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Medo e ansiedade: Como diferenciar em sua fisiopatologia

Medo e ansiedade: Como diferenciar em sua fisiopatologia

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Como diferenciar medo e ansiedade? O ser humano desde muito tempo busca estratégias para lidar com a ansiedade. A ansiedade é um sentimento comum, perceptível em situações de ameaça (semelhante a tristeza, como vimos na semana de depressão). Supõe-se que faça parte de uma reação evolutiva para sobrevivência, uma vez que a ansiedade estimula a “luta ou fuga” em situações necessárias, como guerras, ataques por animais, etc.

Medo vs. Preocupação

MEDO: está relacionado a uma resposta emocional a uma ameaça iminente real ou percebida. Existe um aumento do sistema nervoso autonômico simpático (luta ou fuga).

PREOCUPAÇÃO (ANSIEDADE): se refere a uma ameaça futura. Caracterizada pela tensão musculares, hipervigilância. É um sentimento vago, difuso e desagradável de apreensão.

Neurobiologia da ansiedade

O medo está relacionado à amigdala (corpo amigdaloide), que é o principal componente do sistema límbico, responsável pelo processamento das emoções e desencadeadora do comportamento emocional (determina se haverá ou não resposta de medo). Está situada na porção medial do lobo temporal, anterior a cauda do núcleo caudado. Já a preocupação está relacionada ao eixo córtico-estriado-tálamo-cortical (CETC). Esse circuito se origina e termina no córtex pré-frontal dorsolateral.

Obs: MEDO – é muito mais que uma sensação, podendo desencadear respostas motoras (fuga, luta, paralisação). Ocorre elevação dos níveis de cortisol. Uma atividade crônica e persistente dessa resposta ao medo pode levar ao aumento de comorbidades como atrofia do hipocampo, DAC, AVC (devido ao excesso de ativação do SNA simpático) e DM tipo 2.

As projeções ascendentes de serotonina se direcionam a diversas áreas cerebrais estão relacionadas à ansiedade:

  • Córtex pré-forntal (CPF);
  • Estriado;
  • Tálamo;
  • Hipotálamo;
  • Amigdala;
  • Hipocampo.

As projeções descentes da serotonina (de origem no tronco encefálico e projeção para o corno dorsal da medula espinhal) estão mais relacionados a dor (via PAG). É o local de ação dos opioides e antidepressivos utilizados no tratamento da dor crônica. A noradrenalina descendente e ascendente (via adrenérgica) também tem um papel importante da dor.

Relação ansiedade X depressão: O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) antecede a Depressão Maior em 65% dos casos, sendo um pródromo. Tratar a ansiedade (seja o tratamento farmacológico e não farmacológico) pode ajudar a prevenir um Transtorno Depressivo Maior.

Analisar outras comorbidades

Os transtornos de ansiedade estão muito relacionados com outras comorbidades, sobretudo TDM e outras síndromes ansiosas.

  • Outros quadros ansiosos;
  • Depressão;
  • Uso abusivo de substâncias -> álcool (ação estimulatória GABA);
  • Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade: a ansiedade interfere no processo de atenção;
  • Transtornos dolorosos: como fibromialgia e outras causas de dor crônica;
  • Transtorno bipolar;
  • Transtornos primários do sono.

Ansiedade normal vs. patológica

Pode ser normal ou até mesmo adaptativa. Quando não adaptativa -> transtorno psiquiátrico. Para diferenciar, deve-se levar em consideração impacto na autonomia do indivíduo, muitas vezes o indivíduo não aceita que tem doença, tem preconceito ou medo de utilizar um psicofármaco. Além disso, questionar intensidade dos sintomas, duração (o estímulo para ansiedade já foi cessado, mas o quadro continua – em geral duram 6 meses ou mais, com período variável e mais curto em crianças), alterações comportamentais. Além disso, pode haver prejuízo na autoestima, socialização, aquisição de conhecimento / memória. A ansiedade patológica é excessiva e persistente. Na ansiedade normal, não há prejuízo na funcionalidade psicossocial.

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Perguntas Frequentes:

1 – Como diferenciar medo de preocupação?

Medo está mais relacionado a uma resposta emocional diante de uma ameaça iminente, já a preocupação é um sentimento vago de ansiedade quanto a uma ameaça futura.

2 – Qual é a estrutura cerebral responsável pelo medo?

O medo está relacionado à amigdala (corpo amigdaloide), que é o principal componente do sistema límbico, responsável pelo processamento das emoções e desencadeadora do comportamento emocional.

3 – Até quando a ansiedade é normal?

Para saber isso, deve-se levar em conta o impacto na autonomia do indivíduo, além de considerar fatores como: intensidade, duração e alterações comportamentais.