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Herpes genital: Resumo com mapa mental | Ligas

Herpes genital: Resumo com mapa mental | Ligas

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Definição

O herpes genital é uma doença infecciosa muito contagiosa, geralmente de caráter benigno. É transmitido, predominantemente, pelo contato sexual, inclusive orogenital. Entretanto em caso de primo-infecção sintomática a transmissão também pode ocorrer pelo contato direto com lesões ou objetos contaminado. Tem um período de incubação de 3 a 14 dias.  É a doença ulcerativa genital mais frequente dentro das ISTs.

Agente etiológico

É causada pelo vírus herpes simples (HSV), vírus de genoma de DNA, pertencentes à família Herpesviridae, gênero Simplexvírus e dividido em subespécies tipo 1 mais comumente relacionado a herpes labial, e o 2, a herpes genital.

Epidemiologia

A transmissibilidade do vírus do herpes genital, foi observada a nível estatístico de que 16% dos homens infectam mais as mulheres, já as mulheres infectam os homens em 6%. Aproximadamente 70% dos atendimentos por úlceras genitais em clínicas especializadas são decorrentes de IST, particularmente em adolescentes e jovens.

A grande maioria dos casos é causado pelo HSV-2, porém hoje em dia, já está havendo uma ascensão para o HSV-1 devido a alta prática de atividade sexual por via oral entre os jovens. O herpes genital por não ser uma doença de notificação compulsória obrigatória não se tem programas de rastreio e controle da doença e que dificulta a quantificar a ocorrência.

Manifestações clínicas

A infecção pode ser um quadro assintomático. É uma infecção que é necessária a presença de solução de continuidade, pois o vírus diferente das bactérias eles não atravessa pele ou mucosas integras. Na fase prodrômica, ocorre aumento da sensibilidade, formigamento, mialgias, ardências ou prurido antecedendo o aparecimento de lesões. Nos homens, localiza-se, com mais frequência na glande e no prepúcio, já nas mulheres em pequenos e grandes lábios, clitóris, fúrcula e colo do útero.

As lesões se iniciam com presença de pápulas eritematosas de 2 a 3 mm, seguindo-se de vesículas com conteúdo claro ou citrino, que se rompem originando as úlceras rasas (fase com mais risco de contaminação e dolorosa durante o ciclo da infecção), e posteriormente recobertas por crostas sero-hemáticas. A adenopatia inguinal, que é o aumento dos gânglios da região inguinal é uma das manifestações que ocorre em 50% dos casos, por isso a importância de estar realizando a palpação dessa região durante o exame físico.

No fim da infecção, mesmo sendo assintomática, o HSV ascendo pelos nervos periféricos sensoriais e penetra nos núcleos das células ganglionares, permanecendo em estado de latência.

As infecções podem ser recorrentes e se estima que 60-90% dos pacientes apresentam novos episódios nos primeiros 12 meses, por reativação do vírus. Essa recorrência da infecção pode estar associada a episódios de febre, exposição à ultravioleta, traumatismos, menstruação, estresse físico ou emocional, uso prolongado de antibióticos e imunodeficiência. Casos de recorrência a infecção pode se apresentar de for mais branda e com duração menor do que o primeiro episódio.

Diagnóstico

O diagnóstico, na maioria das vezes, pode ser realizado unicamente com a inspeção. Existem testes sorológicos para detecção do HSV-1 e HSV-2, mas são exames que trás pouca acurácia a nível de progressão da doença, só vai auxiliar no prognóstico e aconselhamento.

Os procedimentos complementares que podem ser realizados incluem:

  • Citodiagnóstico (PCR);
  • Coloração de Papanicolau, onde permite a observação de inclusões virais;
  • Biópsia, que não precisa ser indicada rotineiramente, mas é diagnóstica por meio da identificação dos corpúsculos de inclusão;
  • Cultura, que é a técnica padrão ouro mais específica para a detecção da infecção herpética.

Tratamento

Foram utilizados vários medicamentos para o tratamento das infecções herpéticas, porém nenhum se provou completamente eficaz e a cura definitiva, então o objetivo do tratamento se tornou em acelerar o ciclo do vírus e fazer com que essa infecção dure menos tempo, já que não é possível a erradicação do vírus.

No primeiro episódio, podem ser utilizados:

  • 1ª escolha
  • Aciclovir 400 mg, VO, 8/8 horas, por sete a dez dias;
  • Aciclovir 200 mg, VO, 4/4 horas, por sete a dez dias.
  • Outros antivirais
  • Valaciclovir 1g, VO, 12/12 horas, por sete a dez dias;
  • Fanciclovir 250 mg, VO, 8/8 horas, por sete a dez dias.

Em casos de recorrências, podem ser utilizados:

  • 1ª escolha
  • Aciclovir 400 mg, VO, 8/8 horas, por cinco dias;
  • Aciclovir 200 mg, VO, 4/4 horas, por cinco dias.
  • Outros antivirais
  • Valaciclovir 500 mg, VO, 12/12 horas, por cinco dias;
  • Fanciclovir 125 mg, VO, 12/12 horas, por cinco dias.

Gestantes que apresentarem lesões ativas na região vaginal no momento do parto, deve se contraindicar o parto normal, e a via alta deve ser escolhida (parto cesáreo), mas caso seja necessário tratamento ao longo da gestação a paciente pode fazer uso do Aciclovir sem contraindicação.

Importante ressaltar que na Atenção Básica de Saúde só tem o Aciclovir na apresentação de 200 mg e que a diferença entre o tratamento do primeiro episódio para os casos de recorrências é a duração de tempo de tratamento.

Prevenção

  • Informar e esclarecer sobre a educação sexual visando à saúde;
  • Ofertar preservativos e gel lubrificante;
  • Ofertar testes para HIV, sífilis, hepatite B, gonorreia e clamídia sempre quando disponível;
  • Ofertar vacinação contra Hepatite B e C, devido a transmissão ser por contato sexual;
  • Ofertar profilaxia pós exposição para o HIV, quando indicado;
  • Ofertar profilaxia pós exposição às IST em violência sexual;
  • Enfatizar a importância da adesão ao tratamento;
  • Comunicar, diagnosticar e tratar as parcerias sexuais, mesmo sendo assintomáticos.

Autores, revisores e orientadores:

Autor(a) : Katty Carolinne Ledo Vieira Felix – @kattyledo

Autor (a): José Edmilton Felix da Silva Junior – @edmiltonfelixjr

Revisor(a): Daniela Louise Fernandes Alves – @_danielalouise

Orientador(a): Lara Cardoso – @laracardoso40

Referências:

RAMOS, M. R. et. al. Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis 2020: infecções que causam úlcera genital. Revista do Sistema Único de Saúde do Brasil. v. 30, spe1, 2021. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/ress/a/t5cFGq4BcJW3b4NvDq9y7dz/?lang=pt&format=pdf > Acesso em: 04 de Novembro 2021.

Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT). Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Brasilia – DF, 2015.

SOUZA, H. P. et al. Medicina de emergência: abordagem prática. 4° ed. Barueri-SP: Manole, 2019.

O texto acima é de total responsabilidade do(s) autor(es) e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.