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A mais nova Fake News que circula nas redes sociais afirma que um neurocientista britânico e pesquisador realizou um estudo e concluiu que maioria da população é imune ao novo Coronavírus. Além disso, e destaca ainda que o isolamento social adotado por alguns países e regiões seria inútil para conter o avanço da doença.
O compartilhamento das informações falsas conta ainda com a foto de Karl Friston em uma entrevista, um pesquisador conhecido da University College London. E afirma, entre outras coisas, que “a política de fechar tudo foi baseada em ciência falha”.
A reportagem da CBN foi checar a informação e procurou o cientista Karl Friston, que negou ter sido o autor das declarações ou de qualquer pesquisa. “Estão afirmando nas redes sociais que eu disse que 80% da população mundial é imune à Covid-19 e que, portanto, o bloqueio era inútil. Mas isso é falso”, disse.
O pesquisador revelou ainda que acredita que os 80% que aparece na mensagem falsa devem se referir a uma estimativa das pessoas que não estão expostas ao vírus e, caso sejam, não serão suscetíveis à infecção ou terão um quadro leve da doença.
“Na verdade, meu trabalho científico nesta área sugere que o distanciamento social é importante, e interage com a imunidade da população e com outros fatores de mitigação da propagação do vírus”, destacou Friston através de um em e-mail encaminhado para a CBN.
Evitar aglomerações sociais, utilizar as máscaras de proteção e adotar medidas de reforço na higiene seguem recomendadas pelas autoridades de saúde para conter a disseminação da pandemia.
Uma das medidas de contenção da pandemia do novo Coronavírus é o isolamento social. Isso corresponde a uma medida em que o paciente doente é isolado de indivíduos não doentes com a finalidade de evitar a disseminação da doença.
Ele pode ser feito de forma vertical, em que somente pacientes que compõem o grupo de risco para a doença ficam isolados, ou horizontal, no qual somente os serviços essenciais são mantidos.
Dentro desse cenário, é importante também reconhecer outros dois termos que podem ser tratados como sinônimos de isolamento social, mas que possuem conceitos diferentes: quarentena e distanciamento social.
A quarentena é utilizada quando as pessoas são expostas a doença contagiosa, mas não estão necessariamente doentes, pois pode se tratar de um período de incubação. Ela pode durar, no máximo, 14 dias.
Já o distanciamento social consiste na diminuição de interação entre as pessoas de uma comunidade visando amenizar a velocidade de transmissão da Covid-19. Geralmente ele é aplicado nos países e regiões onde há transmissão comunitária.
Na maior parte do planeta, o isolamento social foi necessário por conta da incapacidade do sistema de saúde acolher todos os potenciais infectáveis de uma só vez. Por conta da fácil transmissibilidade e a ausência de uma droga específica para a doença, as medidas que reduziram a propagação do novo Coronavírus.
Um estudo recente realizado por professores da área de estatísticas econômicas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) revelou que o isolamento social pode ter poupado cerca de 118 mil vidas no Brasil durante o mês de maio.
O cálculo estimado foi feito baseado em dados de comportamento da pandemia no país, taxa de isolamento e diferenças regionais. Com isso, os estudiosos estimaram que a cada 1% de aumento no isolamento social existiu uma redução de até 37% na taxa de propagação do vírus.
Em maio o isolamento social médio no país – tomando por base o levantamento sobre Covid-19 da inloco.com.br – foi de 44%, e o mês terminou com 29.367 mortes. Sem o isolamento, o mês teria terminado com 147.447 mortes, número cinco vezes maior do que o registrado oficialmente, afirmam os pesquisadores.
Fazendo uma rápida conta de subtração, 118.080 vidas podem ter sido salvas segundo a projeção estatística divulgada.
É Fake! Neurocientista britânico desmente informações veiculadas
Karl Friston não divulgou estudo concluindo que 80% da população mundial é imune ao novo Coronavírus. E também não afirmou que o lockdown adotado por alguns países e regiões é inútil para conter o avanço da doença.
O compartilhamento das informações atribuídas ao neurocientista é falso. As organizações internacionais de saúde seguem recomendando que se evite as aglomerações sociais, além da utilização frequente das máscaras e o reforço nas medidas de higiene.
Confira o vídeo:
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