Herpes Zoster Oftálmico (HZO) é uma doença neurocutânea causada pelo vírus Varicela zoster, pertencente à família do herpes vírus. O herpes zoster é responsável por cerca de 1% de todas as doenças de pele, e sua incidência estimada é de 2,2 a 3,4 por 1.000 hab. O ramo oftálmico do nervo trigêmeo é o segundo mais acometido, perdendo apenas para o segmento torácico, que é responsável por cerca de 50% dos casos.
A infecção primária causada pelo vírus Varicela zoster é chamada de Varicela (famosa “catapora”), doença exantemática típica da infância. Após a resolução desse quadro, o vírus permanece latente em gânglios de nervos sensitivos e por reexposição ou reativação do vírus, cerca de 20% desses pacientes desenvolvem herpes zoster. Quando o ramo oftálmico do nervo trigêmeo é acometido, dá-se o nome de Herpes Zoster Oftálmico. O mecanismo de reativação é desconhecido, mas acredita-se que a queda da imunidade celular seja um fator determinante, o que explica o maior acometimento de idosos e imunocomprometidos.
O HZO possui vários sintomas e sinais clínicos, podendo atingir todos os tecidos oculares e até mesmo tecidos anexos. As manifestações clínicas iniciais são dor e hiperestesia do dermátomo acometido unilateralmente, podendo ser acompanhada de febre. Após 3-4 dias dos pródromos surgem erupções cutâneas eritematosas ou maculopapulares que evoluem para vesículas seguidas de crostas, sendo comum o achado de exantema pleomórfico, ou seja, as lesões em vários estágios evolutivos que podem persistir por cerca de 3-4 semanas.
O diagnóstico do herpes zoster basicamente é feito pelos achados clínicos da doença. Só utilizamos exames complementares quando existe dúvida no diagnóstico. A detecção direta do vírus e a detecção indireta de anticorpos específicos são os exames complementares mais utilizados para auxiliarem no diagnóstico. O exame citológico do raspado das vesículas cutâneas também pode ser utilizado.
O tratamento do herpes zoster oftálmico é baseado no uso de drogas antivirais, que visam reduzir a replicação viral e a chance de disseminação sistêmica do vírus. Além disso, se usado nas primeiras 72 horas após o início dos sintomas, pode reduzir a incidência e gravidade das complicações oculares e da neuralgia pós-herpética. As opções disponíveis no Brasil são: Aciclovir (Zovirax®) 800 mg VO 5 vezes/dia, por 7-10 dias, Fanciclovir (Penvir®) 500 mg VO 3 vezes/dia, por 7 dias e Valaciclovir (Valtrex®) 1 g VO 3 vezes/dia, por 7 dias. No Brasil a droga mais utilizada é o Aciclovir. As formas endovenosas de antivirais estão reservadas para imunocomprometidos, pacientes com doença grave ou impossibilidade de medicação por via oral, podendo ser utilizado Aciclovir 10 mg/kg/dose EV de 8/8 h, por 10-14 dias
Paciente A.M.S., 68 anos, feminino, deu entrada no serviço de pronto atendimento médico referindo intensa dor em região periorbital e frontal associada a lesões que apareceram há alguns dias no lado direito de seu rosto. Apresentou episódios de febre não aferida e relatou edema e hiperemia ocular