Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC): o que é, sintomas e mais

DPOC
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A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma doença comum, prevenível e tratável que é caracterizada por sintomas respiratórios persistentes e limitação do fluxo aéreo.

A história natural da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) caracteriza-se por piora funcional e clínica progressiva. Além de exacerbações agudas frequentes que podem levam à falência respiratória com necessidade de internação em UTI e suporte ventilatório invasivo ou não invasivo.

O que é a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)?

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição respiratória crônica e progressiva que afeta os pulmões. É caracterizada por uma obstrução persistente do fluxo de ar que dificulta a respiração. A DPOC é geralmente causada por danos nos pulmões ao longo do tempo, principalmente devido ao tabagismo, embora também possa ser causada por exposição prolongada a substâncias irritantes no ambiente de trabalho, como poeira, produtos químicos ou fumaça.

Os principais componentes da DPOC são a bronquite crônica e o enfisema pulmonar. A bronquite crônica envolve a inflamação e irritação dos brônquios (as vias aéreas principais dos pulmões), levando à produção excessiva de muco e tosse persistente.

O enfisema, por outro lado, envolve a destruição gradual dos alvéolos pulmonares (pequenas bolsas de ar nos pulmões) e a perda de elasticidade pulmonar, o que dificulta a expiração do ar.

Epidemiologia

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. A DPOC é uma doença comum, afetando cerca de 10% da população adulta mundial. Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas tenham DPOC em todo o mundo.

A DPOC afeta homens e mulheres, mas a prevalência tende a ser maior em homens. No entanto, devido ao aumento do tabagismo entre as mulheres, a taxa de DPOC está aumentando entre elas. Quanto à idade, a doença é mais comum em pessoas acima dos 40 anos, embora possa ocorrer em idades mais jovens, especialmente em casos de exposição significativa a fatores de risco.

Quais os fatores de risco para o desenvolvimento da DPOC?

Usualmente, a doença decorre da interação de fatores ambientais e do indivíduo. O tabagismo é o principal fator de risco ambiental. Os fatores individuais que favorecem o aparecimento da DPOC são:

  • Alterações genéticas, em especial a deficiência de alfa-1-antitripsina
  • Hiperresponsividade brônquica
  • Desnutrição
  • Redução do crescimento pulmonar durante a infância ou gestação
  • Infecções pulmonares recorrentes

Fisiopatologia

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada por uma fisiopatologia complexa que envolve vários processos nos pulmões. A inflamação crônica das vias aéreas é uma das características centrais da DPOC. Com a exposição prolongada à fumaça do tabaco e a outras substâncias irritantes ocorre uma resposta inflamatória persistente nas vias aéreas. Isso leva ao recrutamento de células inflamatórias, como:

  • Neutrófilos
  • Macrófagos
  • Linfócitos

Essas células liberam mediadores inflamatórios, como citocinas e enzimas proteolíticas. Esses mediadores inflamatórios causam danos nas células das vias aéreas, levando à obstrução do fluxo de ar.

A obstrução do fluxo de ar é o resultado da inflamação crônica que causa alterações nas vias aéreas e nos tecidos pulmonares. As vias aéreas tornam-se mais estreitas devido ao aumento da produção de muco, espessamento da parede das vias aéreas e contração dos músculos ao redor delas. Além disso, a destruição gradual dos alvéolos pulmonares, conhecida como enfisema, ocorre como resultado da ação de enzimas proteolíticas liberadas durante a inflamação. Isso leva à perda de elasticidade pulmonar e redução da área de superfície disponível para a troca de gases.

A combinação da inflamação crônica, obstrução das vias aéreas e destruição dos tecidos pulmonares resulta em sintomas característicos da DPOC.

A fisiopatologia da DPOC é um processo contínuo, no qual a inflamação crônica e a obstrução das vias aéreas perpetuam-se mutuamente. Essas alterações progressivas nos pulmões levam a uma perda irreversível da função pulmonar ao longo do tempo, resultando em uma redução na qualidade de vida dos pacientes e um aumento do risco de complicações respiratórias, como infecções pulmonares.

Qual o quadro clínico de um paciente com DPOC?

Os pacientes com DPOC experimentam:

  • Tosse crônica
  • Produção excessiva de muco
  • Dispneia
  • Sibilância

Além desses sintomas respiratórios principais, a DPOC também pode estar associada a sintomas secundários e complicações, como:

  • Perda de peso
  • Fadiga
  • Diminuição da capacidade de exercício
  • Recorrência de infecções respiratórias (como pneumonia ou bronquite) e
  • Descompensação respiratória aguda (exacerbações).

Essas exacerbações são episódios agudos em que os sintomas da DPOC se intensificam, resultando em dificuldade respiratória grave e requerendo atenção médica imediata.

Como fazer o diagnóstico de DPOC?

O diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) envolve uma avaliação clínica abrangente, incluindo histórico médico, exame físico, testes de função pulmonar e, às vezes, exames complementares.

Anamnese

O médico realizará uma entrevista detalhada com o paciente para obter informações sobre:

  • Sintomas respiratórios
  • Exposição a fatores de risco (como tabagismo ou exposição ocupacional)
  • Histórico familiar de doenças pulmonares
  • Impacto dos sintomas na qualidade de vida diária.

Exame físico na DPOC

Durante o exame físico, o médico pode observar sinais como:

  • Sibilos
  • Expansão reduzida do tórax
  • Presença de cianose
  • Presença de tosse crônica
  • Produção excessiva de muco.

Testes de função pulmonar

Os testes de função pulmonar são fundamentais para confirmar o diagnóstico de DPOC e avaliar a gravidade da doença.

O teste mais comum é a espirometria, que mede a capacidade pulmonar, o fluxo de ar e a capacidade de exalação forçada. A espirometria mostra uma redução do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) em relação à capacidade vital forçada (CVF), confirmando a obstrução do fluxo de ar característica da DPOC.

Avaliação da reversibilidade

Em alguns casos, um teste adicional chamado teste de broncodilatação pode ser realizado após a espirometria.

Nesse teste, é administrado um broncodilatador (medicamento que relaxa as vias aéreas) e a espirometria é repetida para avaliar se há reversibilidade da obstrução do fluxo de ar.

Avaliação de outros exames

Em alguns casos, podem ser solicitados exames adicionais, como:

  • Radiografia de tórax
  • Tomografia computadorizada de tórax
  • Exames de sangue

Esses exames são utilizados para descartar outras condições pulmonares e avaliar complicações da DPOC.

Por que é necessário fazer o estadiamento da DPOC?

O estadiamento da DPOC é importante para estabelecer o prognóstico e categorizar o tratamento. Um sistema de estadiamento ideal deve estar fortemente correlacionado com a mortalidade, morbidade e estado de saúde. Tradicionalmente, a gravidade da DPOC é definida pelo grau de obstrução, avaliado pelo volume expiratório forçado no primeiro segundo após o uso de broncodilatador (VEF1 pós-BD).

Os pontos de corte sugeridos para a mensuração do VEF1 para estadiamento variam, e há diferenças significativas entre as diretrizes emitidas pelas várias sociedades de prestígio em pneumologia. No entanto, o VEF1 não se correlaciona bem com a dispneia, que é o sintoma mais importante em pacientes com DPOC.

Tratamento

Quanto ao tratamento dos casos de agudização da DPOC, basicamente, se objetiva evitar a hipoxia tecidual e controlar ou reverter a hipercapnia e a acidose. Portanto, a primeira medida que deve ser tomada é o fornecimento de oxigenoterapia suplementar, reduzindo a vasoconstrição pulmonar e melhorando o nível de consciência do paciente.

Após uma hora de iniciado o suporte, uma gasometria arterial deve ser colhida para garantir que a oxigenação esteja feita de forma adequada e que não haja acidemia.

Broncodilatadores

Um outro passo importante é a prescrição de broncodilatadores, sendo o β2-agonistas de curta duração, a exemplo do Formolterol e Salbutamol Spray, os mais usados nos casos de descompensação da DPOC. Eles preferencialmente devem ser usados por via inalatória, que é a mais eficaz e com menos riscos de efeitos colaterais. A inalação pode ser feita por nebulização ou através de um inalador dosimetrado, caso o paciente esteja em condições de uso.

Caso os broncodilatadores não apresentem uma resposta rápida, recomenda-se associar um anticolinérgico (brometo de ipatrópio) aos β2-agonistas de curta duração. Por outro lado, se não houver uma reposta adequada aos broncodilatadores de curta duração, se indica a terapia de segunda linha através do uso de Metilxantinas IV (como Teofilina e Aminofilina), medicamentos que relaxam a musculatura lisa dos brônquios e bronquílos.

Corticosteroides

O uso de corticosteroides é importantíssimo no tratamento da agudização da DPOC já que eles reduzem o tempo de internação hospitalar e a taxa de recorrência da doença, além de melhorarem a função pulmonar. Indica-se o uso da Metilprednisolona IV, seguida pela prednisona via oral.

Antibioticoterapia

Já a antibioticoterapia é recomendada para aqueles pacientes com aumento da dispneia e aumento e alteração no aspecto da secreção, sendo utilizada de modo empírico, já que seus principais patógenos associados, tais como H. influenzae, M. catarrhalis e S. pneumoniae, não são facilmente isolados no escarro.

O uso de agentes mucolíticos não apresenta evidências de redução do tempo da crise ou de melhora do VEF1, não sendo assim recomendado o seu uso rotineiro.

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Referências bibliográficas

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