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Morte encefálica é um conceito relativamente novo.
Esse conceito tem como aplicação capacitar o doador que veio a óbito ao transplante de órgãos.
Infelizmente, a postura do profissional ao encarar a morte ainda é explorada de forma muito superficial durante a graduação, de maneira geral. Frequentemente é esperada uma conduta heroica e resolutiva por parte do médico diante da terminalidade da vida de seu paciente, o que não condiz com preceitos estabelecidos no Juramento de Hipócrates.
Portanto, é importante que você aprofunde as discussões sobre o tema da morte, a fim de ofertar o melhor possível para a dignidade do seu paciente, família e, ainda, para a reflexão acerca do seu papel como médico nesse cenário.
O que é a morte encefálica?
Ela tem como princípio a deterioração das funções encefálicas (cérebro + cerebelo + tronco encefálico).
As causas que levam à esse estado ainda não foram totalmente esclarecidas cientificamente. Entretanto sabe-se que, em última instância, dois eventos principais acontecem:
- Elevação da pressão intracraniana (PIC);
- Falência dos mecanismos que permitem uma boa perfusão encefálica.
Os acontecimentos que colaboram para que ambos os eventos aconteçam culminam em uma instabilidade hemodinâmica que, por sua vez, acarreta o processo de morte celular.
Elevada a PIC, tem-se como resultado uma bradicardia, devido à ação do sistema nervoso parassimpático.
A atividade simpática, lodo depois, predomina, com liberação adrenal, produção de catecolaminas e intensa atividade cardíaca a vascular. Com isso, uma vasoconstricção periférica leva à resistência vascular, na tentativa de compensar a PIC.
Em seguida, ocorrem eventos como redução da resistência vascular pulmonar e excesso de catecolaminas – o que resulta em alterações na histologia cardiaca e em microinfartos. Com isso, é comum a manifestação de hipertensão, bradicardia e bradipneia (Reflexo de Cushing).
O avanço da má perfusão leva à perda do tono vasomotor cortical e hipotalâmico assim como os mecanismos de controle reflexo do tronco encefálico são perdidos.
É possível ressuscitar o paciente em morte encefálica?
Não.
Diante desse evento o paciente tem a interrupção permanente e irreversível das funções orgânicas como um todo.
É possível que você, médico, ouça de familiares um questionamento desafiador: “Mas o seu coração está batendo. Como é possível que não esteja vivo?”.
Conceitualmente a morte encefálica permite que tecidos, de maneira isolada, sobrevivam em um curto prazo. Porém, a integração dos sistemas orgânicos para que funções essenciais à vida aconteçam, como a respiração e atividade cardíaca, requer a preservação das atividades encefálicas.
Perguntas Frequentes:
1 – É possível ressuscitar o paciente em morte encefálica?
Não!
2 – O que é morte encefálica?
Ela tem como princípio a deterioração das funções encefálicas (cérebro + cerebelo + tronco encefálico) que levam à aumento da PIC e falência de perfusão encefálica, que acarretam em perda de função das estruturas encefálicas.
3 – O que explica a possibilidade de doação de orgãos no paciente em morte encefálica?
Conceitualmente a morte encefálica permite que tecidos, de maneira isolada, sobrevivam em um curto prazo.

Referências
- G Bryan Young, MD, FRCPC. Diagnosis of brain death. Disponível em: < https://bit.ly/3hJGeHB >. Acesso em: 21 de abril de 2021.
- AZEVEDO, Luciano César Pontes de; TANIGUCHI, Leandro Utino; LADEIRA, José Paulo; MARTINS, Herlon Saraiva; VELASCO, Irineu Tadeu. Medicina intensiva: abordagem prática. [S.l: s.n.], 2018.