A crise tireotóxica ou tempestade tireoidiana refere-se à síndrome clínica decorrente do excesso de hormônios tireoidianos circulantes, associada ou não ao hipertireoidismo. Apresenta exacerbação do quadro clínico de hipertireoidismo, descompensação de um ou mais órgãos e elevado risco de morte.
Como dito, trata-se de uma patologia decorrente do excesso de hormônios tireoidianos circulantes que pode ou não estar associada ao quadro de hipertireoidismo. Não existe definição exata que explique os mecanismos da doença, ainda que algumas teorias tenham sido propostas.
O excesso de hormônios tireoidianos afeta diferentes órgãos e sistemas. Sintomas comuns são palpitações, fadiga, tremores de extremidades, ansiedade, distúrbios do sono, perda de peso, intolerância ao calor, transpiração e polidipsia.
O diagnóstico da crise ou tempestade tireotóxica é essencialmente clínico. Não existe um teste laboratorial específico que identifique tal condição. São propostos os critérios diagnósticos de crise tireotóxica por Burch e Wartofsky.
• Betabloqueadores: proporcionam o controle dos sintomas induzidos pela hiperativação do sistema adrenérgico e são de grande importância no tratamento, pois o controle da frequência cardíaca levará à melhora da função cardíaca global. Entretanto, deverão ser observadas outras situações nas quais existe contraindicação para o seu uso, como asma brônquica. Em pacientes com contraindicações ao uso de betabloqueadores, o diltiazem pode ser uma alternativa. Propranolol é a droga mais utilizada. • Tionamidas: essa classe de medicamentos, chamada antitireoidianos (ATD) de síntese, tem como objetivo bloquear a formação de hormônios tireoidianos e possui dois representantes: metimazol (MMZ) e o propiltiouracil (PTU). Essa ação se inicia cerca de uma a duas horas após sua administração por via oral, a mais disponível. O propiltiouracil (PTU) é considerado a droga de escolha na crise tireotóxica por apresentar ação adicional bloqueando a conversão periférica do T4 em T3. Os dois medicamentos podem ser administrados por via alternativa (retal) quando os pacientes não tiverem a via oral disponível.
Paciente do sexo feminino, 32 anos, 55 kg, apresentou quadro de hipertermia e palpitações intensas, com agitação e tremores de extremidades, em domicílio, durante a madrugada, sendo conduzida por familiares à unidade de pronto-atendimento. À admissão, a paciente mostrava- -se confusa, mal orientada, taquidispneica, com taquicardia intensa e vômitos. A ectoscopia revelou paciente hipocorada, hidratada, anictérica, acianótica, febril (Tax: 38 o C) e com edema de membros inferiores e exoftalmia evidente. O exame específico da tireoide demonstrou glândula aumentada de tamanho, bócio difuso, sem nodulações à palpação e com presença de frêmito. O exame do aparelho cardio-respiratório mostrou taquicardia (FC = 140 bpm) e pressão arterial inaudível a ausculta. Segundo os familiares, tratava-se de paciente portadora de Doença de Graves sem tratamento medicamentoso.