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O objetivo deste post é apresentar o escore de Tisdale que avalia o risco de prolongamento do intervalo QT em pacientes hospitalizados, que pode auxiliar na monitorização e na decisão terapêutica, elaborado por Dr. James E. Tisdale em 2013.
Nos atuais tempos de pandemia da COVID-19, a polêmica combinação de certos fármacos (Azitromicina e Hidroxicloroquina por exemplo) levou os assistentes e profissionais de saúde a terem mais atenção em um parâmetro pouco lembrado na eletrocardiografia: o intervalo QT. Esse tem grande importância visto que certas alterações podem estar correlacionadas a arritmias, como por exemplo o prolongamento deste intervalo e a Torsades de Pointes.
Quais são as variáveis do escore de Tisdale e suas respectivas pontuações?
Tabela abaixo adaptada de: Tisdale JE, et al. Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2013 Jul;6(4):479-87

E como interpretar o escore final?
Escore ≤ 6 pontos: Baixo risco para prolongamento do intervalo QT. Mas sempre considerar que um alto risco pode se desenvolver dependendo da evolução clínica do paciente ou mesmo da interação medicamentosa dos fármacos.
Escore entre 7 e 10 pontos: Moderado risco para prolongamento do intervalo QT. Considerar corrigir os fatores de risco sempre que possível (Ex: Distúrbios hidroeletrolíticos). É sugerido repetir eletrocardiograma após 5 meias-vidas da droga que prolonga o intervalo.
Escore ≥ 11 pontos: Alto risco para prolongamento do intervalo QT. Considerar corrigir fatores de risco, usar drogas alternativas se possível e repetir ECG após 5 meias-vidas da droga que prolonga o intervalo QT.
Quais os fármacos que prolongam o intervalo QT?
Antiarrítmicos: Amiodarona, Procainamida e Sotalol;
Antimicrobianos: Macrolídeos (Azitromicina, Claritromicina…), Quinolonas (Ciprofloxacino, Levofloxacino…) e Pentamidina;
Antifúngicos: Itraconazol, Voriconazol, Fluconazol;
Antipsicóticos: Haloperidol, Risperidona, Clorpromazina;
Outros: Hidroxicloroquina, Metadona e alguns antidepressivos.
Considerações finais do escore de Tisdale
Esse escore tem uma Sensibilidade de 74%, Especificidade de 77%, Valor Preditivo Positivo de 79% e Valor Preditivo Negativo de 76% para os pacientes que se enquadram no grupo de alto risco. Na validação do escore, as incidências do prolongamento significativo do intervalo QTc (≥ 500 ms ou ≥ 60 ms do basal) foi de 15% no grupo de baixo risco, 37% no grupo de moderado risco e 73% no grupo de alto risco. Assim, o uso do escore pode ser útil para a monitorização do paciente e auxiliar nas decisões clínicas.
Vale ressaltar que, embora não presente no escore, outros fatores que também interferem no intervalo QT não devem ser ignorados, como por exemplo a hipomagnesemia ou a hipocalcemia. Ademais, o escore também não considera o ajuste de dose para pacientes com disfunção renal ou mesmo as interações medicamentosas.
Segue abaixo algumas referências e textos complementares:.
Até a próxima!
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Autor: Gabriel Martinez, Estudante de Medicina.
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