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Manual de Clínica Médica

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1.8

BRADIARRITMIAS

As bradiarritmias consistem em distúrbios de condução elétrica, nos quais a frequência cardíaca é inferior a 50 bpm, não sendo, necessariamente, um ritmo irregular. Existe ainda a chamada bradicardia relativa, onde temos uma frequência cardíaca inferior à esperada para determinada condição, como por exemplo, um paciente com febre de 40ºC que não use inibidores do nó sinusal com FC de 60 bpm (sendo que se espera um aumento de aproximadamente 10 bpm para cada grau Celsius acima da normalidade).

DIAGNÓSTICO DE BRADIARRITMIAS

O eletrocardiograma (ECG) é uma das mais importantes ferramentas no auxílio ao diagnóstico do tipo de bradiarritmia que acomete o paciente, porém não necessariamente sua causa.

Bradicardia sinusal

Não é necessariamente uma condição patológica, pois pode ser resultado de condicionamento físico, como visto em atletas, porém também pode aparecer em condições maléficas ao organismo, não obrigatoriamente em doenças, como as resultantes do uso excessivo de drogas bradicardizantes, como os bloqueadores do canal de cálcio, betabloqueadores, digitálicos e amiodarona, ou aquelas consequentes à doenças, como degeneração do sistema de condução, coronariopatias, vagotomias (HIC, IAM de parede inferior, micção, dor) entre outras causas, intrínsecas e extrínsecas, como citado na tabela 1. Ao ECG observa-se uma onda P sinusal, portanto positiva nas derivações DI e aVF, sendo a única alteração o aumento do intervalo RR resultante da bradicardia.

Bloqueios sinoatriais (BSA)

Tipo específico de bradicardia, geralmente resultante de uma doença do nó sinusal, caracterizada pela destruição das células P marca-passo, ou sua junção à parede atrial, que leva ao aparecimento de pausas sinusais, com ou sem escapes.

Bloqueios atrioventriculares

Juntamente com a doença do nó sinusal, está entre os principais diagnósticos diferenciais das bradiarritmias. Nem sempre um bloqueio atrioventricular (BAV) resulta em baixa frequência cardíaca, porém, mesmo assim, alguns casos necessitam de tratamentos definitivos com implantes de marca-passo. É subdivido em três tipos maiores, 1º, 2º e 3º graus. No BAV de primeiro grau (figura 4) o intervalo PR (iPR) é maior que 0,2 s de duração (> 200 ms), porém toda onda P gera um QRS. É dito benigno, pois suas causas são geralmente reversíveis. Diferente do bloqueio atrioventricular de 1º grau, no BAV de 2º grau nem toda onda P gera um complexo QRS. Se subdivide em outros dois tipos.

TRATAMENTO DE BRADIARRITMIAS

Se sintomático, a conduta inicial é a estabilização e monitoramento do paciente, haja visto que o paciente pode evoluir para choque devido à bradicardia. Portanto, deve-se encaminhá-lo ao box de emergência, realizar monitorização cardíaca, manter saturação periférica de oxigênio acima de 94%, solicitar acesso venoso periférico calibroso, monitoramento não invasivo da pressão arterial e solicitar ECG com 12 derivações para estabelecer em que ritmo o paciente se encontra.

CASO CLÍNICO DE BRADIARRITMIAS

JDS, 62 anos, portador de miocardiopatia chagásica, deu entrada no hospital após síncope. ECG de admissão abaixo

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