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Intestino Delgado: como é formado e qual a sua função?

Intestino Delgado: como é formado e qual a sua função?

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Confira um artigo completo que falamos sobre o Intestino Delgado para esclarecer todas as suas dúvidas. Ao final, confira alguns materiais educativos para complementar ainda mais os seus estudos.

Boa leitura!

O Intestino Delgado

O desenvolvimento do sistema digestório começa no início da quarta semana com a formação do intestino primitivo, que se encontra fechado cranialmente pela membrana bucofaríngea e caudalmente pela cloaca. Ele se forma a partir da incorporação do endoderma e de parte da vesícula umbilical (saco vitelino) pelas pregas cefálica, laterais e caudal durante o dobramento lateral e longitudinal do embrião.

O endoderma do intestino primitivo origina a maior parte do epitélio e das glândulas do trato digestivo, enquanto que o epitélio da extremidade cranial é derivado do ectoderma do estomodeu (futura cavidade bucal) e o epitélio da extremidade caudal deriva do ectoderma do proctodeu (futuro canal anal).

Os tecidos muscular, conjuntivo e as outras camadas da parede do trato digestivo são derivados do mesênquima esplâncnico que circunda o intestino primitivo.

Intestino Primitivo

O intestino primitivo é formado por três segmentos: anterior, médio e posterior:

  • Intestino anterior: origina a faringe, esôfago, estômago, primeira porção do intestino delgado (duodeno), pâncreas, fígado e vesícula biliar.
  • Intestino médio: origina o resto do intestino delgado (jejuno e íleo) e parte do intestino grosso (ceco, apêndice, cólon ascendente e metade ou 2/3 do cólon transverso).
  • Intestino posterior: forma a última porção do intestino grosso (metade ou o terço distal do cólon transverso, cólon descendente, sigmoide, reto e a porção superior do canal anal).

SE LIGA! Quando estamos estudando as várias etapas do desenvolvimento embrionário, muitas vezes nos encontramos perdidos ou nos desesperamos diante da série de acontecimento que se sucedem. Diante de tantas modificações embrionárias, a origem dos folhetos embrionários é de longe um dos pontos fundamentas na embriologia que você deve entender. Durante o processo de gastrulação, as células que estão em constante multiplicação sofrem invaginação, fazendo com que as células presentes na superfície da blástula movam-se para o seu interior, formando camadas e um intestino primitivo. As camadas são chamadas de folhetos embrionários ou germinativos. A ectoderme é a camada mais externa, a endoderme é a mais interna e a mesoderme é a intermediária entre elas. Cada uma dessas camadas posteriormente origina órgãos e tecidos:

  • Ectoderme: epiderme; anexos epidérmicos; sistema nervoso; epitélios de revestimento das cavidades oral, nasal e anal; glândulas sudoríparas, sebáceas, mamárias, lacrimais, medula da adrenal e hipófise; maxilas e dentes.
  • Mesoderme: derme; sistema esquelético; sistema muscular; sistema circulatório; sistema reprodutor; sistema urinário; tecidos linfáticos; medula óssea; sangue.
  • Endoderme: sistema respiratório; órgãos do sistema digestório e epitélios de revestimento do tubo digestivo.

Desenvolvimento do Dueno

O duodeno se desenvolve a partir da extremidade caudal do intestino anterior e da extremidade cefálica do intestino médio e do mesênquima esplâncnico associado ao endoderma dessas porções do intestino primitivo. A união entre os segmentos do intestino primitivo se estabelece na desembocadura do colédoco.

A junção das duas porções do duodeno situa-se logo após a origem do ducto biliar. O duodeno em desenvolvimento cresce rapidamente, formando uma alça em forma de C que se projeta ventralmente. A medida que o estômago rotaciona, aliado ao rápido crescimento da cabeça do pâncreas, a alça duodenal gira para a direita e vai se localizar retroperitonealmente. Por se originar dos intestinos anterior e médio, o duodeno é suprido por ramos das artérias celíaca e mesentérica superior, artérias que vascularizam essas porções do intestino primitivo.

Durante a quinta e sexta semanas, assim como ocorre no esôfago, a luz do duodeno se torna progressivamente menor até ser temporariamente obliterada, devido a proliferação de suas células epiteliais, recanalizando normalmente no final do período embrionárioNessa ocasião, a maior parte do mesentério ventral já desapareceu, ficando apenas uma pequena porção fibromuscular que fixa a parte terminal do duodeno à parede abdominal posterior.

