Índice
Sabemos que existem inúmeras classificações na medicina e, com isso, uma certa dificuldade em compreender todas elas. Uma classificação importante e que você deve aprender o mais cedo possível é a Breast Image Reporting and Data System ou BI-RADS, que nada mais é do que a classificação que padroniza os laudos dos achados mamográficos, traduzindo-se como Sistema de Laudos e Registros de Dados de Imagens Mamárias.
Porque é tão importante conhecê-lo?
O câncer de mama é a segunda neoplasia mais comum em mulheres, sendo a primeira o câncer de pele. Além disso, é a primeira causa de morte por neoplasia em mulheres brasileiras. Seu rastreio é realizado através da mamografia, podendo ser utilizado também a ultrassonografia e a ressonância magnética em associação. Portanto, é muito importante padronizar os laudos médicos, a fim de evitar confusões, melhorar a qualidade dos laudos, a eficácia do programa de rastreamento e facilitar a escolha da conduta.
Mas o que é o BI-RADS?
O BI-RADS é uma classificação padrão importante utilizada no Brasil e criada pelo Colégio Americano de Radiologia, em 1992, que visa facilitar o entendimento do médico quanto ao laudo, orientando a gravidade dos achados e a conduta preconizada. Ele é dividido em 7 categorias, que vão de 0 a 6, no qual cada categoria possui um risco diferente para o câncer de mama. Assim, ele funciona como um guia de interpretação de imagens mamográficas que tem por finalidade evitar interpretações ambíguas.
Como avaliar o tecido mamário?
O tecido mamário possui tecidos de ecogenicidades distintas que variam com a idade e fatores hormonais. O parênquima composto pelo tecido fibroglandular, os ligamentos de Cooper e o estroma possuem padrão hipoecogênico ou ecogênico, enquanto o tecido adiposo se apresenta isoecogênico.
É importante lembrar que quanto maior a densidade mamária, menor a sensibilidade da mamografia. Há uma tendência natural de redução da densidade mamária conforme o avanço da idade. Portanto, mulheres jovens geralmente possuem mamas mais densas. Segundo o BI-RADS, as mamas podem ser classificadas, segundo sua densidade, como:
- Mamas com predomínio de tecido adiposo: composição menor que 25% de tecido fibroglandular
- Mamas com densidades fibroglandulares esparsas: composição de 25% a 50% de tecido fibroglandular
- Mamas heterogeneamente densas: composição de 51% a 75% de tecido fibroglandular
- Mamas densas: composição maior que 75% de tecido fibroglandular
O que é levado em consideração ao classificar o tumor?
Para chegar às conclusões de quais são os achados malignos, é levado em conta certas características como o formato, a orientação da lesão em relação à pele, as margens da lesão, os limites, o padrão de ecogenicidade, a presença ou ausência de efeito acústico posterior (reforço acústico, sombra acústica ou padrão combinado) e alterações do tecido circunjacente, que aumentam consideravelmente a acurácia diagnóstica. Formatos irregulares, arredondados, orientações da lesão não paralelas à linha da pele e margens não circunscritas são importantes achados de malignidade.
Desse modo, achados como formato oval, orientação da lesão paralela à linha da pele e margens circunscritas ou regulares são sinais de benignidade. Durante o exame, são analisados todos os quadrantes.
É importante lembrar que o BI-RADS não leva em consideração fatores de risco importantes como idade avançada, fatores endócrinos, história reprodutiva, fatores comportamentais e ambientais, fatores genéticos ou hereditários, histórico familiar importante de parentes próximos com câncer de mama, exame histopatológico passado com lesões atípicas, entre outros fatores relevantes na anamnese.

Como o laudo é realizado?
O laudo é realizado em quatro fases: a fase clínica, que constitui a anamnese e o exame físico; a fase descritiva, na qual se descreve a lesão utilizando o léxico do BI-RADS; a fase diagnóstica, em que se conclui o diagnóstico com base nas categorias do BI-RADS; e a fase de recomendação de conduta conforme a categoria em que se incluiu o tumor.
Quais são as categorias?
- Categoria 0: inclui imagens consideradas incompletas, nas quais são necessários exames adicionais ou anteriores a fim de comparar com o exame atual, para, assim, chegar a alguma conclusão.
- Categoria 1: são incluídas imagens em que nenhuma lesão é encontrada. Sendo assim, com o exame normal, a paciente continua com o seguimento de rotina, ou seja, a mamografia de rastreio anual a partir dos 40 anos.
- Categoria 2: são encontrados achados benignos, como implantes mamários, cistos simples, fibroadenomas sem modificações, entre outros. Portanto, a conduta é o seguimento de rotina.
- Categoria 3: são incluídos achados provavelmente benignos, como microcistos agrupados ou nódulo oval com margens circunscritas e orientação paralela à pele. A conduta indicada nessa categoria é o seguimento de controle em 6, 12, 24 e 36 meses.
- Categoria 4: aqui, estão as imagens com achados suspeitos de malignidade, como microcalcificações pleomórficas agrupadas. A conduta indicada é a biópsia.
- Categoria 5: inclui-se achado altamente sugestivo de malignidade. A biópsia é a conduta, uma vez que a probabilidade de malignidade é muito alta.
- Categoria 6: incluem-se as imagens adquiridas nas quais a malignidade já havia sido comprovada anteriormente por biópsia, por exemplo, na necessidade de reavaliar o tumor após sessões de quimioterapia.
Autor: Gabriela de Almeida Cardoso
Instagram: @gabsdealmeida
Confira o vídeo:
