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Farmacologia radiológica: a utilização de radiofármacos na medicina nuclear | Colunistas

Farmacologia radiológica: a utilização de radiofármacos na medicina nuclear | Colunistas

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Imagem de perfil de Comunidade Sanar

A Medicina Nuclear é atualmente utilizada para diagnóstico e terapia de diversas doenças, onde protagonizam os radiofármacos (compostos sem ação farmacológica em si, que são constituídos por radionuclídeos emissores de radiação gama ou beta/pósitrons), que têm a função de gerar a Radiação Eletromagnética Penetrante, capaz de atravessar os tecidos e ser detectada externamente (uma ação que se baseia na destruição seletiva de tecidos).

No entanto, a Farmacologia Radiológica tem sido aplicada em outras situações além da Medicina Nuclear, como em Radioterapias Convencionais (gerando fonte de radiação externa ao organismo), na radioesterilização de produtos e materiais médicos e no doseamento de hormônios.

CLASSIFICAÇÃO DOS RADIOFÁRMACOS

Os radiofármacos podem ser respectivamente classificados em:

  • De 1ª geração (de perfusão): São transportados no sangue até atingirem o órgão alvo, sempre na proporção do fluxo da corrente sanguínea.
  • De 2ª geração (específicos): Contêm uma molécula biologicamente ativa, que ao se ligar em receptores celulares mantêm sua bioespecificidade (mesmo que ocorra ligação de um radionuclíneo).

Logo, a fixação destes fármacos em tecidos e órgãos, independente de classificação, pode ser definida através da capacidade da molécula em reconhecer os receptores presentes nas estruturas.

RADIOFÁRMACOS FUNCIONAM PARA OBTENÇÃO DE IMAGENS

Os procedimentos são feitos através da administração de radiofármacos e medição externa de uma radiação emitida que atravessará o organismo (diferente de técnicas radiológicas convencionais que medem a absorção da radiação aplicada externamente). Em geral, envolvendo doses muito baixas de radiofármacos para a realização de exames, quando comparadas à outras técnicas de diagnóstico (como a Ressonância Magnética Nuclear). Além disso, a vantagem é que se trata de técnicas simples que apenas requerem administração endovenosa, inalatória ou oral do radiofármaco, com reações adversas excepcionais.

Por isso, quando comparados contrates utilizados na realização de exames (como raio X e ressonância) com radiofármacos, os contrates além de precisarem ser administrados em doses elevadas para uma maior qualidade de imagens, também podem gerar problemas alérgicos ou de toxicidade e mesmo que apresentem melhor resolução são técnicas menos específicas. Enquanto os radiofármacos são administrados em doses mínimas e não provocam alergias ou toxicidade, fornecendo imagens de menor detalhe anatômico, mas permitindo grande avaliação funcional.

AS PREPARAÇÕES RADIOFARMACÊUTICAS

Geralmente as preparações são obtidas prontas para uso, localizadas em “kits” frios ou em preparações autólogas, contudo dependendo da preparação, existe um processo de controle de qualidade próprio. Sendo os radiofármacos correspondentes a agentes de perfusão os mais utilizados na clínica.

Já as preparações de radiofármacos específicos, ainda estão sendo completamente estudadas, com o intuito de desenvolver os que possam fornecer informação a nível molecular sobre alterações bioquímicas associadas às diferentes patologias.

Existem fatores importantes envolvidos na preparação de radiofármacos como:

  • Condições de armazenamento: Pois a luz e temperatura podem levar à degradação do composto radioativo;
  • Radiólise: Pois muitos compostos podem se decompor em decorrência da ação da radiação emitida pelo próprio radionuclídeo, aumentando esse efeito quanto maior for a atividade específica do composto. Então, pode provocar a quebra da ligação química entre o radionuclídeo e a molécula, ou pode interagir com o solvente formando radicais livres, que também podem ter efeito nocivo para o composto radioativo, promovendo o aparecimento de impurezas radioquímicas;
  • Prazo de validade: Pois a perda de eficácia depende do tempo de desintegração do radionuclídeo, do solvente, dos excipientes, da radiação emitida e da natureza da ligação química entre o radionuclídeo e o composto a que ele se liga.

Em 2005 foi estabelecida uma monografia geral de preparações radiofarmacêuticas da Farmacopéia Européia onde tornou-se obrigatória a etiquetação da preparação para melhor controle e segurança, sendo necessária a especificação de informações como a identificação do radiofármaco, nome do preparador, atividade total, concentração radioativa, hora de preparação, prazo de validade e indicações especiais (se necessário).

MÉTODOS UTILIZADOS PARA CAPTAÇÃO DE IMAGEM

São mais comuns para captação de imagem os métodos tomográficos, como o método SPECT (Tomografia Computadorizada de Emissão de Fóton Único) com a presença de radionuclídeos emissores gama e o método PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons) com a presença de radionuclídeos pósitrons.

Ademais, a Ressonância Magnética (RMN) também se trata de uma técnica tomográfica, com uma forma de atuação diferente, pois utiliza núcleos de prótons de moléculas de água existentes nos tecidos do corpo humano como sondas magnéticas naturais. Sendo importante ressaltar que também ocorre de maneira diferente porque o contraste encontrado nas imagens resultantes deve-se ao fato de que os tecidos são diferentes e não contém o mesmo nível aquoso.

CONCLUSÃO

A Medicina Nuclear pode ser uma área da medicina considerada relativamente nova, enquanto os radiofármacos mais novos ainda em questão de tecnologias, por isso juntos estabelecem um grande potencial de diagnosticar e tratar doenças (até graves como o câncer) com taxas cada vez maiores de eficiência. Mesmo que ainda sejam técnicas incipientes e com concentração geográfica nos grandes centros urbanos, são questões da área da saúde que vem crescendo rapidamente em todo Brasil.

Autora: Emily S. Silveira

Instagram: @emyslvr

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O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


REFERÊNCIAS