As pálpebras são estruturas móveis com função básica de proteção ocular. Abrigam também diversas glândulas de secreção de conteúdo lipídico, as glândulas meibomianas, além de glândulas lacrimais acessórias. Em suas margens localizam-se os cílios, juntamente com as glândulas de Zeis e Moll. É responsável, também, pela uniformização da lágrima sobre a face exposta do globo ocular ao ato de piscar.
A formação do edema palpebral ocorre pelo aumento da permeabilidade capilar local, que resulta em um acúmulo excessivo de líquidos nos tecidos palpebrais. A pele das pálpebras apresenta-se como uma estrutura fina e frouxamente aderida aos tecidos subjacentes, facilitando a formação do edema em situações que levem à alteração da dinâmica vascular local, como nas inflamações e sangramentos.
Os achados clínicos variam de acordo a etiologia. Dentre as principais causas locais têm-se a conjuntivite alérgica e as dermatites de contato. A conjuntivite alérgica se apresenta com edema palpebral (principalmente em pálpebra inferior), prurido ocular e periocular (principal sintoma), hiperemia conjuntival, lacrimejamento, coriza, congestão, prurido nasal e espirros podem estar presentes. Em dermatites de contato notam-se lesões eritematosas, pápulo-vesiculosas, vesicular (principal achado), edema, eritema, descamação, exsudação, crosta. A principal causa de edema palpebral por dermatite de contato é devido ao uso de cosméticos.
O diagnóstico é feito de acordo com cada tipo de possível causa desencadeante do edema. Como as causas sistêmicas devem ser abordadas de maneira diferenciada, aqui será discutido apenas sobre o edema palpebral de origem local.
Miosite orbitária é confundida principalmente com celulite orbitária e oftalmopatia tireoidea. Há alteração muscular, mas a acuidade visual não está prejudicada. Associar quadro clínico com estudos analíticos e TC ou RNM com contraste de órbita e seios da face.
A abordagem terapêutica do edema palpebral depende do real fator desencadeante. Para o edema alérgico agudo, o tratamento baseia-se no uso de anti-histamínicos sistêmicos, como exemplos: loratadina 10 mg VO de 12/12 horas, dexclorfeniramina 2 mg VO de 8/8 horas, hidroxizina 25 mg de 8/8 horas e prometazina 25 mg VO de 8/8 horas ou 1 ampola IM (50 mg/2 mL), passando para uso da apresentação VO assim que possível.
J.S.S, 27 anos, sexo masculino, comparece ao pronto-socorro referindo intenso edema em pálpebra direita associado a prurido local. Paciente relata que estava no quintal de sua casa quando foi ferroado “no olho” por uma abelha, fato que ocorreu há + ou – 2 h. Ao exame: paciente em bom estado geral, lúcido e orientado, eupneico e apirético. Sinais vitais preservados.