Coronavírus

Estudo propõe teste de vacinas contra coronavírus em cobaias humanos

Estudo propõe teste de vacinas contra coronavírus em cobaias humanos

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Até que um medicamento ou vacina chegue à população, é preciso uma série de etapas. Uma dessas fases, geralmente a mais demorada, é o teste em humanos, no qual uma parte recebe o medicamento e outra parte recebe um placebo, para servir de base de comparação. O estudo “Human challenge studies to accelerate coronavirus vaccine licensure” propõe que o teste de vacinas contra o novo coronavírus seja feito em cobaias humanos de uma só vez.

A sugestão é dos pesquisadores Nir Eyal (Rutgers University), Marc Lipsitch (Harvard School of Public Health) e Peter G. Smith (London School of Hygiene & Tropical Medicine). Segundo eles, estudos controlados que incluem exposição deliberada de humanos à doença devem ser uma forma de aceitável de acelerar testes e licenciamento de vacinas eficazes, num contexto de pandemia global como o causado pelo novo coronavírus.

Como seria o teste

De acordo com o estudo publicado no The Journal of Infectious Diseases, seriam comparadas diferentes vacinas de uma só vez em diferentes grupos. Destes, um receberia o placebo. Após inocular a vacina nos voluntários, eles seriam expostos ao novo coronavírus.

Os participantes seriam cuidadosamente monitorados quanto aos efeitos adversos no pós-vacinação. A partir de então, o estudo retoma ao método padrão de licenciamento de vacinas, com estudos adicionais de pós-aprovação para avaliar a segurança e a eficácia no uso rotineiro, além de estudos de dosagem e segurança em grupos especiais, como crianças e gestantes.

Quem seriam os voluntários

O grupo-alvo para ser cobaia desse experimento deve ser pessoas não infectadas com a Covid-19, com idade entre 20 e 45 anos. A faixa etária é importante, por ser aquela que possui o menor risco de morte ou complicações graves após a infecção.

Os participantes também precisam ser saudáveis. Por isso os pesquisadores consideram não dar qualquer recompensa em troca da participação no estudo, como é comum em pesquisas científicas com seres humanos. Caso recebessem algo em troca, os voluntários poderiam esconder pré-condições de saúde que potencializariam o risco quando em contato com o vírus.

Eficácia do método

Os pesquisadores elaboraram seis argumentos para justificar a eficácia do uso de cobaias humanos nos testes de vacinas contra o novo coronavírus. São eles:

  1. O estudo recrutará apenas pacientes saudáveis ​​de faixas etárias em que o risco de doença grave e morte após a infecção por SARS-CoV-2 é baixo;
  2. Existe a possibilidade de a vacina proteger pelo menos alguns dos que são vacinados;
  3. Na ausência de uma vacina eficaz, é provável que uma alta proporção da população em geral seja naturalmente infectada com SARS-CoV-2 em algum momento, incluindo aqueles que podem participar de um estudo de desafio. Ao se voluntariar para serem infectados artificialmente, eles podem estar apenas apressando um evento que provavelmente ocorrerá nos meses seguintes;
  4. Somente pessoas com um risco especialmente alto de serem expostas durante ou logo após o período do teste devem ser recrutadas, por exemplo, pessoas residentes em áreas com altas taxas de transmissão;
  5. Os participantes seriam monitorados com cuidado e frequência após o desafio, e terão o melhor atendimento disponível, se necessário – por exemplo, acesso garantido às instalações de última geração do sistema de saúde, apesar da possibilidade de escassez severa de assistência médica durante a pandemia;
  6. Enquanto os candidatos à vacina estão sendo testados, algumas terapias podem ser aprovadas, o que pode reduzir ainda mais o risco de mortalidade dos participantes.

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