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Manual de Clínica Médica

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6.7

INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA

Insuficiência Respiratória Aguda (IRpA) é a incapacidade instalada ao longo de horas ou dias do sistema respiratório em realizar adequadamente as trocas gasosas. Operacionalmente, pode ser definida como hipoxemia (PaO2 < 60 mmHg em ar ambiente) e/ou hipercapnia (PaCO2 > 50 mmHg) com acidemia (pH < 7,35), usualmente com necessidade de suplementação de oxigênio e, muitas vezes, de suporte ventilatório.

QUADRO CLÍNICO DE INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA

As manifestações clínicas incluem diversos sinais e sintomas influenciados pela etiologia da IRpA. Na anamnese, investiga-se sempre ativamente história de dispneia, sibilância, tosse, febre, anorexia, mialgias e fraqueza muscular proximal. É importante caracterizar bem a dispneia quanto à intensidade, se ocorre em repouso ou aos esforços, e se há ortopneia, platipneia ou dispneia paroxística noturna. Especial atenção deve ser reservada para o período de instalação dos sintomas e a presença de fatores agravantes;

DIAGNÓSTICO E EXAMES COMPLEMENTARES DE INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA

O diagnóstico de IRpA é dado a partir de sinais de desconforto respiratório e confirmado pela oximetria de pulso ou gasometria. Outros exames complementares, solicitados de acordo com a hipótese diagnóstica aventada, compreendem o hemograma completo, proteína C reativa, peptídeo natriurético cerebral (BNP), eletrocardiograma, ecocardiograma, radiografia de tórax, tomografia computadorizada do tórax ou angiotomografia do tórax (se há suspeita de embolia pulmonar), dentre outros. A oximetria de pulso é um recurso muito útil por ser uma medida direta e não invasiva da saturação periférica de oxigênio (SpO2 ), além da possibilidade de monitorização contínua. Pode variar em até 2-3% quando SpO2 > 88%, e por volta de 5% quando entre 70-88%, sendo menos acurado abaixo deste nível. São fatores que podem interferir na leitura: má perfusão periférica, anemia, arritmias cardíacas, artefato de movimentação e presença de esmalte.

TRATAMENTO DE INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA

paciente com queixa de desconforto respiratório deve ser prontamente avaliado, pois a IRpA não corrigida pode rapidamente evoluir para parada cardiorrespiratória (PCR). Os objetivos principais são aliviar o trabalho respiratório, evitando assim a fadiga, promovendo conforto, e corrigir a hipoxemia e a acidemia respiratória. Importante lembrar que alguns pacientes são retentores crônicos de CO2 . Nesses pacientes, o objetivo nunca será a normalização da PaCO2.

SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)

A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA, do inglês ARDS – acute respiratory distress syndrome) é um acometimento pulmonar inflamatório que pode ser desencadeado tanto por injúria primária do pulmão (aspiração, pneumonia, lesão inalatória) quanto secundária à doença inflamatória sistêmica (infecção, trauma, pancreatite). É caracterizada por lesão pulmonar heterogênea, na qual áreas saudáveis coexistem com regiões lesadas (edema intersticial e alveolar, formação de membranas hialinas) e com potencial de cicatrização anômala e consequente fibrose pulmonar.

CASO CLÍNICO DE INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA

Paciente 60 anos, 80 kg, portador de osteoartrose e hipertensão arterial sistêmica, trazido por familiares ao PS devido rebaixamento do nível de consciência. Ao exame, regular estado geral, PA: 100 x 70 mmHg, FC: 58 bpm, FR: 8 ipm, SpO2 89% em ar ambiente, sonolento, Glasgow 11, pupilas mióticas. murmúrio vesicular fisiológico, sem ruídos adventícios. Radiografia de tórax sem anormalidades, exames laboratoriais normais e gasometria arterial: pH 7,25, PO2 50, PCO2 68, HCO3 26, BE +2,0, SatO2 90%.

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