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Manual de Urgências e Emergências em Pediatria

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Índice
8.1

INTRODUÇÃO DE MAUS TRATOS

Todo profi ssional da área da saúde deve estar bem preparado e familiarizado com os fluxogramas de conduta frente aos casos suspeitos ou confi rmados de maus-tratos na infância e adolescência, especialmente os pediatras por terem mais contato com a população desta faixa etária. Além disso, eles sempre devem estar atentos, pois, na grande maioria das situações, tais casos aparecem mascarados em outros problemas, sintomas e queixas, o que difi - culta o raciocínio diagnostico de violência.

DEFINIÇÃO DE MAUS TRATOS

Maus tratos são quaisquer tipos de ações/omissões aplicadas de forma consciente ou não que provocam dor física ou emocional na criança ou adolescente. Tipificados pelo Código Penal Brasileiro como crime, são praticados por pessoa mais velha, responsável ou com algum grau de parentesco da vítima.

CATEGORIAS DE MAUS TRATOS

. Psíquica: apresenta maior grau de dificuldade na sua conceituação e diagnóstico. Nela, estão incluídas ameaças e humilhações, muitas vezes praticadas por puro despreparo dos pais diante da responsabilidade de educar e auxiliar no desenvolvimento de seus filhos. 2. Sexual: uso de menores de idade para prazer sexual de pessoas mais velhas. Dentre as ações aqui classificadas estão desde caricias até o ato sexual em si. 3. Física: utilização intencional de força do próprio corpo ou de objetos para manter o poder do dito mais forte sobre o mais fraco. 4. Negligência: atitudes de omissão por parte daqueles que têm a obrigação de cuidar, tendo no abandono o seu ápice. Pode ter origem na situação sociocultural ou na perda do vínculo entre pais e filhos

DIAGNÓSTICO DE MAUS TRATOS

• Fatores de risco: filhos que não aprenderam a respeitar limites, crianças que não atendem às expectativas dos pais e crianças/adolescentes que não foram educados pelos pais. • Sinais gerais: os primeiros que surgem são de caráter emocional e não físico, logo, não conseguimos medir sua extensão e consequências que serão determinadas por fatores como a idade em que ocorreu a agressão, a intensidade e cronicidade.

ANAMNESE DE MAUS TRATOS

O profissional deve buscar obter uma visão ampla da situação, tendo como passo inicial o relato da própria criança/adolescente, preferencialmente, sem a presença de seus pais, pois, assim, elas tendem a se sentir mais seguras e, por isso, relatar os fatos com mais detalhes

AVALIAÇÃO FÍSICA DE MAUS TRATOS

é fundamental e deve ser a mais minuciosa possível, buscando não só alterações atuais ou recentes, mas também lesões mais antigas. O exame da região genital sempre deve ser realizado. É importante perceber que, muitas vezes, as próprias vítimas irão negar as agressões

AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR DE MAUS TRATOS

1. Hemograma completo e coagulograma; 2. CPK, amilase, TGO/TGP 3. EAS

O QUE AVALIAR NA MAUS TRATOS

• Tipo de agressão (e sua extensão): não tão importante nos abusos psicológicos e sexuais, pois retrata apenas agressões físicas atuais, sem revelar violências de caráter psicológico ou violências anteriores que, no presente momento, não estão evidenciadas. • Estado geral (Físico e Mental): serve como ponto de análise do tempo, agressividade e sequelas. • Características do agressor e seu vínculo com a vítima: ao avaliar esse ponto, o médico pode determinar o risco de novas agressões às quais o paciente está submetido. • Suporte familiar

CLASSIFICAÇÃO DA AGRESSÃO DE MAUS TRATOS

Uma agressão é considerada leve quando há correto suporte familiar, sem repercussões físicas e psicológicas para a vítima, lesão única e esporádica e presença de bom vínculo com o agressor. As agressões que precisam de acompanhamento seja ele médico e/ ou psicológico são ditas graves. Tendo maior gravidade aquelas que deixam algum tipo de sequela e as que são fatos repetitivos

ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL DE MAUS TRATOS

Toda vítima de maus-tratos deve ser submetida a uma avaliação psicológica e posterior tratamento, pois essas experiências costumam deixar marcas na personalidade e comportamento de quem as sofre

NOTIFICAÇÃO DE MAUS TRATOS

o profissional torna aquele caso evidente aos olhos dos órgãos públicos responsáveis, que devem tomar as medidas cabíveis para proteger a criança ou adolescente, tendo em vista que deverão ser tomadas decisões para interromper as atitudes violentas às quais o paciente vinha sendo submetido

CONCLUSÕES DE MAUS TRATOS

Sabe-se que é impossível prever e estimar os danos causados à vítima de maus-tratos. A forma como ela irá lidar com a situação depende de diversos fatores como a capacidade física e emocional de entender o ocorrido, bem como da estrutura de apoio que ela detém.

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