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Manual de Clínica Médica

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Índice
11.9

UVEÍTES

A uveíte é uma inflamação do trato uveal (composto por íris, corpo ciliar e coroide), podendo acometer estruturas adjacentes como a retina e seus vasos sanguíneos, corpo vítreo e nervo óptico. As causas das uveítes são exógenas, ou seja, relacionadas a fatores externos direcionados ao olho, como trauma ocular acidental ou cirúrgico, ou endógenas, sendo ocasionadas por agentes infecciosos ou doenças autoimunes.

ETIOLOGIA DE UVEÍTES

Geralmente se encontra associada à doenças sistêmicas. O diagnóstico específico é conseguido em 75 a 85% dos casos. As causas das uveítes são divididas em três grandes grupos: de origem infecciosa, autoimunes e idiopáticas.

EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DE UVEÍTES

É a quarta causa mais comum de cegueira em países desenvolvidos, responsáveis por 10% do total dos casos de cegueira. São mais comuns em adultos jovens, entre 20 e 40 anos. Frequentemente ocorre como manifestação secundária de enfermidades inflamatórias e/ou infecciosas. A toxoplasmose é responsável por cerca de 70% dos casos de uveíte no Brasil. Cerca de 30% da população brasileira tem sorologia positiva para o toxoplasma. A toxoplasmose sistêmica geralmente apresenta um quadro assintomático e se manifesta na forma de um resfriado comum. Os únicos hospedeiros definitivos do toxoplasma gondii são os gatos e outros felídeos, esses eliminam o oocisto em suas fezes e contaminam o ambiente. A transmissão ao homem ocorre devido à ingestão de água, frutas, verduras, ou carnes mal-cozidas contaminadas pelo oocisto e pela forma congênita. A toxoplasmose ocular é uma panuveíte (afeta todo o trato uveal) podendo levar à retinocoroidite, que é a inflamação que se inicia na retina levando a necrose e exsudação do vítreo, acometendo posteriormente a coroide, com formação de lesões satélites.

QUADRO CLÍNICO DE UVEÍTES

Os achados clínicos dependem da causa da infecção, da localização e da duração do processo inflamatório ocular. Os principais sintomas são: hiperemia conjuntival, dor ocular e/ou a movimentação ocular, diminuição da acuidade visual e miiodopsia (“mosca volante”). Os principais sinais que podem estar presentes ao exame oftalmológico incluem: hiperemia conjuntival, PKs, reação de CA, sinéquias, hipópio, hifema, nódulos irianos, vasculites, vitrites e lesões coriorretinianas.

DIAGNÓSTICO DE UVEÍTES

Para se fazer o diagnóstico das uveítes é necessário uma anamnese minuciosa, um exame ocular bem detalhado e uma avaliação sistêmica e laboratorial pertinente, com o objetivo de sugerir uma etiologia seja infecciosa ou não infecciosa.

TRATAMENTO DE UVEÍTES

Para o tratamento deve-se conhecer a história, a causa da uveíte e também as comorbidades do indivíduo e, diante de suspeita, é preciso encaminhar ao oftalmologista com urgência. O tratamento das uveítes visa controlar a inflamação, a dor e prevenir as complicações oculares. Cada tipo de uveíte requer um tratamento específico e, para tanto, varia de acordo com a causa, podendo utilizar: corticoides tópicos e/ou sistêmicos, cicloplégicos tópicos, antibióticos tópicos e/ou sistêmicos, antifúngicos, antivirais, antiparasitários, anti-inflamatórios e até imunossupressores. Porém, o tratamento inicial padrão para todas as uveítes anteriores consiste em: Midriáticos (Tropicamida 1%, 1 gota de 6/6 h, por 7 dias) e corticoides tópicos (Dexametasona 0,1% + Predinisolona 1%, 1 gota de 4/4 h, por 7 dias). O corticoide deverá ser efetuado com o desmame progressivo, sempre acompanhado pelo oftalmologista, para chegar à causa e fazer a melhor opção terapêutica.

CASO CLÍNICO DE UVEÍTES

Paciente 34 anos, sexo feminino, moradora da zona rural. Refere há + ou – três dias, visão turva em olho direito, com “mosca volante”, olho vermelho, lacrimejando e ausência de secreção. Nega trauma ou doenças prévias.

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