. 

Implantação

Na implantação pode ocorrer um sangramento resultante do extravasamento do tampão para a cavidade uterina que deriva das redes lacunares rombidas pelo blastocisto implantado.

Esse conhecimento é importante porque se esse sangramento for interpretado como menstrução, a data de previsão para o nascimento do bebê estará incorreta.

Gastrulação

Esse é o processo que marca o início da morfogênese e ocorre durante a terceira semana. Nesse estágio, o embrião é chamado de gástrula.

A gastrulação é muito importante por ser o processo em que as camadas germinativas serão formadas. O disco embrionário é transformado em disco embrionário trilaminar e ocorrem muitas alterações celulares para que esse processo ocorra.

No contexto biomolecular, existem várias proteínas morfogenéticas ósseas envolvidas nesse processo, assim como moléculas de sinalização como FGF e Shh (sonic hedgehog).

As camadas germinativas estão presentes em número de três e são as responsáveis pela formação de tecidos e órgãos específicos, além da orientação axial.

O mesoderma embrionário origina uma série de tecidos: músculos esqueléticos; músculos lisos das vísceras; revestimento seroso das cavidades corpóreas; maior parte do sistema cardiovascular, além de ductos e órgãos do sistema genital e excretor.

O mesoderma ainda gera as células sanguíneas e os revestimentos dos vasos sanguíneos e é responsável por todos os tecidos conjuntivos dos órgãos internos no tronco.

Endoderma, a camada média, é a que origina os revestimentos epiteliais do sistema respiratório e digestório, incluindo as glândulas e células glandulares associadas ao trato digestório.

O ectoderma embrionário origina a epiderme, o sistema nervoso central e periférico, os olhos e ouvidos internos, as células da crista neural e tecidos conjuntivos da cabeça.

Neurulação

Esse processo se completa durante a quarta semana e consiste na formação do tubo neural, que inclui a placa neural, as pregas neurais e os no fechamento dessas pregas. Quando finalizada, ocorre o fechamento do neuroporo caudal.

Alterações da neurulação podem ter como resultado vários defeitos congênitos gravíssimos do encéfalo e da medula espinhal. Os defeitos do tubo neural estão entre as anomalias congênitas que são mais comuns.

Desenvolvimento do sistema cardiovascular, do sistema nervoso e de órgãos e sistemas 

O sistema cardiovascular começa a ser desenvolvido por volta do 18º dia, quando os tubos endocárdicos do coração e aproximam e se fundem para formar um tubo cardíaco único.

O coração começa a bater a partir do 22º ou 23º dia e o fluxo sanguíneo se inicia na quarta semana. Esses batimentos podem ser percebidos pela ultrassonografia com doppler e é um importante marcador na avaliação da vida intrauterina.

O sistema nervoso tem um desenvolvimento mais precoce que o sistema cardiovascular e começa a ser desenvolvido na terceira semana, visto que a placa e o sulco neural já manifestam desenvolvimento no aspecto posterior do embrião trilaminar.

Cada órgão e sistema é desenvolvido em um período específico do desenvolvimento, como já vimos. Sendo assim, a irregularidade temporal pode indicar alteração ou anomalia presente e que merece atenção.

Morfogênese

A morfogênese é iniciada na gastrulação e compreende o desenvolvimento da forma do corpo. Essa etapa inclui diversos processos como a regulação gênica e várias estruturas como a vesícula umbilical e a cavidade amniótica, por exemplo.

O uso de álcool e outras substâncias podem alterar a morfogênese do embrião ou do feto, e por isso é importante orientar e acompanhar adequadamente todo o processo da gestação de perto. 

A caderina é essencial para a morfogênese embrionária devido sua atuação como reguladora da separação de camadas celulares, migração e diferenciação celular; além de atuar nas conexões sinápticas e nos cones de crescimento de neurônios.

Teratologia

A teratologia é um dos ramos da embriologia e da patologia. Ela se encarrega dos estudos relacionados às malformações, considerando a produção, anatomia, e a classificação de embriões e fetos.

