O sangue no sistema circulatório, em condições fisiológicas, segue sempre um mesmo trajeto. Isto significa que o sangue que chega aos capilares sistêmicos cheio de nutrientes e oxigênio, obrigatoriamente, passou pelos pulmões previamente e, portanto, possui uma maior concentração de oxigênio do que nesses tecidos, permitindo a difusão por gradiente de concentração. Caso essa passagem pela circulação pulmonar não ocorra, uma porção de sangue pode alcançar os capilares sem que os gradientes dos gases estivessem suficientemente altos a ponto de favorecer a troca nos tecidos, o que poderia levar a hipoxemia e até morte tecidual
A análise do ciclo cardíaco pode se dar a partir de qualquer uma de suas fases, pois, se trata de um ciclo, assim como, podemos analisar a partir de qualquer um dos ventrículos, considerando que os mesmos princípios estarão ocorrendo também no outro. Sendo assim, para nossa explicação, vamos iniciar o ciclo voltando a atenção para o momento em que o ventrículo esquerdo já está preenchido pelo sangue originário da circulação pulmonar e o ventrículo direito pelo sangue da circulação sistêmica.
A contratilidade miocárdica cessa e se inicia o relaxamento ventricular. Porém, apesar do ventrículo entrar em diástole, dois fatores promovem a continuidade do fluxo: o gradiente de pressão que ainda é favorável ao ventrículo e há também um favorecimento inercial (“um corpo que está em movimento, tende a continuar em movimento”).
Durante todo o período em que as valvas atrioventriculares estão fechadas, o sangue oxigenado continua a chegar da circulação pulmonar e sistêmica e se acumular nos átrios, resultando no aumento de pressão resultante dessa expansão de volume. Somado a isto, na etapa que estamos descrevendo agora, está ocorrendo o relaxamento do ventrículo esquerdo. A soma destes fatores resulta na superação da pressão dos átrios sobre os ventrículos, forçando a reabertura da valva atrioventricular e, consequentemente, o sangue que estava nos átrios é despejado rapidamente para adiante