Cirurgia geral

O que é e como proceder diante de uma via aérea falha? | Colunistas

O que é e como proceder diante de uma via aérea falha? | Colunistas

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Imagem de perfil de Giullia Cerqueira

Alguma vez você já passou pela situação de não conseguir intubar um paciente ou a mesma não ser eficaz? Pois é, esse cenário pode virar um pesadelo e certamente o desespero irá aparecer e atrapalhar a sua conduta médica.

Por isso, é necessário conhecer o termo via aérea falha e como atuar imediatamente nesse momento, que é aterrorizante até mesmo para os mais experientes.

 

1.     Definição

A via aérea falha consiste na necessidade de uma técnica de resgate imediata pois a estratégia inicial utilizada falhou. Muitas vezes, essa situação pode ser o resultado de uma avaliação inapropriada da via aérea. Além disso, embora muitos utilizem erroneamente o termo via aérea falha como sinônimo de uma via aérea difícil (são questões anatômicas que dificultam a técnica), é necessário reconhecer que são conceitos diferentes mas que grande

parte das vezes estão sobrepostos, com relação de causa e consequência. A incidência de uma falha total é relativamente baixa e corresponde a menos de 1% das intubações. A falha é definida basicamente pela presença de qualquer uma dessas situações abaixo:

  • Três tentativas de intubação orotraqueal sem sucesso;
  • Dificuldade na manutenção de uma saturação de O2 acima de 93%, considerada aceitável, durante ou após a tentativa da laringoscopia.

2.     Manejo Imediato

Como manejar essa situação?

É simples… basta definir a urgência do quadro e ter em mente as duas seguintes maneiras clínicas de apresentação:

  • Não intuba, porém ventila: é uma situação menos grave, ou seja, não há motivo para pânico pois já que o paciente está oxigenado por métodos alternativos como bolsa válvula-máscara ou dispositivo extra-glótico, é possível ter tempo adequado para avaliar a técnica, corrigi-la e pedir ajuda aos mais experientes.
  • Não intuba e não ventila: é a situação mais grave e que devemos temer, pois não há tempo suficiente para avaliar métodos alternativos, necessitando assegurar uma via aérea avançada pela terapia de resgate, e muitas vezes necessitando da ajuda de outras pessoas para separar os materiais do procedimento. Essa apresentação é também conhecida entre os médicos como “NINO”.

 

2.1.    Técnica de Resgate

Diante da situação “NINO”, é possível tentar ventilar com dispositivos extraglóticos (DEG) desde que estejam prontamente disponíveis e ao mesmo tempo seja preparado o material da cricotireoidostomia, que deverá ser mandatória e imediata, caso não seja possível ventilar com os DEG. Nesse caso, as tentativas a partir de outros métodos irão prolongar a falta de oxigênio e gerar dano tecidual e lesão cerebral, que pode chegar ao óbito.

A cricotireoidostomia de resgate é um procedimento que pode ser realizado das seguintes formas: cirúrgica, técnica de Seldinger e por punção, sendo uma forma eficaz e rápida de garantir uma via aérea avançada. A técnica cirúrgica exige experiência no procedimento, e por isso, a técnica de Seldinger é muito utilizada pelos emergencistas, visto que a técnica é similar ao do acesso venoso profundo, procedimento rotineiro nas emergências. Logo, cabe a você optar por uma técnica ideal que respeite sua experiência e não gere danos ao paciente. E lembre-se: seja rápido nessa situação!

 

3.     Prevenção

Antes mesmo de saber reconhecer e intervir nesses casos, é importante saber prevenir através do reconhecimento prévio de uma via área difícil (saiba mais em: https://www.sanarmed.com/identificacao-da-via-aerea-dificil-colunistas), na história clínica e no exame físico durante a avaliação pré-intubação, para assim seguir as diretrizes de um manejo adequado e por fim reduzir o risco de falha no procedimento.

E agora? Se sente mais preparado para lidar com uma situação dessas? Conte aqui para gente nos comentários!