Medicina do trabalho – 3 desafios de uma gestão ocupacional eficiente | Colunistas

Índice

A medicina do
trabalho é uma área em expressiva progressão, já que a presença de um médico
que atue neste setor é cada vez mais necessária segundo a legislação atual
(Norma Reguladora nº 4).

A medicina do
trabalho se ocupa de prevenir e detectar patologias ligadas a relação do
trabalhador com seu ofício e os riscos envolvidos nele, além disso, se ocupa da
promoção de saúde. Devemos lembrar, porém, que as funções do médico do trabalho
não se limitam apenas à prática médica, mas que este pode atuar como sujeito
fundamental nas decisões estratégicas da empresa ou indústria em questão.
Quando pensamos na atuação médica dessa forma, entendemos que ela se torna um
ponto chave na promoção de uma gestão ocupacional eficiente.

A saúde
ocupacional é um conceito moderno mais relacionado a promoção de qualidade de
vida dentro do ambiente laboral, bem como a prevenção de agravos, do que ao
tratamento de patologias muitas vezes preveníveis. A atuação do médico na
empresa pode ajudar nas suas estratégias, uma vez que o trabalhador é um
colaborador do empreendimento, e efetuar ações garantindo a segurança laboral
configura não só proteção para a própria empresa em relação aos custos de
tratamento e possíveis processos, mas como uma ação melhoradora do desempenho
desses trabalhadores no ambiente profissional.

Mas de que
forma podemos pensar numa atuação médica nesse sentido? Que estratégias podemos
pensar para uma gestão ocupacional mais eficiente? Aqui, iremos elencar três
possibilidades!

1.     
Médico como participante das reuniões
estratégicas

Com o seu
conhecimento de fisiopatologia das doenças, de ergonomia, bem como a experiência
adquirida atuando na medicina do trabalho, o médico aparece como um
profissional diferenciado. O olhar sensível do médico é capaz de detectar riscos
potenciais, prevenir agravos, promover saúde e efetuar observações ou pequenos
estudos sobre a incidência de patologias diversas na população daquela empresa.
Dessa forma, além de cumprir a regulamentação básica exigida para o médico que
ocupa essa função, utilizar o olhar clínico para pensar estratégias junto com a
gestão da empresa traz benefícios para esta, pois o profissional de saúde atua
facilitando as escolhas no que concerne a segurança do trabalhador. O médico
tem informações que interessam aos gestores. O mapeamento de patologias também
é útil quando se pode contar com outros profissionais, como outros médicos
especialistas, psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas.

2.     
Implementação de programas públicos e
iniciativas da própria empresa

Além de
cumprir o básico exigido por lei, cabe à gestão “pensar fora da caixa”, ou
seja, além de atuar antecipando os riscos ocupacionais e prevenindo os danos
associados a eles, é válido reconhecer e lidar com a saúde do trabalhador como
um todo. É importante que o empregador pense no que ele entende por qualidade
de vida. Aí a atuação médica também é chave na identificação das doenças
crônicas e fatores de risco.

Mas, por que?
Uma vez com esse conhecimento em mãos, trazer para dentro da empresa programas
públicos de saúde – como exemplo, a assistência a tabagistas, hipertensos e
diabéticos – minimiza gastos para o empreendimento. Uma conversa direcionada
com o pessoal da nutrição da empresa também pode ter ótimos impactos, não só
para os profissionais que têm restrições dietéticas, mas para aqueles para os
quais o foco é ainda a prevenção – além disso, cada vez mais se relaciona os
picos glicêmicos associados a uma refeição com indisposição e dificuldade de
concentração.

Aqueles
estabelecimentos com um número maior de empregados também podem se beneficiar
da construção de ambulatórios e enfermarias. São custos adicionais pequenos
para a empresa que, muitas vezes, previnem eventuais perdas maiores no futuro.

Um outro ponto
que vale a pena citar aqui é a promoção ativa de qualidade de vida.  Isso pode ser feito através de investimento da
própria empresa ou com ações cujo custo seja dividido com o funcionário. Podem
ser instituídas medidas que impactem diretamente na vivência do trabalho
naquele lugar, e podem ser citados como exemplos momentos semanais de exercício
físico para trabalhadores que operam sentados na maior parte do tempo. Sessões
de massagem e manicure são outros exemplos adotados por algumas empresas.

3.     
Educação dos trabalhadores  

A saúde do trabalhador não é responsabilidade única da empresa, mas dele próprio também! Isso é um ponto bem importante! Conscientizar os empregados dos riscos envolvidos na execução daquela determinada atividade por um longo prazo ou se não forem tomadas as devidas precauções. Esses riscos podem ir desde o fato de passar grande parte do expediente sentado digitando até a exposição a ruídos. Aquele trabalhador que opera sentado digitando pode aprender exercícios e alongamentos manuais que previnam ou aliviem possíveis dores associadas, bem como aqueles que operam em ambientes ruidosos podem ser os primeiros a noticiarem os empregadores sobre a necessidade de proteção. Sem dúvidas, muitas outras estratégias existem, mas aqui nos limitamos a discutir aquelas em que há maior possibilidade de atuação médica.


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