No primeiro artigo da nossa série falamos sobre a regra 50-30-20 para separação e classificação das despesas pessoais, se você ainda não leu eu te encorajo a dar um passo atrás e ler para ampliar o seu entendimento do que iremos falar agora.
Sabe aquela famosa frase de William Thomson: “Aquilo que não se pode medir, não se pode melhorar”? É exatamente essa máxima que vamos usar em relação a sua gestão financeira, é preciso medir o seu desempenho e acompanhar a sua evolução. Para medir vamos separar os gastos em Despesas Fixas, Estilo de Vida e Investimentos, e atribuir um teto de gastos para cada um deles.
Mais uma vez vamos insistir no EQUILÍBRIO. É preciso bom senso na hora de fazer uma planejamento financeiro. Eu já vi dicas do tipo: cole uma foto dos seus filhos no cartão de crédito, só ande com notas de grande valor na carteira, ao ir passear no shopping deixe a carteira no carro, dentre outras excentricidades.
Não adianta adotar medidas paliativas como as citadas, nem impor metas demasiadamente ousadas. Ninguém consegue passar por restrições voluntariamente por um longo período de tempo. Sendo assim não vamos ser rigorosos demais, encare sua vida financeira como uma maratona e não uma corrida de 100 metros.
Dentro de cada um dos grupos você vai atribuir um teto de gastos de modo a não superar o percentual limite proposto. Por exemplo, 30% da sua receita será destinado ao estilo de vida, você não deve gastar todo esse percentual com um único item, como Bares e Restaurantes, é preciso distribuí-lo dentro de todo o grupo.
Se em um mês você precisar ou quiser fazer uma comemoração especial, não tem problemas, aumente a margem para essa despesa reduzindo a margem de alguma outra.
É bem comum, nos meus processos de consultoria, o cliente não conseguir inicialmente se enquadrar na regra. Duas coisas são fundamentais nesse caso, a primeira é saber que será preciso algum sacrifício, lembrando da máxima – SACRIFÍCIOS PRESENTES FINANCIAM BENEFÍCIOS FUTUROS – e se não for possível iniciar o planejamento respeitando os percentuais, que seja estabelecida um prazo para adequação até que se chegue ao percentual proposto.
Agora como fazer o gerenciamento mensal disso? Planilhas de Excel, aplicativos, papel e caneta, planners? Tanto faz, use o que for mais funcional para você. Eu já utilizei planilhas, fazendo a atualização diariamente a noite, depois testei alguns aplicativos e funcionaram melhor para mim, por isso vou compartilhar com você os melhores de acordo com a minha opinião.
Guiabolso
O aplicativo guiabolso atua integrado com a sua conta bancária, de forma que todos os seus gastos são automaticamente lançados no aplicativo e o seu trabalho é apenas classifica-los, de forma que no final do mês você terá um relatório de todas as suas despesas gerado de forma automática. Você pode também criar metas, categorizar as despesas, adicionar lembretes de vencimentos para não esquecer de pagar as contas. E tudo isso é gratuito.
Organizze
O aplicativo organizze faz tudo exatamente igual ao Guiabolso com a diferença que não há sincronização automática com a sua conta bancária, ou seja, você precisa fazer o lançamento manualmente, o que pode irá exigir um pouco mais de disciplina da sua parte.
Money Pro
O money esse é sem dúvidas o mais completo, te permite maior flexibilidade na hora de categorizar suas receitas e despesas, emite relatórios mais detalhados, te permite criar vários perfis, você pode anexar notas fiscais, possui diferentes filtros que facilitam o entendimento e a procura dentro do aplicativo e você pode cadastrar mais de uma conta. A sincronização automática com sua conta bancária é permitida apenas na versão paga.
Eu utilizo o Guiabolso, por ele ser mais simples, permitir a sincronização automática com a conta corrente, e ser gratuito. Se você é do tipo que não confia muito em ceder seus dados bancários para um aplicativo o Organizze é uma boa opção, ou se o seu perfil é detalhista e não se importa de gastar um pouco desde que tenha o retorno que deseja, invista no Money Pro, mas lembre-se que esse gasto entra nos 30% destinados ao Estilo de Vida.
Mais algumas dicas importantes: feito é melhor do que perfeito, apesar de não concordar com essa máxima em todos os casos, para a nossa discussão em questão ela se aplica bem. Não é por que você deixou de categorizar um gasto que vai largar todo o planejamento, ou por que excedeu o percentual de uma categoria que irá desistir. Afinal quando estamos andando desatentos pela rua e pisamos em uma possa d’água não voltamos a ela e mergulhamos de cabeça por já ter molhado os pés, por que jogaríamos todo o planejamento fora por ter cometido um erro pontual?
No início procure categorizar os seus gastos diariamente, assim você cria o habito de controlar suas finanças, e saberá exatamente onde está colocando seu rico dinheirinho. Com o passar dos meses isso já fica natural, e se você pular dois ou três dias não estará pondo em risco o planejamento mensal.
Agora que já falamos sobre a regra 50-30-20, sobre como classificar e controlar suas despesas está na hora de falarmos sobre os 20% destinados aos investimentos. Por onde começar? É sobre isso que falaremos na próxima coluna.
Autor – Felipe Merotto
Consultor e Planejador Financeiro, com tripla certificação Internacional (Harvard Business School, Pacific Universit, Dalle Carnegie Institute), sócio da Merotto Consultoria, empresa especializada na elaboração de planejamento financeiro que conta hoje com mais de mil clientes.
Instagram – @lfmerotto / @merottoconsultoria
O texto acima é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
