O glaucoma é a segunda causa de cegueira mundial e quando ocorre de forma aguda é uma importante causa de urgência oftalmológica (UO). Essa patologia, também denominada glaucoma agudo primário (GAP), cursa com um rápido período de evolução podendo acarretar danos oculares por vezes irreversíveis.
O GAP pode se apresentar de forma aguda, subaguda e crônica. Apenas a forma aguda é considerada uma UO, cursando quase sempre com PIO elevada, sendo o principal fator desencadeante da lesão neuropática glaucomatosa.
A doença glaucomatosa age atingindo o DO com perda de células ganglionares da retina, causando lesão neuropática. Os sintomas do glaucoma agudo ocorrem devido à rápida elevação da PIO que pode causar uma disfunção temporária das células do endotélio corneano e isquemia transitória da retina.
O quadro clínico cursa com sintomas clássicos, como dor ocular intensa e retro-orbitária, náusea, podendo gerar vômitos, cefaleia (em geral hemicraniana e ipsilateral), fotofobia, lacrimejamento, visão de halos coloridos e visão turva.
O diagnóstico se faz pela anamnese e exame clínico em que se observa à biomicroscopia: íris com atrofia setorial, pupila dilatada não responsiva, sinéquias posteriores, epífora, cristalino em Glaukom Flecken (opacidade capsular ou subcapsular anterior associada fechamento angular primário agudo).
O glaucoma agudo faz diagnóstico diferencial com trauma ocular, ceratites, conjuntivites e uveítes. Com uma boa anamnese e exame clínico é possível diferenciar essas patologias.
Fechamento angular intermitente (subagudo); Fechamento angular agudo; Fechamento angular absoluto;
Paciente 61 anos, sexo feminino, aposentada, vai ao pronto-socorro relatando dor ocular intensa de início súbito no olho esquerdo, náusea, cefaleia hemicraniana, fotofobia, lacrimejamento e diminuição da acuidade visual. Nota-se também hiperemia conjuntival e midríase pupilar. Refere ter diagnóstico prévio de glaucoma, porém nunca tratou adequadamente.