Ginecologia

Fibroadenoma: o que é, quando e como operar | Colunistas

Fibroadenoma: o que é, quando e como operar | Colunistas

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Imagem de perfil de Comunidade Sanar

O fibroadenoma é um nódulo mamário que leva muitas mulheres a procurar um especialista. Tem caráter benigno e é o tumor de mama mais comum encontrado pelas mulheres. Em alguns casos é necessário realizar cirurgia como forma de tratamento, e é isso que iremos explorar neste texto, as características de um fibroadenoma, quando é preciso uma abordagem cirúrgica e como se realiza essa abordagem.

A definição de fibroadenoma

O fibroadenoma é uma tumoração benigna, encontrado por cerca de 75% das mulheres que vão ao ginecologista com uma queixa de nódulo nas mamas, segundo a FEBRASGO. Pode ocorrer em qualquer faixa etária e é mais comum entre mulheres jovens, dos 15 aos 35 anos.

Apresenta-se como um nódulo pequeno (menor que 2 cm), móvel, bem delimitado, não fixo ao tecido adjacente e lobulado, mais comumente no quadrante superior da mama na parte lateral (WEBBER et al, 2012). Pode ocorrer de formas diferentes da clássica, no entanto, o mais comum é apresentar-se como um nódulo único e de crescimento limitado. Existem relatos de fibroadenomas encontrados em outras partes do corpo, como bexiga ou braço e, também, de outras apresentações, como lesões múltiplas ou gigantes.

A fisiopatologia ainda é desconhecida, mas existem algumas associações em estudos com os estímulos hormonais nas glândulas mamárias após a menarca com uma resposta exacerbada, podendo apresentar lesões proliferativas concomitantes e, em tipos histológicos específicos, pode estar associado ao maior risco de câncer de mama.

Características clínicas

No geral, a clínica do fibroadenoma é definida apenas pela presença do nódulo móvel, indolor, bem definido e liso, fibroelástico ou duro, semelhante a uma bola de gude de até 3 cm. Podem, no entanto, causar dor durante o período menstrual ou gravidez e também ter alterações de tamanho durante a vida causadas por estímulos hormonais, além de serem facilmente movidos sob a pele quando manipulados ao exame.

No caso de fibroadenomas gigantes, esse tamanho pode alcançar até os 7 cm. Quanto maiores os nódulos, existem mais chances do aparecimento de outros sintomas, como a dor devido ao infarto desses nódulos ou algum desconforto associado. No caso de pacientes mais velhas, pode ocorrer também a chamada “calcificação em pipoca”, uma calcificação distrófica, causando o endurecimento do nódulo.

Diagnóstico

Embora seja uma patologia de diagnóstico clínico, alguns exames complementares podem auxiliar na confirmação e exclusão de diagnósticos diferenciais, como cisto mamário e carcinoma circunscrito, ambos também benignos. Alguns dos métodos mais utilizados são a PAAF (punção aspirativa por agulha fina) e o ultrassom das mamas.

No ultrassom, encontramos uma imagem nodular circunscrita, ovalada, hipoecóica, com margens bem definidas e maior eixo paralelo à pele, podendo ocorrer reforço acústico posterior e sombras laterais, sendo caracterizado como um BI-RADS 3, uma provável lesão benigna. A PAAF, por sua vez, é importante, pois o fibroadenoma possui um diagnóstico citológico específico e é bem indicada em casos de conduta expectante ou pacientes de idade mais avançada. O diagnóstico clínico complementado pela citologia e pela imagem tem 99,6% de sensibilidade. (FEBRASGO, 2017)

Tratamento

O tratamento deve ser individualizado e tem diferenças de acordo com as características das pacientes e clínicas do nódulo. Em jovens com lesão pequena e única ou múltiplas sem outros sintomas, em geral, realiza-se apenas o acompanhamento clínico, com exame físico ou de imagem semestral.

Em pacientes com mais de 35 anos, a conduta recomendada inicialmente é cirúrgica, no entanto, não é necessário a retirada de todos os fibroadenomas diagnosticados pela biópsia se não houver sintomas associados.

Se houver aumento de tamanho ou aparecimento de sintomas, é preciso realizar a extração cirúrgica para confirmar a benignidade do nódulo e o diagnóstico.

A abordagem cirúrgica e os métodos alternativos

A abordagem cirúrgica é chamada de nodulectomia, e existem técnicas mais modernas e menos invasivas que são cada vez mais utilizadas, trazendo menos complicações e riscos. Entre essas abordagens, podemos destacar a crioablação e a biópsia mamária assistida por vácuo.

Nodulectomia

Realiza-se incisões estéticas, no sentido das linhas de força da pele, preferencialmente perimamilares ou no sulco inframamário. No caso dos nódulos mais distantes dos mamilos, o mais indicado é realizar a incisão sobre o nódulo, evitando a tunelização, que pode causar dor e hematomas. A cirurgia pode levar a cicatrizes indesejáveis que comprometem a estética e muitas vezes a autoestima da paciente, danos no sistema ductal mamário e alterações na mamografia, como distorção da arquitetura, aumento da espessura da pele e da densidade focal.

Crioablação

Tem se mostrado uma ótima opção à cirurgia, sendo segura e eficaz para o tratamento do fibroadenoma trazendo também um melhor efeito estético. Baseia-se no congelamento do tecido seguido por um rápido descongelamento, o que leva à morte celular pela ruptura das membranas. A paciente pode referir, após o procedimento, um leve desconforto, que em geral não necessita de medicações, e pode ocorrer inchaço e equimose localizadas.

Biópsia mamária assistida por vácuo

Essa técnica se mostrou muito eficaz na extração completa de lesões menores de 15 milímetros, é um procedimento que deixa cicatrizes mínimas e raramente tem complicações significativas. Tem um custo-efetivo mais vantajoso, já que se utiliza apenas uma anestesia local e não é preciso ser realizado no bloco cirúrgico, mas é necessário um profissional com experiência na área radiológica e um seguimento a longo prazo.

Conclusão

O fibroadenoma é uma patologia benigna, muito comum entre as mulheres, especialmente as mais jovens, e que nem sempre necessita de uma abordagem terapêutica, embora possa causar aflição e anseios nas pacientes.

Nos casos em que se necessita um tratamento, é importante escolher bem qual forma será utilizada, pesando prós e contras de cada método e a individualização do tratamento com cada mulher, considerando a paciente como um todo e levando em conta suas preocupações e saúde mental, escolhendo o tratamento mais adequado para a situação;

Autora: Thays Davanço Pedroso dos Passos

Instagram: @thadavanco

O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.


Referências

1 – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Fibroadenoma, 2017. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/186-fibroadenoma.

2 – Vieira ARA Terapêutica minimamente invasiva como alternativa à nodulectomia no tratamento do fibroadenoma, Porto, 2013. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/143388267.pdf

3 – Weber AAP, Corte ED, Vargas VRA. Análise de exames citopatológico de mama e mamográficos no diagnóstico das doenças da mama, Santo Ângelo-RS. Rev. Bras. Mastologia. 2012;22(4):124-130. Disponível em: https://www.mastology.org/wp-content/uploads/2015/06/MAS_v22n4.pdf