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Escoliose idiopática juvenil | Colunistas

Escoliose idiopática juvenil | Colunistas

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Imagem de perfil de Comunidade Sanar

Também chamada de Escoliose Idiopática Adolescente (EIA), trata-se de uma curvatura lateral estruturada da coluna vertebral, presente na faixa etária de 10 a 18 anos, de causa desconhecida. Sendo possível visualizar que as curvas de menor magnitude são semelhantes em ambos os sexos, e as curvas de maior magnitude predominam no sexo feminino. As chances de progressão da patologia dependem das características da curva, de seu critério de classificação (que são 5 ou 10 graus), do potencial de crescimento do paciente (relacionado com a idade do paciente no momento do diagnóstico e puberdade) e de fatores específicos da curvatura (padrão, magnitude e localização). 

FISIOPATOLOGIA

A maioria das curvaturas são convexas para a direita na região torácica e para esquerda na região lombar, de modo que o ombro direito fica mais elevado que o esquerdo. A curva é mais pronunciada quando os pacientes se curvam para frente. Consequentemente quanto maior a curva, maior é a probabilidade de progressão após a maturação esquelética do jovem. Por isso, curvas maiores que 10 graus são consideradas significativas, com a possibilidade de intervenções cirúrgicas serem necessárias.

A Escoliose Idiopática Juvenil pode ser classificada em: 

  • Curvatura Significativa: de 10 a 20 graus.
  • Curvatura Moderada: de 20 a 40 graus. 
  • Curvatura Grave: acima de 40 graus.

DIAGNÓSTICO

O primeiro sinal da patologia geralmente é a visualização de um ombro mais elevado do que o outro e quando roupas não ficam alinhadas corretamente. Sendo assim, durante um exame físico de rotina, o médico pode ter outros achados como uma discrepância aparente do comprimento dos membros inferiores e uma assimetria da parede torácica. Dentre seus sintomas, são relatados cansaço na região lombar após os jovens permanecerem sentados ou em posição ortostática durante tempo prolongado e dores musculares no dorso em áreas de tensão (como o ângulo lombossacral). 

Quanto aos exames complementares, o Raio X de coluna é o exame padrão ouro para o diagnóstico de Escoliose Idiopática Juvenil, logo devem conter incidências anteroposterior e lateral da coluna. O Método de Cobb é método radiográfico é muito utilizado para o diagnóstico, para se quantificar a curvatura em graus (onde traçam-se duas linhas na radiografia póstero-anterior da coluna vertebral, uma que se estende do topo da vértebra superior mais inclinada e outra da base da vértebra inferior mais inclinada, o ângulo formado por essas linhas é o Ângulo de Cobb).

Além disso, segundo a literatura, fatores genéticos contribuem com cerca de um terço do risco de desenvolvimento da doença (mutações nos genes CHD7 e MATN1 foram aplicadas em alguns casos). 

COMPLICAÇÕES

Estudos elucidaram uma certa relação entre funções pulmonares alteradas e a gravidade da deformidade decorrente da coluna vertebral, visualizados com maior frequência quando o valor angular da curvatura se apresenta maior que 75 graus. Entretanto, sabe-se que outros fatores além da Escoliose podem estar contribuindo para essas complicações pulmonares, como o fato de a patologia associada à coluna impedir que os indivíduos afetados realizem atividade física, logo ocorre um crônico e progressivo enfraquecimento da musculatura contribuindo para um déficit cardiorrespiratório (devido à correlação entre os três sistemas respiratório, muscular e cardíaco). 

É possível visualizar uma Gibosidade nos jovens diagnosticados, ou seja, uma proeminência dorsal causada pela rotação das costelas na região torácica e dos processos transversos na região lombar, que geralmente causam queixas estéticas (podendo ocorrer o surgimento de efeitos psicológicos e sociais, devido à constrangimentos e descontentamentos de baixa autoestima).

Quanto a taxa de mortalidade, os pacientes portadores de Escoliose Idiopática Juvenil apresentam a mesma taxa da população normal, enquanto os adultos acima de 40 anos portadores de Escoliose Torácica apresentam uma taxa de mortalidade maior (associado à cor pulmonale). 

FATORES PRECIPITANTES E SIGNIFICATIVOS

Apesar de se tratar de uma patologia idiopática, podem certamente existir fatores precipitantes ao evento (chamados fatores de risco quando em outras doenças), comumente presentes na rotina dos jovens acometidos.

  • Uso de mochilas pesadas ou com formatos inadequados, apesar de não existirem evidências científicas significativas, pode contribuir com maior prejuízo de caso clínico para crianças que já apresentam Escoliose Idiopática. Sendo assim, existe uma recomendação para que essas crianças limitem o peso das mochilas em até 10% de seu peso corporal e usem de maneira simétrica (com apoio em ambos os ombros). 
  • Estudos recentes indicam que a prática de atividades físicas (como ballet e natação a nível profissional), principalmente quando iniciados antes dos 7 anos de idade, com frequência e duração aumentadas dos treinos estão associadas ao desenvolvimento da Escoliose. Outros esportes, e a prática de atividades físicas em níveis habituais (ou seja, treinamento não profissional) não aumentam o risco da doença. 
  • É visto em estudos o aumento no número de dores lombares em pacientes do gênero feminino no período em que se aproximam da menarca. 

TRATAMENTO

O tratamento se dá por Fisioterapia e suporte, além de algumas vezes ser necessária a intervenção cirúrgica (fusão espinal com barra de correção). O encaminhamento imediato ao Médico Ortopedista é indicado quando a progressão do processo é preocupante e de curva significativa ou grave (em relação aos graus) – lembrando que a probabilidade de progressão é maior perto da puberdade. Desta forma, curvas consideradas moderadas têm tratamento conservador para prevenir deformidades futuras. 

AUTORA: Emily S. Silveira

INSTAGRAM: @emyslvr https://instagram.com/emyslvr?utm_medium=copy_link


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


REFERÊNCIAS