SAIBA MAIS: A oclusão completa da luz do duodeno, atresia duodenal, não é comum. Durante o desenvolvimento duodenal, a luz é completamente fechada por células epiteliais. Se a recanalização deixa de ocorrer, um pequeno segmento do duodeno é obliterado. O bloqueio quase sempre ocorre na junção dos ductos biliar e pancreático (ampola hepatopancreática), mas ocasionalmente envolve a parte horizontal (terça parte) do duodeno. A investigação de famílias com atresia duodenal familiar sugere uma herança autossômica recessiva. Em bebês com atresia duodenal, os vômitos começam poucas horas após o nascimento. A atresia duodenal está associada a êmese biliar (vômito de bile) porque o bloqueio ocorre distal à abertura do ducto biliar. É importante mencionar que aproximadamente um terço das crianças afetadas tem síndrome de Down e, além disso, 20% são prematuras. O polidrâmnio também ocorre porque a atresia duodenal impede a absorção normal do líquido amniótico pelos intestinos. O diagnóstico de atresia duodenal é sugerido pela presença do “sinal da dupla bolha” nos exames radiológicos e ultrassonográficos.

Desenvolvimento do Intestino Médio

O intestino médio ou alça vitelina se estende da desembocadura do colédoco até o terço médio do cólon transverso. Todos os órgãos derivados do intestino médio são supridos pela artéria mesentérica superior. Com o alongamento do intestino médio, forma-se uma alça intestinal ventral com a forma de U, a alça intestinal média, que se projeta para o remanescente do celoma extraembrionário, na porção inicial do cordão umbilical.

Grande parte deste desenvolvimento ocorre entre a sexta e nona semana fora da cavidade abdominal, denominada hérnia umbilical fisiológica. A alça intestinal média comunica-se com o saco vitelino através de um estreito pedículo vitelínico (ou ducto vitelínico) até a décima semana. A hérnia umbilical ocorre porque não há espaço suficiente no abdome para o intestino médio em rápido crescimento.

A alça intestinal média comunica-se com o saco vitelino através de um estreito pedículo vitelínico (ou ducto vitelínico) até a décima semana. A hérnia umbilical ocorre porque não há espaço suficiente no abdome para o intestino médio em rápido crescimento. A medida que a hérnia fisiológica se reduz, o intestino volta para cavidade abdominal.

Não se conhece a causa do retorno do intestino; entretanto, a diminuição do tamanho do fígado e dos rins e o aumento da cavidade abdominal são fatores importantes. O intestino delgado (formado pelo ramo cranial) retorna primeiro, passando por trás da artéria mesentérica superior, e ocupa a parte central do abdome.

Na medida em que o intestino adota sua posição definitiva, o mesentério produz a fixação das vísceras à parede posterior do abdome. O duodeno, exceto cerca de 25 cm iniciais (derivados do intestino anterior), não tem mesentério e se localiza retroperitonealmente. A fixação do mesentério dorsal na parede abdominal posterior é bastante modificada após o retorno dos intestinos à cavidade abdominal. Inicialmente, o mesentério dorsal está no plano mediano.

Quando os intestinos se dilatam, se alongam e assumem suas posições finais, seus mesentérios são pressionados contra a parede abdominal posterior. O mesentério do colo ascendente se funde com o peritônio parietal nessa parede e desaparece; consequentemente, o colo ascendente também se torna retroperitoneal. Outros derivados da alça intestinal média (jejuno e o íleo) retêm os seus mesentérios. O mesentério está inicialmente preso ao plano mediano da parede abdominal posterior.

Após o desaparecimento do mesentério do colo ascendente, o mesentério do intestino delgado em forma de leque adquire uma nova linha de fixação que passa da junção duodenojejunal, ínfero-lateralmente, para a junção ileocecal.

SAIBA MAIS: A onfalocele congênita é uma anomalia caracterizada pela persistência dos componentes intestinais na porção inicial do cordão umbilical. A cavidade abdominal é proporcionalmente pequena quando há uma onfalocele, já que faltou o estímulo para o seu crescimento. É necessária uma correção cirúrgica e, em geral, isto é adiado se o defeito for grande demais. Bebês com onfalocele grande geralmente sofrem de hipoplasia pulmonar ou torácica, e adiar o fechamento é uma decisão clínica melhor. A onfalocele resulta de um crescimento defeituoso dos quatro componentes da parede abdominal. Como a formação do compartimento abdominal ocorre durante a gastrulação, uma falha crítica de crescimento nesta época normalmente é associada a outras anomalias congênitas envolvendo os sistemas cardíaco e urogenital. O revestimento da bolsa hernial é formado pelo epitélio do cordão umbilical, um derivado do âmnio.

Desenvolvimento do Intestino Posterior

O intestino posterior estende-se do terço distal do cólon transverso até a membrana cloacal, porção inicialmente comum aos sistemas urinário e digestório. Todos os derivados do intestino posterior são supridos pela artéria mesentérica inferior.