As causas dos defeitos congênitos na teratologia estão divididas em três grupos principais:

  1. Fatores genéticos;
  2. Fatores ambientais;
  3. Herança multifatorial – que inclui a ação dos fatores genéticos combinados aos fatores ambientais.

Porém, cerca de 55% dos defeitos congênitos ainda tem causa desconhecida e nem todos tem uma importância médica significativa quando avaliado isoladamente, mas quase sempre podem indicar associação a defeitos maiores.

Como estudar para uma prova de embriologia?

Os livros de embriologia mais utilizados na medicina são:

  • “Embriologia Básica”, Keith L. Moore e T.V.N. Persaud;
  • “Embriologia Clínica”, Keith L. Moore, T.V.N. Persaud e Mark G. Torchia;
  • “Desenvolvimento Humano”, William J. Larsen;
  • “Atlas de Embriologia Humana”, Netter;
  • “Embriologia Clínica para Estudantes de Medicina”, Richard S. Snell.

O estudo da embriologia é geralmente orientado no contexto temporal por semanas de desenvolvimento (da primeira até à oitava), então iniciamos a compreensão sobre o período fetal (da nona semana até o parto).

A partir disso, o estudo passa a ter um enfoque específico em sistema e tecidos – o que inclui uma forte associação com conhecimentos da biologia celular e molecular, fisiologia e genética.

Organizar o estudo com base nesse segmento faz muita diferença no momento da aprendizagem.

Quais são os assuntos da embriologia mais cobrados em provas?

Durante a graduação, a forma como a embriologia será cobrada depende de como o currículo da sua faculdade está organizado. Se considerarmos importância dos conteúdos, podemos compreender que existem alguns assuntos prioritários.

São eles:

  1. Fertilização e desenvolvimento embrionário inicial, considerando os processos de concepção, fertilização, segmentação e blastulação;
  2. Diferenciação celular e gastrulação;
  3. Desenvolvimento dos órgãos e sistemas considerando o contexto temporal esperado na normalidade;
  4. As principais anomalias congênitas e suas implicações clínicas.

Uma dica importante para compreender a embriologia é associá-la com a perspectiva da clínica e da biologia. Correlacionar conteúdos é uma forma interessante para fixação do conteúdo.

Exemplos de questões de embriologia que podem aparecer na prova 

Trouxemos algumas questões para você treinar seus conhecimentos em embriologia. Confira abaixo:

Questões

Questão 1: Qual dos itens abaixo não correspondem a uma camada germinativa originada na gastrulação:

  1. Ectoderma
  2. Endoderma
  3. Mesoderma
  4. Linha primitiva

Questão 2: Em que período ocorre o desenvolvimento do embrião a partir do disco embrionário trilaminar?

  1. Primeira semana
  2. Segunda semana
  3. Terceira semana
  4. Quarta semana

Questão 3: Em que período ocorre a finalização do processo de neurulação?

  1. Início da segunda semana
  2. Final da quarta semana
  3. Final da quinta semana
  4. Terceira semana

Gabaritos

Gabarito da Questão 1: Letra D. A linha primitiva está envolvida na gastrulação, mas é apenas um sinal morfológico desse processo e não uma camada germinativa.

Gabarito da Questão 2: Letra C. Esse desenvolvimento na terceira semana é caracterizado pelo aparecimento da linha primitiva, diferenciação das três camadas germinativas e do desenvolvimento da notocorda.

Gabarito da Questão 3: Letra B. É esperado que o processo de neurulação esteja completo até o final da quarta semana, quando há o fechamento do neuroporo caudal.

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Referências bibliográficas

  • MOORE, K. et al. Embriologia clínica. 10. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
  • Moore, K. L., Persaud, T. V. N. Embriologia Básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2022. 893 p.
  • Larsen, W. J. Desenvolvimento Humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 5ª ed, 2016.
  • Netter, F. H. Atlas de Embriologia Humana. Elsevier, 2014. 288p.
  • Snell, R. S. Embriologia Clínica para Estudantes de Medicina. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2013.

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