Carreira em Medicina

O estudante de medicina e o médico valorizam a própria saúde? | Colunistas

O estudante de medicina e o médico valorizam a própria saúde? | Colunistas

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Aluna do terceiro período de medicina, convivendo com colegas que sonham em se formar médicos, e já tendo ido a alguns congressos, conhecido palestrantes e profissionais de saúde nos postos e hospitais, surgiu-me uma questão: estaríamos preparados para sermos educadores de saúde sem valorizar a própria saúde? O conceito da Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”.

Dentre as práticas mais comentadas na clínica médica, está a mudança da qualidade de vida dos pacientes, em busca de saúde, ofertando acima de tudo educação em saúde, mudança de hábitos, inserção de práticas esportivas, valorização da qualidade do sono, manutenção hídrica e mental, nutrição adequada, manejo do estresse, e inserção social, sendo estas práticas consideradas paliativas mesmo quando o indivíduo já manifesta doenças as quais precisam de medidas terapêuticas que ajustem imediatamente para reverter o quadro de doença em que vivem. Valorizando estas práticas em saúde e reconhecendo a sua importância é que surge a especialidade da “Medicina de Estilo de Vida”, cada vez mais aceita e preconizada nos consultórios médicos da atualidade.

Diante disso, cabe a reflexão para a nossa vida, afim de nos situarmos em relação a maneira como vivemos enquanto estudantes de medicina até o ingresso no mercado de trabalho e, portanto, no exercício de educadores em saúde. 

Existem diversas evidências nos mais variados estudos ao redor do mundo que levantam a mesmas questão acerca da  saúde do estudante de medicina, onde estes apresentam as maiores taxas de estresse dentre os estudantes de outros cursos acadêmicos, apresentam elevados índices de suicídio, exaustão e insatisfação com a vida, além de terem alto índice de desistência do curso, levando, muitas vezes, a quadros de depressão. Também nota-se que o estudante de medicina dedica todo o seu tempo à sua carreira, deixando de lado outras esferas que compõem o equilíbrio da vida como vida social, lazer, família, atividade física, descanso e valorização da saúde mental.

Ao ingressar no mercado de trabalho, não encontramos um panorama muito diferente: médicos sobrecarregados, infelizes, exaustos e sem valorização da saúde física e mental, tornando-se robôs ao pedir aos seus pacientes para praticarem hábitos saudáveis quando eles mesmos declaram não realizar tais práticas.

Será que seremos médicos sem saúde? Deveríamos estar mais preocupados com a nossa saúde para então ofertar saúde?

É fundamental levantar o alerta desde o início da vida acadêmica do estudante de medicina e prepará-lo para a rotina pesada de trabalho e estudo, fazendo com que ele esteja preparado para lidar com frustrações e perdas, mas principalmente que seja capaz de atuar na manutenção da própria saúde. Pouca atenção vem sendo dada aos futuros médicos, e é preciso haver a conscientização de que uma vida saudável ajuda muitas outras vidas, mas uma vida vivida com desequilíbrio não pode propiciar a melhor experiência do exercício médico, sendo apenas uma labuta exaustiva e de autoflagelação.

Qual profissional de saúde queremos ser? Com ou sem saúde?