A estenose da valva tricúspide é uma valvopatia rara, caracterizada pela abertura inadequada (de 4 a 6 cm2 para 2 a 2,5 cm2) e diminuída dos folhetos durante a diástole. Geralmente, se apresenta na forma de dupla lesão, com graus variados de insuficiência, e possui frequente associação com valvopatia mitral. Ela é considerada importante quando a área valvar é menor que 1,0 cm2 e o gradiente pressórico médio é maior que 5 mmH
Sua causa principal é cardiopatia reumática crônica, podendo ser causada também por alteração congênita, síndrome carcinoide, lúpus eritematoso sistêmico, endocardite infecciosa, mixoma atrial direito e tumor atrial direito.
Com o orifício valvar diminuído, ocorre uma dificuldade de fluxo sanguíneo do AD para o VD durante a diástole, com isso há um gradiente de pressão entre o AD e o VD. Presença de uma tensão sistólica evolui com hipertrofia da câmara atrial, melhorando a capacidade contrátil do átrio, porém deixando-o menoscomplacente.
Os principais sintomas são fadiga, cansaço aos esforços, anorexia, ortopneia mínima e dispneia paroxística noturna. Podem ser observados hepatomegalia, ascite, edema de membros inferiores, anasarca e cianose periférica..
Na ausculta cardíaca, evidencia-se B1 hiperfonética, ruflar diastólico, com irradiação para o rebordo esternal esquerdo e foco mitral, e estalido de abertura precoce. O paciente apresenta sinais de congestão sistêmica.
Ecocardiograma É o melhor exame para confirmar o diagnóstico, além de avaliar a morfologia da valva e determinar a etiologia, gravidade e repercussões hemodinâmicas. Além disso, este exame também participa da escolha do tratamento. Evidencia área valvar tricúspide ≤ 1,0 cm2, gradiente diastólico médio AD/VD ≥ 5mmHg e aumento isolado do AD.
Betabloqueadores Podem ser administrados para controle da FC em pacientes sintomáticos, de grau moderado a grave.
Maioria dos pacientes possui outra valvopatia em associação, principalmente mitral, seguida de aórtica. Não deve ser feita a correção isolada da estenose tricúspide quando há estenose mitral concomitante, pois, o paciente corre o risco de congestão ou edema pulmonar. Nessa situação, a plastia ou troca de valva mitral é imprescindível, e a decisão da técnica depende da anatomia e da experiência do cirurgião. Em relação à troca da valva mitral por prótese, é preferível a bioprótese, devido ao alto índice de trombose de prótese mecânica.