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O cuidado do paciente idoso durante a pandemia de COVID-19 | Colunistas

O cuidado do paciente idoso durante a pandemia de COVID-19 | Colunistas

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Imagem de perfil de Karina Paez

            O Brasil está vivendo um aumento da sua população idosa, que atualmente é de aproximadamente 30 milhões de pessoas, e isso fez com que, durante a pandemia de COVID-19, os cuidados fossem redobrados para os idosos. Como já se sabe, pessoas com mais de 60 anos apresentam maior risco de desenvolvimento da forma grave da doença, devido à presença de comorbidades, elevando a taxas de mortalidade pelo coronavírus. 

            Entre as comorbidades apresentadas pelos idosos, algumas são consideradas formas crônicas, como a diabetes mellitus e a obesidade, que podem colaborar para evolução do caso de COVID-19 com complicações como pneumonia refratária, síndrome do desconforto respiratório agudo e coagulação intravascular disseminada.

            Para o cuidado e proteção desse idoso, foi criado um fluxo de manejo na atenção especializada, as medidas preventivas foram reforçadas e houve uma melhora no plano de vacinação pelo Ministério da Saúde, para uma melhor manutenção da saúde desse grupo de risco.

População idosa

            O aumento da população idosa no país está ocorrendo por diversos fatores, entre eles, a formação de novos planos familiares com menor número de filhos e mais tardiamente. Além da melhora dos serviços de saúde e tratamento, contando ainda com a inserção das vacinas no sistema de saúde, resultando em um aumento da expectativa de vida desses idosos.

            O atual cenário brasileiro é composto por 30 milhões de idosos, sendo que 60% deles apresentam hipertensão arterial sistêmica e 23% diabetes mellitus, duas das principais comorbidades que podem agravar a doença se houver um contágio, e os dados das pesquisas já realizadas apontam que a maior taxa de mortalidade está entre as pessoas com mais de 60 anos, reforçando as apreensões.

            O Ministério da Saúde, visando sensibilizar a sociedade sobre a questão do envelhecimento e sobre a necessidade de proteção à saúde das pessoas idosas, promoveu ações de ampliação da rede de atenção em comunidade e em locais que servem de moradia para a população, ações essas que foram reforçadas desde o início da pandemia. Uma das orientações foi a continuidade do acompanhamento dos pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS), buscando alternativas, como as visitas domiciliares, já que mais de 75% dos idosos brasileiros dependem exclusivamente dos serviços prestados pelo SUS.

Comorbidades

As comorbidades são o conjunto de doenças que uma pessoa tem e, com o aumento da idade, esses indivíduos podem apresentar um número maior de comorbidades ou um agravamento das pré-existentes, deixando-os vulneráveis às mais diversas condições. As comorbidades que são classificadas como crônicas, por exemplo, a diabetes mellitus e a obesidade, mantêm o organismo desse paciente constantemente em estado inflamatório crônico, ou seja, deixando-o suscetível a quadros inflamatórios e infecciosos com resposta exagerada, semelhante ao que ocorre se for infectado pelo COVID-19.

            Outras comorbidades que podem elevar o risco de complicações são: doenças renais, doenças pulmonares crônicas, doenças hepáticas, hipertensão arterial sistêmica, doenças cardiovasculares e imunodeprimidos.

Complicações em idosos

            As complicações da COVID-19 podem afetar qualquer infectado pelo vírus. No entanto, o paciente idoso apresenta maior risco de doença grave, por isso demandam maior cuidado, vigilância no tratamento e acompanhamento do quadro clínico, visando reduzir as complicações e os óbitos.

            Dentre as complicações mais importantes estão:

  • A pneumonia refratária, em que o paciente apresenta, aproximadamente após 10 dias de tratamento, um agravamento dos sintomas respiratórios – como tosse, desconforto torácico e dispneia –, além de um possível edema pulmonar e derrame pleural;
  • A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), que é uma resposta imune ao dano tecidual causado pelo vírus, tendo uma insuficiência respiratória aguda, com saturação de oxigênio menor do que 95% em ar ambiente, cianose, alteração do nível de consciência, febre persistente ou recorrente após 48 horas, sinais que caracterizam o início súbito de inflamação generalizada nos pulmões;
  • As complicações cardíacas podem ser uma insuficiência cardíaca, arritmia ou infarto agudo do miocárdio;
  • E a coagulação intravascular disseminada, devido ao aumento da atividade de coagulação marcada por elevadas concentrações de D-dímeros, além da resposta sistêmica a citocinas pró-inflamatórias mediadoras da aterosclerose (acúmulo de placas de gordura), contribuindo para destruição da placa por inflamação local a partir da indução de fatores pró-coagulantes e mudanças hemodinâmicas, que levam à isquemia e trombose.

