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Qual deve ser a conduta do médico diante da questão do uso da Hidroxicloroquina e arritmia em pacientes COVID-19? Embora haja limitação de dados, muitos pacientes vítimas da COVID-19 estão sendo tratados com hidroxicloroquina ou cloroquina. Inclusive, o novo protocolo do Ministério da Saúde recomenda a utilização mesmo em casos leves. Porém uma das preocupações é o risco de arritmia pelos efeitos colaterais da hidroxicloroquina/cloroquina.
Estas medicações são estruturalmente semelhantes à quinidina, que por sua vez possuem efeitos bloqueadores do canal de Potássio. Dessa forma, são medicações que podem gerar arritmias por prolongarem o intervalo QT.
Embora limitados, os dados baseados no uso destas drogas em pacientes tratados para artrite reumatoide, Lúpus Eritematoso Sistêmico e Malária, sugerem baixo risco de Torsades de Pointes (TdP). Além disso, seu uso por intervalo de tempo menor na COVID-19, contribui para diminuir ainda mais o risco de ocorrência da TdP.
Mas, algumas condições podem aumentar o risco do uso da Hidroxicloroquina e arritmia em pacientes COVID-19. São elas:
- Anormalidades eletrolíticas;
- Uso de outros medicamentos que prolongam o intervalo QT;
- Insuficiência renal crônica;
- Síndrome QT longo congênito.
Monitorando o intervalo QT
O valor basal do intervalo QT do paciente deve ser obtido antes da administração de qualquer droga que possa prolongar esse intervalo.
O melhor método para obtenção do intervalo QT é o ECG de 12 derivações. Em geral, pacientes com os seguintes intervalos QTc apresentam baixo risco de prolongamento significativo do QTc e TV polimórfica:
- QTc <460 milissegundos em homens / mulheres pré-púberes;
- QTc <470 milissegundos em homens pós-púberes.
- QTc <480 milissegundos em mulheres pós-púberes.
Pacientes com intervalo QTc basal ≥500 milissegundos (com QRS ≤120 milissegundos) apresentam risco aumentado para prolongamento significativo do intervalo QT e TV polimórfica.
Neste pacientes com risco aumentado, medidas devem ser tomadas para corrigir quaisquer anormalidades que possam contribuir para arritmia. Nesse sentido, devem-se corrigir distúrbios eletrolíticos (hipocalcemia, hipocalemia e hipomagnesemia). Objetiva-se valor de Potássio de 5mEq/L.
Mesmo naqueles pacientes em baixo risco de prolongamento do intervalo QT, deve-se suspender quaisquer medicações que ofereçam risco adicional. Por exemplo, medicações que não sejam essenciais ao atendimento imediato do paciente, como os inibidores da bomba de prótons.
Quando realizar um novo ECG?
De acordo com o protocolo sugerido pelo estudo “SARS-CoV-2, COVID-19, and inherited arrhythmia syndromes“:
ECG de base e após 4 horas da administração da hidroxicloroquina se:
- Síndrome do QT longo congênito ou adquirido;
- Associação de outros medicamentos que prolongam o QT;
- Doença cardíaca estrutural ou bradicardia.
Ademais, para a maioria dos pacientes, o ECG pode ser realizado 24 horas após o início da medicação.
Se o QTc aumentar para ≥500 milissegundos, se a alteração no intervalo QT for ≥60 milissegundos ou se alguma arritmia ventricular aparecer, o protocolo recomenda a parecer de cardiologista.
Caso TdP apareça, a hidroxicloroquina, cloroquina, azitromicina e qualquer outro medicamento prolongador do intervalo QT deve ser suspendido.
Confira o vídeo:
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