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Generalidades da Diabetes Mellitus | Colunistas

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Fonte:(https://pontosdevista.pt/2020/05/19/sete-dez-pessoas-diabetes-morrem-doencas-cardiovasculares/).

O diabetes é uma doença crônica, cuja etiologia ainda não é claramente conhecida, caracterizada por uma predisposição genética recessiva, e que consiste essencialmente em uma alteração global do metabolismo, especialmente demonstrável ao nível do metabolismo dos carboidratos, principalmente devido a uma deficiência relativa de insulina. O diabetes é caracterizado basicamente pela existência de hiperglicemia e glicosúria, e em sua evolução também causa alterações importantes no metabolismo de proteínas, lipídios e eletrólitos, causando uma enorme alteração no sistema hormonal e podendo colaborar no desenvolvimento de outras doenças, como a aterosclerose.

Glicose

Para entendermos sobre a doença, devemos conhecer e analisar termos que estão inteiramente relacionados com ela, iniciando pela glicose, que é uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento da mesma.

A glicose é a principal fonte de energia para o metabolismo celular. É obtido por meio dos alimentos e é armazenado principalmente no fígado, que desempenha um papel fundamental na manutenção dos níveis de glicose no sangue (glicemia). Para que esses níveis sejam mantidos e tenha um armazenamento adequado no fígado, é necessária a ajuda da insulina, substância produzida pelo pâncreas. A glicose é um açúcar que é utilizado pelos tecidos como forma de energia quando combinado com o oxigênio da respiração, ao comermos, a glicose ingerida deve adentrar à célula, para isso existe um hormônio regulador que é a insulina produzida pelo pâncreas, nas células beta das ilhotas pancreáticas. Esse hormônio faz com que a glicose do sangue entre nos tecidos e seja usada na forma de glicogênio, aminoácidos e ácidos graxos. Quando a glicose no sangue está muito baixa, outro hormônio chamado glucagon é secretado, que faz o oposto e mantém os níveis de glicose no sangue.

A glicose é o carboidrato mais elementar e essencial para a vida, é o componente inicial ou o resultado das principais vias do metabolismo dos carboidratos. Este carboidrato é o principal combustível para o cérebro, consumindo cerca de 140 gramas de glicose por dia. Se esse nível cair, como ocorre nos casos de jejum prolongado, ele usa como fonte de energia os corpos cetônicos provenientes da oxidação dos ácidos graxos no fígado, uma vez que, o cérebro não consegue “se nutrir”  de outras fontes energéticas, como ácidos graxos ou proteínas.

Insulina

A insulina é o principal hormônio que regula o metabolismo da glicose, é secretado pelas células β das ilhotas de Langerhans do pâncreas. A principal função da insulina é neutralizar a ação combinada de vários hormônios geradores de hiperglicemia e manter baixos os níveis de glicose no sangue. Além de seu papel na regulação do metabolismo da glicose, a insulina estimula a lipogênese, diminui a lipólise e aumenta o transporte de aminoácidos nas células. Como existem vários hormônios, os distúrbios hiperglicêmicos não tratados associados à insulina geralmente levam à hiperglicemia grave e redução da vida útil.

Glucagon

O glucagon é um hormônio com característica totalmente opostas à insulina, ele é produzido nas células alfa dos islotes de Langerhans no pâncreas, e secretado quando os níveis de glicose no sangue estão em níveis muito baixos, vai até ao fígado e o induz a realizar gliconeogênese, ou seja, produzir glicose a partir do glicogênio que está armazenado. Quando o índice glicêmico se restabelece, o pâncreas para de liberá-lo, e a produção de glicose se cessa.

Fonte: (https://www.guiaestudo.com.br/insulina/amp).

Tipos de Diabetes

Exemplificado os termos, podemos aprofundarmos na doença.

Como dito anteriormente, o diabetes é uma doença que ocorre por um problema na produção/secreção do hormônio produzido nas células beta dos islotes pancreáticos, a insulina. Ela é responsável por fazer com que a glicose entre nas células onde serão encaminhadas para a produção de energia, e as que não forem utilizadas são armazenadas principalmente no fígado e nos músculos.

Quando esse hormônio está com deficiência seja na produção ou na liberação, a glicose não consegue chegar ao seu destino e fica dispersa na corrente sanguínea o que pode levar à morte.

