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Miocardite em atletas após recuperação da COVID-19

Miocardite em atletas após recuperação da COVID-19

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Estudos recentes apontam comprometimento cardiovascular, com inflamação do miocárdio, após recuperação da COVID-19. Nos atletas, a miocardite é uma importante causa de morte súbita.

Nesse sentido, um estudo da Universidade de Ohio buscou avaliar, por meio de exame de imagem, a função cardíaca de atletas após se recuperarem da COVID-19.

Como o estudo foi realizado

O objetivo do estudo se concentrou em avaliar o uso de Ressonância Magnética Cardíaca (RMC) na detecção de inflamação do miocárdio em atletas competidores, após recuperarem-se da COVID-19. Assim, os atletas com alto risco seriam identificados antes de retornarem aos jogos.

Os Atletas foram referenciados à uma clínica de medicina esportiva após terem sido diagnosticados com COVID-19. Após passarem pelo período de quarentena, os atletas foram avaliados com diversos exames:

  • Ressonância Magnética Cardíaca;
  • Eletrocardiograma;
  • Troponina I Sérica;
  • Ecocardiograma transtorácico.

Resultados dos exames após a COVID-19

Um total de 26 atletas participaram do estudo, com média de idade de 19,5 anos e 57,7% de participantes sendo do sexo masculino. Nenhum deles precisou ser hospitalizado devido à COVID-19, nem receberem terapia antiviral específica.

Doze atletas reportaram sintomas leves durante o período da infecção, enquanto os demais foram assintomáticos. Os atletas eram provenientes de diversas categorias esportivas: futebol americano, futebol, lacrosse, basquete e corrida.

Nos resultados dos exames de eletrocardiograma, ecocardiograma transtorácico e dosagem sérica de troponina, nenhum atleta apresentou anormalidades.

Já nos achados da ressonância magnética cardíaca, 4 atletas, todos homens, tiveram achados consistentes com diagnóstico de miocardite, pela presença de dois dos critérios de Lake Louise:

– Presença de edema miocárdico nas imagens ponderadas em T2;

– Presença de dano miocárdico não isquêmico com realce tardio pelo gadolíneo.

Em E, edema miocárdico indicado pela cabeça de seta azul. Em F, realce tardio pelo gadolíneo no epicárdio da parede inferior, indicado pela cabeça de seta branca.

Dois destes atletas com diagnóstico de miocardite haviam apresentados sintomas leves da COVID-19, enquanto os outros 2 foram assintomáticos.

Discussão: miocardite em atletas na COVID-19

A Ressonância magnética cardíaca possui alto valor preditivo negativo para descartar miocardite. Sendo assim, torna-se ferramenta útil para rastrear e identificar atletas de alto risco, bem como indicar segura participação nos jogos.

Um estudo recente demonstrou envolvimento significativo do coração em pacientes recuperados da COVID-19. No estudo aqui discutido, dos 26 atletas, 4 obtiveram achados de RMC sugestivos de miocardite.

O estudo é importante pois põe à prova recente consenso de especialistas que recomendava o seguinte protocolo de volta às competições para atletas:

– Assintomáticos: 2 semanas de convalescência e nenhum exame diagnóstico cardíaco.

– Sintomáticos leves: Eletrocardiograma e Ecocardiograma transtorácico.

Porém, como foi demonstrado, os 4 atletas com anormalidades na RMC não possuíam achados anormais nos demais exames. A evidência de miocardite em RMC tem sido associada a desfechos negativos, incluindo disfunção miocárdica e mortalidade.

Conclusão

Estudos de longo prazo, com follow-up e população de controle, serão necessários para entender as alterações de RMC apresentadas, bem como para elaboração de estratificação de risco para atletas após recuperação da COVID-19.

O estudo, vale lembrar, possui limitações. Uma delas consiste na falta de imagens comparativas de RMC previamente à infecção pelo SARS-CoV-2. Além disso, os exames foram realizados em diferentes intervalos de dias após a confirmação da infecção.

Atualização: estudo avalia prevalência de miocardite em atletas competitivos

Um estudo de coorte avaliou a prevalência de Miocardite em 1.597 atletas universitários competitivos nos EUA. Os atletas foram submetidos a diversos testes, incluindo Ressonância Magnética Cardíaca.

Um total de 13 Universidades fizeram parte do estudo, e dentre os 1.597 atletas participantes, 37 deles foram identificados com Miocardite associada a COVID-19.

Dentre estes, 9 tinham miocardite clínica e 28 miocardite subclínica. Um dado chamou a atenção e ressalta a importância da Ressonância Magnética Cardíaca na triagem destes atletas:

A utilização do exame de imagem resultou em um aumento de 7,4 vezes na detecção da miocardite, clínica ou subclínica, nos atletas, quando comparado à abordagem apenas sintomática.

Se apenas os sintomas fossem levados em conta para o rastreio, apenas 5 atletas teriam sido identificados com a doença.

O papel da Ressonância como triagem para o retorno do atleta de forma segura deverá ser levado em conta e discutido mais amplamente.

Confira o vídeo:

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