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A Incompetência Istmo Cervical trata-se de uma deficiência funcional do esfíncter uterino, o que o impede de manter-se fechado até o final da gravidez. Situação esta que pode causar partos prematuros e até mesmo provocar abortamentos tardios de repetição.
Geralmente, quando se investiga a história pregressa da gestante, não é incomum encontrar histórico de trauma cervical causado por conização, laceração cervical em partos anteriores e dilatação cervical exagerada em casos de terminação da gravidez.
A existência de muco na secreção vaginal e presença de dilatação de 4 a 5 cm não acompanhada de desconforto e nem de contrações uterinas acompanhadas de dor reforçam o diagnóstico de Incompetência Istmo Cervical.
Qual a etiologia da Incompetência Istmo Cervical?
Considerando a origem, a Incompetência Istmo Cervical pode ser classificada em primária, de causa congênita, e secundária, de causa adquirida.
A causa congênita mais comum é um defeito no desenvolvimento embrionário dos ductos mullerianos, como pode ocorrer nas síndromes de Ehlers-Danlos e de Marfan, nas quais a insuficiência ocorre devido a deficiência no colágeno.
Já a causa adquirida mais comum é o trauma cervical, como lacerações cervicais durante o parto, trauma cirúrgico no cérvix, amputação do colo uterino e dilatação cervical forçada.
Como é feito o diagnóstico de Incompetência Istmo Cervical?
O diagnóstico advém de uma boa anamnese tendo como foco, principalmente, os antecedentes obstétricos da paciente, onde pode haver história de várias prenhezes prévias, com abortamentos tardios, prematuridade e neomortalidade, com a exclusão de outras causas.
Geralmente ocorre dilatação cervical indolor após o primeiro trimestre, com a subsequente expulsão da gravidez no segundo trimestre, tipicamente antes das 24 semanas de gestação, sem a presença de contrações, de trabalho de parto, ou de outras patologias.
Dentro da prática recente, a ultrassonografia transvaginal tem sido cada vez mais usada para avaliar o risco de parto prematuro por Incompetência Istmo Cervical, analisando um possível encurtamento cervical.
Além disso, alguns testes foram desenvolvidos para tentar diagnosticar a Incompetência Istmo Cervical, como por exemplo, o teste de Hegar, onde a passagem sem dificuldade de um dilatador cervical número 8, ou ainda de um cateter de Foley número 16, através do cérvix demonstra a existência de dilatação cervical.
Outro método que vem sendo utilizado recentemente é o uso de histerossalpingografia, que estuda o calibre da luz ístmica e, quando este apresenta uma largura maior que 8,0 mm, indica diagnóstico da Incompetência Istmo Cervical.
Qual o tratamento da Incompetência Istmo Cervical?
Apesar de existirem abordagens não cirúrgicas para o tratamento de Incompetência Istmo Cervical, como a restrição de atividades e o repouso pélvico e absoluto, elas não têm se mostrado eficazes no tratamento da doença e, por este motivo, elas estão sendo desprescritas.
O tratamento da Incompetência Istmo Cervical preconizado pela maioria dos autores é a cerclagem por via vaginal. Ela deve ser realizada preferencialmente no 1º trimestre, ao redor da 14ª semana da gravidez, pois as modificicações cervicais próprias da gravidez ainda não ocorreram e o período em que acontecem abortos precoces por outras causas já foi ultrapassado.
Caso aconteça de a paciente chegar ao Serviço com dilatação do colo uterino, se houverem condições, deve-se realizar a cerclagem de emergência, que garante melhor prognóstico, sendo relatado por alguns autores de prolongar a idade gestacional em 7 semanas em média.
O que é cerclagem por via vaginal?
A cerclagem trata-se de um procedimento realizado com uso de anestesia de uma sutura cirúrgica em bolsa cujos pontos são retirados por volta da 37ª semana, para que o parto possa ocorrer de forma normal, com o objetivo de prolongar o máximo possível a gravidez.
O procedimento é realizado introduzindo um espéculo na vagina da gestante de forma que o colo do útero possa ser observado e dessa forma é feita a sutura do colo circularmente em dois locais usando um fio inabsorvível.
Após o procedimento, recomenda-se que as pacientes que passaram por ele fiquem internados em observação por pelo menos 24 horas, pois a cerclagem pode causar contrações uterinas.
Além disso, também é necessário que a mulher permaneça em repouso durante as próximas semanas até o fim de sua gestação e é recomendado ficar em abstinência sexual.
Como todo procedimento cirúrgico há riscos e os principais da cerclagem são infecção intra-uterina e rutura prematura das membranas amnióticas. Outros eventos adversos que podem ocorrer após a cerclagem incluem dor abdominal, sangramento vaginal, corioamnionite, trabalho de parto prematuro, aumento da taxa de cesariana, estenose de canal cervical, ruptura uterina e lesão do trato urinário.
Conclusão
A incompetência istmo cervical é muitas vezes subdiagnosticada por conta de seu diagnóstico ser principalmente clínico e depender de uma boa anamnese. Ainda que existam tratamentos não cirúrgicos,a cerclagem profilática ou a de emergência ainda são o melhor tratamento, apesar dos riscos advindos da cirurgia.
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http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/protocolos/obstetricia/insuficiencia_cervical.pdf
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.
Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.
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