A junção entre o segmento do colo transverso derivado do intestino médio e aquele que se origina do intestino posterior é indicada pela mudança na circulação sanguínea de um ramo da artéria mesentérica superior (artéria do intestino médio) para um ramo da artéria mesentérica inferior (artéria do intestino posterior).

O cólon descendente torna-se retroperitoneal quando o seu mesentério se funde com o peritônio da parede abdominal posterior esquerda e, então, desaparece. O mesentério do colo sigmoide é mantido, porém ele é mais curto do que no embrião.

A cloaca é uma câmara revestida por endoderma que está em contato com o ectoderma superficial na membrana cloacal. Essa membrana é constituída pelo endoderma da cloaca e pelo ectoderma do proctodeu ou fosseta anal. A cloaca recebe o alantoide ventralmente, que é um divertículo digitiforme.

A cloaca é dividida em porções dorsal e ventral através de uma projeção de mesênquima, o septo urorretal. Quando o septo cresce em direção a membrana cloacal, ele desenvolve extensões bifurcadas que produzem pregas das paredes laterais da cloaca, que crescem uma em direção a outra e se fundem formando um septo que divide a cloaca em duas partes: reto e porção cranial do canal anal, dorsalmente; e seio urogenital, ventralmente.

Na sétima semana, o septo urorretal já se fundiu com a membrana cloacal, dividindo-a em uma membrana anal dorsal e uma membrana urogenital, maior e ventral. A área de fusão do septo urorretal com a membrana cloacal é representada, no adulto, pelo corpo perineal, o centro tendinoso do períneo. Este nódulo fibromuscular é o marco do períneo. O septo urorretal também divide o esfíncter cloacal em porções anterior e posterior. A porção posterior origina o esfíncter anal externo e a porção anterior se desenvolve para a formação dos músculos transverso superficial do períneo, bulbo-esponjoso e ísquio-cavernoso.

Este detalhe do desenvolvimento explica por que um nervo, o nervo pudendo, supre todos esses músculos. Proliferações mesenquimais produzem elevações do ectoderma superficial ao redor da membrana anal. Como resultado, logo esta membrana estará localizada no fundo de uma depressão ectodérmica, o proctodeu ou fosseta anal. A membrana anal normalmente se rompe ao final da oitava semana, levando a porção final do trato digestivo (canal anal) a se comunicar com a vesícula amniótica.

Mesentérios

Os mesentérios são camadas duplas de peritônio que cercam alguns órgãos e os conectam à parede corporal, sendo estes órgãos chamados de intraperitoneais. Já os órgãos que se encontram contra a parede posterior e são cobertos pelo peritônio apenas em sua superfície anterior são considerados retroperitoneais.

Os ligamentos peritoneais são mesentérios que passam de um órgão para o outro e/ou de um órgão para a parede corporal. Tanto os mesentérios quanto os ligamentos são meios de passagem para nervos, vasos sanguíneos e linfáticos que entram e saem das vísceras.

O intestino primitivo, no início do seu desenvolvimento, possui um amplo contato com o mesênquima da parede abdominal posterior. Entretanto, na quinta semana, a ponte de tecido conjuntivo se estreita e a porção caudal do intestino anterior, o intestino médio e a maior parte do intestino posterior tornam-se suspensas na parede abdominal pelo mesentério dorsal, que se estende da extremidade inferior do esôfago até a região cloacal.

Na região do estômago, ele forma o mesogástrico dorsal ou grande omento; na região do duodeno, ele forma o mesoduodeno; e na região do cólon, ele forma o mesocólon dorsal. O mesentério dorsal das alças do jejuno e do íleo forma o mesentério propriamente dito.

O mesentério ventral, que existe apenas na região terminal do esôfago e na porção superior do duodeno, é derivado do septo transverso. O crescimento do fígado no mesênquima do septo transverso divide o mesentério dorsal em omento menor, que se estende da porção inferior do esôfago, do estômago e da porção superior do duodeno até o fígado, e em ligamento falciforme, que se estende do fígado até a parede corporal ventral.

Funções Gerais do Intestino Delgado

O intestino delgado é formado pelo duodeno, jejuno e íleo, sendo uma região fundamental do trato gastrointestinal responsável pela absorção de determinados nutrientes, assim como pela mistura de diversas secreções ao alimento. Estende-se do piloro até a junção ileocecal, onde o íleo une-se ao ceco (a primeira parte do intestino grosso). A parte pilórica do estômago esvazia-se no duodeno, sendo a admissão duodenal controlada pelo piloro.

Confira o vídeo:

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