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A Organização Mundial da Saúde não recomenda o uso de amostras de saliva como rotina para diagnóstico da COVID-19. O teste atualmente utilizado consiste em amostra de SWAB nasofaríngeo ou orofaríngeo.
Alguns estudos, porém, afirmam que a amostra de saliva pode servir como alternativa aos SWAB’s atuais. Como estes estudos foram feitos com pacientes com diagnóstico confirmado, a utilidade do teste se limitou ao follow-up de pacientes infectados.
Para avaliar a sua utilização como teste diagnóstico, uma meta-análise buscou reunir os resultados da acurácia diagnóstica da amostra de saliva de pacientes sem diagnóstico de COVID-19.
Metodologia do estudo com teste de saliva
A meta-análise buscou avaliar os resultados de acurácia diagnóstica de 14 estudos ,com pacientes sem diagnóstico de infecção pelo SARS-CoV-2 no momento da inscrição. A busca foi realizada nos sites do PubMed, medRxiv e bioRxiv.
A última busca foi realizada em 15 de setembro. Estudos com menos de 50 pacientes, ou com pacientes diagnosticados com COVID-19, ou sem dados de sensibilidade e especificidade foram excluídos. O número total de pacientes para comparação de sensibilidade e especificidade foi de 5863 pacientes.
Resultados
O teste de saliva, quando comparado ao teste de referência de SWAB nasofaríngeo ou orofaríngeo, revelou sensibilidade de 0,85 (IC 95% 0,77 a 91) e especificidade de 0,99 (IC 95% 0,98 a 1,00).

Implicações dos resultados
Os resultados da meta-análise evidenciam que o teste de amplificação de ácido nucleico feito a partir de amostras de saliva possui sensibilidade menor e especificidade equiparada no diagnóstico de infecção pelo SARS-CoV-2.
Os resultados são provenientes de aproximadamente 5900 pacientes assintomáticos, ou sintomáticos mas sem diagnóstico de COVID-19 no momento da inscrição no estudo, o que reflete o cenário de testes da população em geral.
Discussão sobre o teste de saliva
A amostra de saliva requer condições específicas de coleta, transporte e método de análise para que seja utilizada de forma otimizada, e estes são fatores que podem influenciar os resultados dos testes.
Além disso, uma menor carga viral na saliva pode explicar porque a saliva se mostrou amostra inferior em comparação com o SWAB para detecção do vírus.
Sua implantação traria vantagens como, por exemplo, a não necessidade de profissional de saúde para coleta. Ademais, necessitam de menos recursos, menos experiência técnica, além de causar menor desconforto aos pacientes.
Nos resultados da presente meta-análise, o teste de saliva mostrou ser menos sensível. Porém suas vantagens podem ainda torná-lo mais vantajoso para utilização em determinados cenários.
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