A ascite é defi nida como o acúmulo patológico de líquido na cavidade peritoneal, além do volume fi siológico encontrado (25-50 mL), devido à desordem na regulação dos fluidos extracelulares. É a manifestação mais frequente em pacientes com hipertensão portal na cirrose hepática. Cerca de 80% dos acometidos cursam com cirrose hepática como fator etiológico. Todavia, há varias causas para esse quadro clínico, e o paciente pode evoluir com ascite mista, ou seja, possui um patologia pulmonar associada, a exemplo da tuberculose.
Durante o processo de cirrose, ocorre uma retenção renal de sódio e água, devido à ativação de compostos natriuréticos e vasoconstrictores, com o objetivo de manter a pressão arterial (PA). Todavia, nos estágios avançados, observa-se uma vasodilatação arterial esplâncnica expressiva, associada a uma queda no volume arterial efetivo, ocasionando o decréscimo da PA. Juntamente por isso, a hipertensão portal acaba por também contribuir para a alteração na pressão e permeabilidade capilar intestinal, de modo que é gerado uma retenção de fluido para dentro da cavidade abdominal.
Fatores de risco para doença hepática: • História prévia de neoplasia; • Insuficiência cardíaca; • Tuberculose; • Obesidade
• Presença de macicez nos flancos (se acúmulo de líquido > 1500 mL); • Sinais de ascite (piparote positivo, macicez móvel, semicírculo de skoda); • Circulação colateral; • Esplenomegalia; • Sinais de doença hepática crônica (ginecomastia, pelos escassos, icterícia, telangiectasias, aumento das parótidas, flapping); • Sinais de insuficiência cardíaca direita (sinal de
Indicações para realização de paracentese no paciente com ascite: • Ascite recente; • Paciente com cirrose que começa a apresentar febre, dor abdominal, alteração do estado mental, palpação abdominal dolorosa, hipotensão e insuficiência renal;
• Restrição de sódio; • Restrição de líquido (apenas se sódio sérico menor que 125 mEq/L); • Repouso relativo; • Diuréticos: iniciar espironolactona (100 a 400 mg/dia), associada ou não à furosemida (40 a 160 mg/dia), aumentando progressivamente, de acordo com a resposta clínica. É importante evitar perda rápida de líquido, sendo o máximo de 1 kg/dia (se edema MMII) e 0,5 kg/dia (se não houver edema de MMII).
Vale salientar que o tratamento com diuréticos está ligado a algumas complicações, tais como: hiponatremia; depleção intravascular; alcalose metabólica; encefalopatia hepática e hiper ou hipopotassemia, as mais comuns. Pode ocorrer ginecomastia dolorosa após o uso de espironolactona.