A agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos FDA (sigla para Food and Drug Administration) autorizou na última terça-feira (9) o uso emergencial de um tratamento com um combinado de anticorpos monoclonais para pacientes leves ou moderados de COVID-19 com risco de evoluir para estado grave.
Desenvolvido pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly, o tratamento consiste no uso de um coquetel com os anticorpos bamlanivimab e etesevimab, que se unem a uma proteína do SARS-CoV-2 para evitar que o patógeno invada as células humanas.
No fim de janeiro, um estudo de fase 3 ainda não revisado por pares mostrou que a terapia conseguiu reduzir em 70% hospitalizações e mortes pelo novo coronavírus em pacientes idosos de alto risco.
Como descreve o G1, a FDA autorizou a aplicação do coquetel antiviral em pacientes com COVID-19 com mais de 12 anos e acima de 40 kg que estejam em situação de risco elevado de evolução para um caso grave. Pacientes internados ou que façam uso de oxigênio não estão autorizados a usar o tratamento.
“Os dados que sustentam essa autorização emergencial se somam às novas evidências que apontam para uma utilidade clínica de anticorpos neutralizantes para o tratamento da COVID-19 em determinados pacientes”, afirmou, em comunicado oficial, a diretora do Centro de Avaliação e Pesquisa de Medicamentos da FDA, Patrizia Cavazzoni.
Após a liberação, a farmacêutica Eli Lilly anunciou que pretende fabricar até 1 milhão de doses do antiviral até meados deste ano.
Tratamento promissor
Em novembro de 2020, a FDA já havia aprovado em caráter emergencial uma terapia com anticorpos monoclonais que havia sido aplicada no então presidente Donald Trump, que testou positivo para o novo coronavírus no início de outubro.
Anticorpos monoclonais são proteínas feitas em laboratório que imitam a capacidade do sistema imunológico humano em lutar contra patógenos como o coronavírus, explica o G1. As duas moléculas autorizadas pela FDA agem especificamente na proteína spike do SARS-CoV-2, impedindo que elas se integrem às células humanas.
Especialistas já deram parecer positivo para o tratamento. “Esta classe de tratamento pode ser usada tanto para prevenir como para tratar a doença”, disse Nick Cammack, chefe da iniciativa COVID-19 Therapeutics Accelerator, da organização beneficente britânica Wellcome.
Já a professora de imunologia da Universidade de Edimburgo, Eleanor Riley, enfatizou que os tratamentos com anticorpos podem ser complementares às vacinas. “Sempre haverá uma pequena parte da população que não pode ser vacinada ou não responde bem à vacinação devido a condições de saúde subjacentes”.