Existem três tipos principais de diabetes: o tipo I (ou insulino dependente), tipo II (não insulino dependente) e o gestacional.

  • Diabetes Mellitus Insulino-Dependente: (DMID) ou Tipo I: Anteriormente denominado diabetes infanto-juvenil (15-20% dos casos). Geralmente aparece na infância e adolescência, com tendência à cetoacidose, metabolicamente lábil, portanto o tratamento com insulina é fundamental para compensar. O aparecimento desta forma clínica de diabetes é comum entre as idades de 10-13 anos e a maioria tem o diagnóstico confirmado antes dos 20 anos. Os pacientes frequentemente apresentam hiperglicemia extrema, cetose e sintomas alarmantes (polidipsia que é a sede intensa, poliúria que é a vontade de urinar intensa, polifagia é o aumento da fome, queda de cabelo, fadiga, etc.). O pâncreas endócrino desses pacientes não produz insulina, portanto, não há insulina plasmática. A ausência do peptídeo de conexão e da pró-insulina no plasma indica a falta de atividade secretora das células beta das ilhotas de Langerhans. Às vezes há retorno das funções das células beta, com secreção de insulina e melhor tolerância aos carboidratos, mas é sempre um episódio esporádico e transitório. No DMID totalmente estabelecido, as funções das células beta eventualmente desaparecem completamente.
  • Diabetes Mellitus NÃO insulino-dependente (DMNID) ou Tipo II: Esta forma clínica também é conhecida como diabetes tardio ou diabetes do adulto. Raramente progride para cetoacidose e costuma ser acompanhada de obesidade. Nas ilhotas de Langerhans, existem células beta funcionais, portanto, é detectada a presença de insulina e de peptídeo C no plasma. As células beta são aparentemente normais, porém a resposta secretora de insulina a estímulos normais (administração de glicose, por exemplo) é irregular e geralmente diminuída. No DMNID, também há frequentemente aumento da secreção de glucagon pelas células das ilhotas alfa; os mecanismos de autorregulação da secreção de glucagon também são prejudicados. Os critérios para o estabelecimento do diagnóstico desta forma clínica baseiam-se nos seguintes achados: 1) Glicemia de jejum superior a 140 mg / dl, em pelo menos duas ocasiões distintas e 2) Curva de tolerância à glicose que, em qualquer um dos momentos determinados para o controle da glicose no sangue (30, 60 ou 90 minutos), atinge ou ultrapassa 200 mg / dl. Nesse tipo de diabetes, uma alteração na função e no número de receptores celulares de insulina tem sido frequentemente detectada. Por “regulação descendente”, o número de receptores é dinâmico, autorregula-se com a insulina existente. Em geral, quanto maior a quantidade de insulina circulante, menor o número de receptores. No DMNID, e também na obesidade, parece haver menos receptores associados à hiperinsulinemia.
  • Diabetes gestacional:  Durante a gravidez ocorrem adaptações para permitir o desenvolvimento do bebê. A placenta libera hormônios que reduzem a ação da insulina, fazendo com que o pâncreas da mulher aumente a produção de insulina para compensar este quadro de resistência à sua ação. Porém em algumas mulheres, isso não ocorre e elas desenvolvem quadro de diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento do nível de glicose no sangue. Não é comum a presença de sintomas.

Conclusão

Como vimos, a diabetes pode ser de vários tipos, e cada uma delas com sua particularidade, é importante o acompanhamento dos níveis de glicose no sangue, caso já possua um familiar com a doença, ou mesmo para se cuidar. Como a doença está inteiramente relacionada com a alimentação, se atentar ao que comer e em que quantidades comer é de extrema importância, além da prática de atividades físicas  ao menos 3x por semana. Se já for um portador da doença é necessário fazer acompanhamento com um médico especializado, e se preciso, fazer uso da medicação em horários e  doses, sempre respeitando cada orientação e cada organismo.

Fonte: (https://apdp.pt/diabetes/a-pessoa-com-diabetes/hiperglicemia/). 

Autora: Maysa Souza

Instagram: @maysasouzasilva


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Referências

  • ZAJDENVERG, Lenita. Diabetes Gestacional. Sociedade Brasileira de Diabetes, [S. l.], p. 1 – 1, 12 ago. 2019. DOI ACESSOS: 448151. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/publico/diabetes-gestacional. Acesso em: 1 jul. 2021.