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Estudo revela envolvimento do coração em pacientes recuperados da COVID-19

Estudo revela envolvimento do coração em pacientes recuperados da COVID-19

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Neste post falaremos sobre o envolvimento do coração em pacientes recuperados da COVID-19. Nos basearemos em um estudo realizado na cidade de Wuhan, em um centro médico acadêmico. 

Já falamos sobre o tema aqui anteriormente, mas o foco deste estudo é com uma população diferente, portanto vamos analisar os achados encontrados. 

Como o estudo foi realizado?

O objetivo do estudo consistia em analisar achados cardiovasculares em pacientes que apresentaram sintomas cardíacos após recuperação da COVID-19.

Para a pesquisa dos achados, utilizou-se imagens de ressonância magnética cardíaca (RMC).

O estudo recrutava pacientes que, após alta hospitalar, apresentavam sintomas cardíacos.

Não poderiam ser incluídos no estudo pacientes com doença coronariana arterial ou miocardite prévios. 

Para servir de controle, foram incluídos de forma retrospectiva pacientes pareados por idade e sexo. 

Caracterização da amostra

Um total de 26 pacientes participaram do estudo. Destes, 38% pertenciam ao sexo masculino. A média de idade foi de 38 anos e 8% dos pacientes tinham diagnóstico de hipertensão crônica. 

No grupo dos controles foram incluídos 20 participantes. A maioria dos pacientes incluídos tiveram necessidade de uso de oxigênio durante a hospitalização (81% deles).

Todos pacientes tiveram os níveis de troponina medidos antes da realização da RMC. 

Nenhum paciente apresentou nível alterado de troponina prévio à realização do exame, que foi realizado numa média de 47 dias após início dos sintomas cardíacos. 

Quais foram os resultados apresentados pelo estudo?

O sintoma cardíaco mais comum foi a palpitação. Em 54% dos pacientes, a RMC evidenciou presença de edema do miocárdio, envolvendo 33% do segmento miocárdico. 

Já no realce tardio com gadolínio, estave presente em 8/26 pacientes (31%), acometendo a parede média e distribuições subepicárdicas lineares focais, envolvendo 4% dos segmentos miocárdicos.

O realce tardio miocárdico pode indicar a presença de fibrose, edema ou inflamação local. 

Quanto à fração de ejeção, pacientes com alterações na RMC tinham fração de ejeção média ventricular direita menor, quando comparados com os controles saudáveis (46,1%, p = 0.01).

Conclusões do estudo de envolvimento do coração pós covid-19

No estudo que resumimos acima, os achados de RMC de pacientes com sintomas cardíacos pós recuperação da COVID-19 incluíram:

  • Edema do miocárdio.
  • Realce tardio miocárdico.
  • Disfunção sistólica do ventrículo direito. 

Os autores do estudo sugerem que doença pulmonar residual pode ter sido a causa dos sintomas cardíacos destes pacientes.

O pequeno número amostral e falta de seguimento longitudinal não permitem que conclusões mais assertivas sejam extraídas do estudo.

Porém este é mais um estudo que aponta sequelas da COVID-19 em pacientes recuperados, apontando para a necessidade de estudos de seguimento dos pacientes. 

Apenas no futuro poderemos entender, de forma mais abrangente, qual envolvimento do coração em pacientes recuperados da COVID-19.

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Referências

Cardiac Involvement in Patients Recovered From COVID-19 Using CMR – American College of Cardiology