Extremos de idade: os transtornos mentais na infância

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Este material sobre extremos de idade, como visto na aula, enfatizará os transtornos psiquiátricos que ocorrem na infância com foco nos transtornos do neurodesenvolvimento.

Serão abordadas também peculiaridades dos transtornos de humor, alimentares e esquizofrenia quando estes ocorrem na infância, pois o aprofundamentos de tais transtornos, como dito na aula, foi enfatizado em aulas e super materiais específicos no módulo de psiquiatria.

Extremos de Idade: Transtornos Mentais do Neurodesenvolvimento

Este grupo de transtornos se inicia no período do desenvolvimento da pessoa, portanto, têm suas manifestações na infância e principalmente antes das mesmas ingressarem na escola, levando a déficits no desenvolvimento e gerando prejuízos no funcionamento pessoal, social, e muitas vezes com impacto futuro no funcionamento acadêmico e profissional.

Alguns transtornos caracterizam-se por sintomas tanto de excesso quanto de déficits no desenvolvimento esperado. Além disso, vale ressaltar que é comum a ocorrência de mais de um transtorno do neurodesenvolvimento concomitante, o que caracteriza a presença de um transtorno comórbido. 

Além disso, apesar da semelhança entre os quadros e dificuldade de avaliação a depender da idade da criança, diante de cada suspeita é importante identificar se a condição da criança poderia ser mais bem explicada por outro transtorno do neurodesenvolvimento observando os critérios diagnósticos específicos para tentar se aproximar mais de um diagnóstico.

E ainda, é fundamental investigar com os responsáveis se as queixas relatadas dizem respeito a comparação com outras crianças do convívio que podem estar em estágios do desenvolvimento diferentes, assim como é importante observar se há relato de violências ou traumas que expliquem os comportamentos da criança fazendo parecer ser um transtorno do neurodesenvolvimento.

Extremos de Idade: Transtorno do desenvolvimento intelectual

Este transtorno, também chamado de deficiência intelectual, tem causas diversas, desde fatores genéticos (variações genéticas, problemas cromossômicos) até fatores ambientais (relacionados ao uso de álcool e drogas no período de formação fetal e outros aspectos envolvendo a gestação, o parto, e pós-natais como infecções/traumas/isquemias cerebrais), que levam a um conjunto de deficiências intelectuais e adaptativas que se manifestam antes dos 18 anos.

O desempenho intelectual envolve raciocínio, solução de problemas, aprendizagem acadêmica, planejamento, etc. Enquanto que o desempenho adaptativo está relacionado com o desenvolvimento de independência e responsabilidade pessoal, bem como de habilidades práticas.

Este funcionamento adaptativo é dividido em 3 domínios: conceitual (acadêmico), relativo a competências de memória/linguagem/leitura/escrita dentre outros; social, que envolve habilidades de comunicação interpessoal/empatia/percepção de sentimentos; e o prático, que envolve cuidados pessoais/controle financeiro/responsabilidade profissional/autocontrole comportamental dentre outros.

Estes prejuízos na função adaptativa devem ser avaliados conforme gênero, idade e aspectos socioculturais.

 O quociente de inteligência (QI) mensura o funcionamento intelectual, mas pode ser um escore insuficiente para avaliação do raciocínio em situações cotidianas e domínio de tarefas práticas, pois, por exemplo, uma pessoa com QI > 70 pode ter um comprometimento tão pronunciado das suas funções adaptativas que seu funcionamento cotidiano pode se assemelhar ao de uma pessoa com QI mais baixo.

Imagem de um quadro que contêm informações sobre os Critérios Diagnósticos para Transtorno do Desenvolvimento Intelectual.

Imagem: Critérios Diagnósticos para Transtorno do Desenvolvimento Intelectual. Fonte: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, 2014).

Com isso, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª edição (DSM-V) não se utiliza do QI para determinar o nível de gravidade da deficiência intelectual, classificando a gravidade com base em critérios da função adaptativa (domínio conceitual, prático e social) em: leve, moderada, grave e profunda.

Estes critérios de gravidade estão detalhados no DSM-V, mas a princípio, como vimos na aula, vamos nos atentar ao diagnóstico geral deste transtorno. Aproximadamente 85% das pessoas têm deficiência intelectual leve o que dificulta inclusive o diagnóstico durante a infância antes da 1 ou 2ª série, que é quando aumentam as demandas acadêmicas, no entanto, apesar de dificuldade em acompanhar as habilidades acadêmicas esperadas para sua idade, muitos tornam-se adultos que vivem de forma independente.

Antes de orientar o tratamento, deve-se avaliar as necessidades sociais, ambientais, educacionais e psiquiátricas da criança e sua família. Além disso, como crianças com deficiência intelectual costumam ter transtornos psiquiátricos comórbidos ou até mesmo doenças clínicas que devem também ser manejadas, o tratamento deve ser direcionado com tratamentos específicos para cada condição de saúde e comorbidades, sempre oferecendo suporte psicossocial.

A abordagem terapêutica vai desde intervenções educacionais em instituições voltadas para acolher crianças com deficiência intelectual que auxiliam no treinamento das habilidades acadêmicas e adaptativas, até a terapia cognitiva comportamental (TCC) e terapia familiar.

Inclusive, a educação familiar é um momento importante da consulta médica, explicando um pouco para as famílias aquilo que estejam em dúvida acerca da condição da criança e seu desenvolvimento, pois é comum que os pais tenham expectativas diversas quanto ao desenvolvimento da criança, bem como por vezes possuem dificuldade em criar um ambiente que incentive a independência e estimule as crianças.

As intervenções farmacológicas devem seguir o tratamento de sintomas e comorbidades, muitas vezes sendo necessárias abordagens empíricas devido a escassez de evidências direcionadas ao tratamento da deficiência intelectual.

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