No dia 13 de março deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou, através de decreto, o surto de contágio do novo coronavírus, causador da Covid-19, como uma pandemia.
Desde então a expressão isolamento social invadiu a realidade de milhões de pessoas como forma imediata para frear a disseminação da doença. E muitos dos que não estão na linha de frente do combate ao vírus e têm o privilégio de ficar em casa aproveitam este tempo para estudar pela internet.
A ideia é manter uma rotina e, para isso, agarram-se a hábitos e sonhos (novos e antigos) a fim de lidar com o “ócio” durante esta crise mundial. Sendo assim, lives com diversas atividades pipocaram no Instagram de uma hora para outra, colegas passaram a fazer reuniões por meio de videoconferência, músicos estão tocando simultaneamente, cada um no seu estúdio caseiro e plataformas online e aplicativos disponibilizam cursos gratuitos.
Há oportunidade para aprender sobre empreendedorismo, programação, idiomas, negócios, e até mesmo sobre o próprio coronavírus, além de dicas sobre como lidar com o home office. Somente a Fundação Getúlio Vargas (FGV) conta com 55 cursos para aperfeiçoamento profissional. Entre as disciplinas, é possível se matricular em introdução à negociação e fundamentos de administração financeira. Ao fim das aulas, o aluno ainda recebe certificado.
Para quem gosta de ler, por exemplo, a Amazon do Brasil liberou uma grande quantidade de e-books no site. A educação a distância acabou se configurando como uma da poucas alternativas para as pessoas que querem manter-se atualizadas e produtivas nesta quarentena.

E desde quando ensino à distância é novidade?
É verdade que a Educação à Distância (EAD) é uma realidade antiga no mundo e no Brasil. Os estudiosos apontam que o primeiro registro aconteceu em 1728, em Boston, nos Estados Unidos. Na ocasião, um curso de taquigrafia (uma técnica para escrever à mão de forma rápida, usando códigos e abreviações) foi oferecido para estudantes em todo o país, com materiais enviados semanalmente pelo correio.
Mais de cem anos depois, em 1833, na Suécia, a universidade da cidade de Lund ofertou um curso de composição por correspondência. Em 1840, na Inglaterra, começou um curso também de taquigrafia de passagens bíblicas, em que os alunos eram incentivados a escreverem postais com textos abreviados, como ensinado no curso.
Aqui no país, de acordo com a Associação Brasileira de Ensino a Distância (ABED), a história começou em 1904, quando no Jornal do Brasil foi encontrado um anúncio nos classificados oferecendo curso de datilografia por correspondência.
A partir desse registro, vários outros fatos aconteceram. Em 1995 foi criado o Centro Nacional de Educação a Distância. No ano de 2005, a educação a distância foi conceituada oficialmente no decreto nº 5.622 de 19 de dezembro.
Apesar de toda essa trajetória, é de conhecimento geral que os setores mais tradicionais enxergam a modalidade de Ensino à Distância como algo menor, em relação aos cursos presenciais. Contudo, diante do cenário de pandemia, isso ficou para trás, pelo menos momentaneamente, já que é a única alternativa para a parcela da população que tem acesso à internet.
A mudança de comportamento foi tão repentina e significativa que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) chegou a recomendar a provedores que aumentem a capacidade de internet fornecida aos usuários por causa da doença. As quatro principais operadoras de telefonia do Brasil (Oi, Tim, Vivo e Claro), em posicionamento conjunto, afirmaram que “reforçaram o compromisso com a garantia de conectividade”.
Então, parece que esse é mesmo o momento ideal para investir nos estudos, atividades ou naquele hobby de pintar, desenhar, escrever, ler ou aprender a cozinhar. Contudo, alguns cuidados devem ser tomados. Em entrevista à Sanar, o psicólogo Danilo Caramelo frisa que cautela é fundamental para lidar com este período.
“Não é necessário temperarmos essa ansiedade com uma autocobrança exacerbada para sermos sempre produtivos. É importante buscar o equilíbrio. Tentar fazer o que puder deste um momento produtivo, cuidando da nossa saúde mental, sendo pacientes conosco. Algumas pessoas estarão enfrentando dificuldades e receios que tornam difícil a concentração, enquanto outras estarão com dificuldades não em seus sentimentos, mas na disciplina, pois em casa é muito mais fácil dispersarmos para outra atividade que não a obrigação”, lembra.
Portanto, vamos cuidar, acima de tudo, de nossa saúde mental. Principalmente os profissionais da saúde que precisam lidar, direta ou indiretamente, com toda a tensão nessa busca incessante por salvar e cuidar de vidas.

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