Fluxo do manejo clínico

Para facilitar o atendimento do paciente adulto e do idoso, o Ministério da Saúde criou um Fluxo do Manejo Clínico do Adulto e Idoso na atenção especializada:

  • Paciente com sintomas de síndrome gripal (febre ≥ 38°C aferida ou referida  podendo ser ausente nos idosos, acompanhada de tosse ou dor de garganta);
  • Após a confirmação será analisada a gravidade, a partir dos sinais e sintomas, para verificar se tem necessidade de internação em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ou se o paciente pode fazer isolamento domiciliar.

Ocorrendo ou não a internação em UTI, o paciente irá receber oxigenoterapia sob monitoramento e hidratação venosa, no entanto não é indicado o uso profilático de antibióticos, também na ausência de comprovada infecção associada, e glicocorticoides não podem ser prescritos, no entanto podem ser considerados em situações específicas, quando houver indicação clara para sua utilização (sem evidências de benefícios no tratamento da infecção por SARS-Cov-2).

Figura 1: Fluxo do Manejo Clínico na Atenção Especializada
Fonte: https://portalarquivos.saude.gov.br/images

Cuidados e vacinação contra COVID-19

Os cuidados preventivos respaldados pelas autoridades de saúde contra a COVID-19 são os mesmo para os idosos, tais como: manter o isolamento social, fazer a higienização das mãos com água ou álcool 70%, utilizar máscaras em locais públicos e respeitar o distanciamento mínimo de 1,5 a 2 metros entre as pessoas.

Além disso, a campanha de vacinação já iniciou e sabe-se que a vacina é importante para pessoas de qualquer faixa etária, porém, no atual contexto de pandemia, foram separados grupos alvos prioritários para iniciar o processo, entre eles os idosos, pois são pessoas com maior probabilidade e maior susceptibilidade de risco de contaminação, devido às alterações imunológicas relacionadas ao envelhecimento.

Com isso, será possível a redução do risco de graves quadros infecciosos, prevenir o descontrole e agravamento de doenças crônicas e, consequentemente, melhorar e aumentar a expectativa de vida dessas pessoas. E para que isso flua da melhor maneira foi criado um plano de vacinação, separando os idosos em subgrupos de idades, para impedir uma aglomeração nos postos de vacina.

Conclusão

Com o aumento da população idosa no país, que foi classificada como grupo de risco devido ao alto índice de comorbidades e complicações que podem afetá-la,  algumas preocupações especiais surgiram para continuar oferecendo uma melhor qualidade  e uma preservação no aumento da expectativa de vida. Durante esse período de pandemia do Covid-19, foram instauradas medidas protetivas e um plano de vacinação específico com separação em subgrupos de idades para o cuidado do idoso.

Autora: Karina Paez

Instagram:@karinapaez21

O texto acima é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Referências:

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CARVALHO, Matheus Claudino de Jesus. Sífilis Adquirida em Idosos: Comportamento da sífilis na população idosa. Academia Médica, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 1, 17 mar. 2021. Disponível em: https://academiamedica.com.br/blog/sifilis-adquirida-em-idosos. Acesso em: 17 de março de 2021.

FLUXO de Manejo Clínico do Adulto e Idoso na Atenção Especializada. Ministério da Saúde: [s. n.], 2020. Disponível em: https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/marco/25/Fluxo-de-Manejo-cl–nico-do-adulto-e-idoso.pdf. Acesso em: 16 de março de 2021.

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Ministério da Saúde. Ministério da Saúde reforça cuidados com idosos durante a pandemia. 1 out. 2020. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/noticia/10018. Acesso em: 17 de março de 2021.

SANTOS, Pedro Otávio Oliveira; NINOMIYA, Vitor Yukio; CARVALHO, Ricardo Tadeu de. ENVELHECIMENTO E COVID-19: O IMPACTO DAS COMORBIDADES NOS IDOSOS E A RELAÇÃO COMO O NOVO CORONAVÍRUS. CORONAVÍRUS: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Minas Gerais, v. 1, n. 1, p. 1, 7 de maio de 2020. Disponível em: https://coronavirus.saude.mg.gov.br/blog/166-envelhecimento-e-covid-19#:~:text=Entre%20os%20indiv%C3%ADduos%20com%20idade,doen%C3%A7as%20hep%C3%A1ticas%20cr%C3%B4nicas%20e%20obesidade. Acesso em: 17 de março de 2021.

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