É uma emergência oncológica, sendo uma grave complicação decorrente das alterações geradas pela lise celular aguda (com liberação de produtos intracelulares). Hipercalemia, hiperuricemia, hipocalcemia, hiperfosfatemia e lesão renal aguda são algumas das anormalidades metabólicas que podem ocorrer resultantes desse processo. É fundamental avaliar os fatores de risco e promover uma profi laxia adequada a fi m de diminuir a incidência da síndrome de lise tumoral (SLT).
Essa síndrome está mais associada aos tumores hematológicos (ex: linfoma não Hodgkin agressivos, leucemia linfoide aguda) do que aos tumores sólidos (ex: câncer de mama ou de pulmão), e, na maioria das vezes, está relacionada ao tratamento do câncer (não espontâneo). Fatores que influenciam são: taxa de proliferação tumoral, carga tumoral e sensibilidade do tumor ao tratamento.
Os sintomas associados à lise tumoral são mais frequentes 48-72h depois do início do tratamento para o câncer, e são eles: arritmias e alterações neuromusculares (em virtude da hipercalemia ou hipocalcemia); oligúria; anúria; náuseas; vômitos; diarreia; convulsões; sinais ou sintomas de uremia. Podem estar presentes também os sintomas relacionados à neoplasia de base, os quais são muito variáveis (de acordo com o câncer em questão).
A SLT é classificada de acordo com o tipo de neoplasia (tumor sólido ou hematológico), relação com o tratamento (se foi de ocorrência espontânea ou precipitada pelo tratamento instituído). Embora não exista, até o momento, uma classificação universalmente aceita para SLT, alguns critérios podem ser utilizados, como os de Cairo-Bishop, conforme consta em tabela abaixo. Os exames laboratoriais devem ser feitos de imediato e servem para indicar a gravidade do quadro, e a necessidade de monitorização em intervalos de 2-6 horas. Exames que devem ser solicitados incluem: hemograma; função renal; eletrólitos; desidrogenase lática; perfil hepático; CPK; exames de coagulação; exame de urina; ácido úrico; fósforo; cálcio; potássio; gasometria arterial. Exames de imagem devem ser solicitados de acordo com as particularidades da anamnese.
Deve ser diferenciada de outros tipos de injúria renal que podem acometer pacientes oncológicos, identificando a causa ou os fatores potencializadores de lesão, como: infecção, desidratação, lesão provocada por abuso de anti-inflamatórios, compressão ou invasão do aparelho urinário pelo tecido tumoral, exposição à nefrotoxinas.
O fundamental é promover rápido alívio dos sintomas e corrigir as alterações metabólicas que podem estar presentes. Medidas preventivas: é importante frisar essas medidas em pacientes oncológicos, sobretudo aqueles com maior risco de evoluir para um quadro de SLT. Estão entre os principais fatores: doença renal preexistente; desidratação; linfoma de Burkitt; doença avançada; acometimento abdominal; aumento sérico do fósforo e ácido úrico; LDH elevada acima de duas vezes.
O risco de morte do paciente está diretamente relacionado com idade, estado funcional e comorbidades prévias. Achados como o aumento de ureia e creatinina indicam maior gravidade.