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Um estudo baiano utilizou própolis como opção terapêutica adjuvante no tratamento da COVID-19 em pacientes hospitalizados. O estudo foi realizado no Hospital São Rafael, em Salvador. O própolis é um produto natural, reconhecido como possuidor de propriedades anti-inflamatórias, imunorreguladoras e antivirais.
O estudo teve o objetivo de avaliar a eficácia e segurança do uso de uma substância padronizada de própolis como tratamento adjuvante contra pacientes infectados pelo novo coronavírus.
No post de hoje buscaremos resumir os principais pontos do artigo, que ainda se encontra na sua forma preprint, mas que já traz resultados interessantes.
Randomização do estudo
O estudo foi do tipo randomizado e controlado, num único centro, e os pacientes foram divididos em três grupos. No primeiro deles, composto por 40 pacientes, estes receberam dose diária de 400 mg oral da substância padronizada de própolis.
No segundo grupo, composto por 42 pacientes, a dose diária foi de 800mg, e no terceiro grupo, 42 pacientes receberam apenas o tratamento padrão.
O tempo de tratamento para o grupo que recebeu tratamento adjutante com própolis foi de 7 dias. Além disso, todos os pacientes receberam os cuidados necessários de acordo com o critério médico e a necessidade individual de cada paciente.
Quais desfechos analisados
Os desfechos analisados pelo estudo foram:
- Desfecho primário: tempo de melhora clínica, medido pela duração da hospitalização ou pela dependência de oxigênio;
- Desfechos secundários: Injúria renal aguda, necessidade de cuidados em unidade intensiva ou uso de drogas vasoativas.
Resultados
Os pacientes que receberam apenas o tratamento padrão ficaram, em média, 12 dias internados. Este tempo foi significativamente menor para os pacientes que receberam própolis adjuvante:
- Em média 7 dias para os pacientes que receberam a menor dose (400mg/dia);
- Em média 6 dias para os pacientes que receberam a maior dose (800mg/dia);
Quando considerada a necessidade de oxigênio, o grupo que recebeu própolis não se beneficiou com alguma mudança significativa.
No grupo de maior dose, houve menos pacientes com desenvolvimento de injúria renal aguda, quando comparado ao grupo controle (incidência de 4,8% no grupo de maior dose versus 23,8% no grupo controle).
Em todos os demais desfechos secundários, o estudo não encontrou diferenças estatísticas significativas.
Quanto à segurança do própolis, não foram observados eventos adversos relacionados ao seu uso, e nenhum paciente teve o tratamento descontinuado devido a efeitos colaterais.
Conclusão
Um dos primeiros pontos que chamam a atenção no estudo analisado é que houve redução significativa do tempo de internação em ambos grupos que receberam própolis como tratamento adjuvante.
Outro achado significante foi a menor incidência de injúria renal aguda nos casos tratados com a maior dose do própolis.
O estudo possui algumas limitações, como o fato de não ser duplamente cego, e o número limitado da amostra.
Porém, diante do contexto de necessidade urgente de um tratamento eficaz contra a COVID-19, o própolis pode ser considerado no tratamento adjuvante e mais estudos testando-o devem ser realizados para provar o seu benefício no tratamento da COVID-19.
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