Os hormônios produzidos pelo pâncreas, sobretudo a insulina e o glucagon, são muito importantes na regulação do metabolismo da glicose, lipídios e proteínas. Quando falamos nesses hormônios associamos logo ao “açúcar no sangue”, mas veremos nesse capítulo que as funções deles vão muito além disso.
A insulina é uma pequena proteína formada por duas cadeias de aminoácidos unidas por ligações dissulfeto. Ela é produzida pelas células beta da mesma maneira que todo hormônio proteico é produzido, como vimos no capítulo 1.
Para a insulina ser liberada é necessário o aumento da concentração de glicose sanguínea, visto que ela é a regulação primária da secreção de insulina. Quando a glicose sérica aumenta, os transportadores de glicose (GLUT-2) presentes nas células beta, permitem a passagem de glicose para dentro da célula. No meio intracelular essa glicose sofre ação da glicocinase e é fosforilada em glicose-6-fosfato, essa é oxidada e forma trifosfato de adenosina (ATP) que age inibindo os canais de potássio sensíveis ao ATP da célula.
Ao ser liberada ela começa a exercer seus efeitos quando chega na célula alvo e se liga ao receptor de membrana específico. Esse receptor é uma proteína formada por 4 subunidades: 2 alfa localizadas fora da célula e 2 beta que atravessam a membrana plasmática e se localizam na parte interna da célula. Essas subunidades são unidas por pontes dissulfeto e quando a insulina se liga à subunidade alfa provoca autofosforilação nas subunidades beta. Isso causa ativação de uma tirosinocinase local que causa fosforilação de outras enzimas intracelulares , incluindo os substratos do receptor de insulina (IRS) (veja esse processo na Figura 5.6).
A insulina, como você já deve ter ouvido falar, é um hormônio hipoglicemiante, ou seja, reduz a concentração sérica de glicose. Quando ingerimos uma refeição, a quantidade de glicose no sangue aumenta e nossas células beta pancreáticas são estimuladas a liberar grande quantidade de insulina.
O efeito mais conhecido da insulina é sobre os carboidratos, sobretudo a glicose. Assim que o receptor ativa a maquinaria intracelular, cerca de 80% das nossas células aumentam a capacidade de captação de glicose, principalmente as células adiposas e musculares.
Como você já sabe, a insulina aumenta a utilização de glicose pelas células. Esse carboidrato é a principal fonte de energia das células, mas não é a única. As proteínas e os lipídeos também funcionam como fonte energética, normalmente quando a glicose não pode ser utilizada. Dessa forma, a insulina ao aumentar a utilização de glicose, reduz o uso dessas outras fontes.
A insulina funciona como um hormônio anabólico, ou seja, promove o armazenamento de carboidratos, lipídios e também das proteínas, sobretudo após as refeições quando o sangue está com excesso desses nutrientes.
A insulina é estimulada e atua no controle de carboidratos, lipídeos e proteínas. O principal e mais conhecido estímulo para a secreção de insulina é o aumento da glicemia sérica. Atualmente, segundo a Associação Americana de Diabetes (ADA) e a última Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD-2016-2017), considera-se normal valores de glicemia de jejum até 99mg/dl (até 2003 o valor de normalidade era até 110m/dL).
O glucagon é o hormônio produzido pelas células alfa pancreáticas, sendo conhecido como um hormônio hiperglicemiante. O principal papel dele no nosso corpo é antagônico ao da insulina, agindo de modo a promover elevação da glicose sanguínea quando ela está baixa. Enquanto a insulina estimula a formação do glicogênio hepático, o glucagon realiza a glicogenólise, ou seja, a quebra do glicogênio em glicose, além de estimular a gliconeogênese hepática.
Assim como da insulina, o principal responsável pela regulação da liberação de glucagon é a glicose sanguínea. Se há hipoglicemia, há o estimulo para liberação; se há o aumento da glicemia, ocorre a inibição da secreção.
A somatostatina é um hormônio produzido pelas células delta e é basicamente um hormônio inibitório. Ele é liberado sempre no período pós-prandial, sendo estimulado por aumento da glicemia, de aminoácidos sanguíneos, de ácidos graxos e dos hormônios gastrointestinais.