O nosso corpo possui dois grandes sistemas de regulação: o sistema endócrino e o sistema nervoso. Ambos interagem visando manter todo o funcionamento equilibrado e dentro dos padrões, o que chamamos de homeostase. Quando nos referimos ao sistema circulatório, não é diferente. Por isso, podemos dividir didaticamente regulação em três categorias: a regulação local (orquestrada pelo próprio órgão), regulação humoral (endócrina) e a regulação nervosa. Estes sistemas irão interagir entre si promovendo respostas a curto e a longo prazo. O legal é que as respostas a curto prazo possuem uma ação rápida e de breve duração (segundos a minutos), para situações de emergência, enquanto que as respostas a longo prazo possuem uma ação mais lenta, porém com efeito mais duradouro (horas a dias).
A demanda tecidual é o principal fator determinante da regulação local. Será em resposta a essa demanda que ocorrerá um maior ou menor aporte sanguíneo para uma determinada região. Entende-se como demanda, além da necessidade de suprimento de oxigênio e outros nutrientes (glicose, aminoácidos e ácidos graxos), as outras funções do sistema: remoção de dióxido de carbono e íons de hidrogênio do tecido, manutenção de concentrações apropriadas de outros íons necessários para o metabolismo e também o transporte de hormônios e outras substâncias para o local.
O oxigênio tem papel no controle do fluxo sanguíneo também a longo prazo. A neovascularização a partir da angiogênese, que é a formação de novos vasos a partir de um pré-existente para suprir a baixa oferta de O2 e o estresse oxidativo de uma determinada região, nada mais é do que um mecanismo de longo prazo de regular um fluxo para uma região, concorda? Vimos isso no Capítulo 1. O que não vimos no Capítulo 1 e deixamos para falar agora é que a angiogênese pode, também, ser patológica: por exemplo, promover o crescimento de um tumor que já ficou muito grande para receber apenas demanda local por difusão (5).
O endotélio, camada interna de revestimento dos vasos sanguíneos tem a capacidade de autorregulação através da liberação de fatores vasoativos como o óxido nítrico e a endotelina
A regulação humoral é o controle da circulação feito por substâncias que atuam basicamente no diâmetro dos vasos. Logo, podemos dividir essas substâncias em agentes vasoconstritores e agentes vasodilatadores
Em situações de exercício e de estresse (luta ou fuga) o sistema nervoso autônomo simpático responde com liberação de norepinefrina. Além de ter sua própria ação vasoconstritora potente, a norepinefrina aumenta a frequência e a força dos batimentos cardíacos e estimula a medula das glândulas suprarrenais a produzir e liberar ainda mais norepinefrina e epinefrina
A angiotensina II é o produto final da cadeia do sistema renina-angiotensina- aldosterona e é um vasoconstritor potente. Sua ação se dá principalmente em um receptor conhecido como AT1, bem distribuído por todos os órgãos do corpo. O receptor AT1 age em proteínas Gs da membrana plasmática que estimularão fosfolipases C a produzir inositol 3-fosfato que se ligará ao seu receptor no retículo sarcoplasmático e abrirá um canal para efluxo de cálcio. Mais cálcio na célula: mais contração. Age também no metabolismo do ácido aracdônico, que através de prostaglandinas, tromboxano A2 e leucotrienos também irá induzir a vasoconstricção
A vasopressina é um peptídeo sintetizado pelo hipotálamo em resposta a situações de hipovolemia ou hipotenso. Além de promover a retenção de líquido, aumentando o volume sanguíneo, a vasopressina também tem efeito vasoconstritor
Descoberta por três fisiologistas brasileiros em 1949 no campus de Ribeirão Preto da USP a partir de testes com veneno de jararaca, a bradicinina provoca tanto a dilatação arteriolar, quanto o aumento da permeabilidade capilar, ou seja, o aumento dos poros capilares. O efeito da bradicinina é mais lento que o da substância que, na verdade, os cientistas estavam estudando na época, a histamina. Por ser mais lento, foi nomeada bradicinina
Ação semelhante à bradicinina e é liberada por mastócitos e basófilos (células sanguíneas) nos processos inflamatórios, principalmente, nas reações alérgicas e tem ação predominantemente vasodilatadora por ação na proteína G, nesse caso liberando ON
Nucleosídeo simples presente em abundância no corpo, é a molécula básica do ATP e do AMPc, que tanto comentamos aqui. Quando na forma pura, a adenosina sofre rápido catabolismo de uma enzima chamada adenosina deaminase, e é transformada em inosina
Os íons cálcio que provocam vasoconstrição, enquanto que os íons potássio e magnésio promovem a vasodilatação