Índice
- 1 1. “Confundir enxerto com retalho e vice-versa”.
- 2 2. “Esquecer as fases de integração dos enxertos “.
- 3 3. “Confundir contratura primária com a secundária dos enxertos de pele”.
- 4 4. “Errar o cálculo da reposição volêmica no grande queimado”.
- 5 5. “Confundir escarotomia com fasciotomia”.
- 6 6. “Não identificar lesão inalatória em paciente queimado”.
- 7 7. “Errar o cálculo estimado da Superfície Corpórea Queimada (SCQ)”.
- 8 8. “Confundir cicatriz hipertrófica com quelóide”.
- 9 9. “Indicar tratamento cirúrgico para úlceras por pressão sem a compensação clínica adequada do paciente “.
- 10 10. “Não lembrar dos benefícios da terapia por pressão negativa em feridas agudas e crônicas”.
- 11 Confira o vídeo:
O professor Dr. Vergilius Neto preparou este artigo com todos os erros mais comuns sobre cirurgia plástica. Continue lendo e saiba como evitá-los!
1. “Confundir enxerto com retalho e vice-versa”.
As reconstruções de tecidos em cirurgia plástica são feitas na maioria das vezes com a utilização de enxertos ou retalhos. A diferença básica é que o enxerto depende da vascularização do leito receptor para integração, já o retalho possui vascularização própria.
2. “Esquecer as fases de integração dos enxertos “.
Os enxertos dependem do leito receptor para uma boa integração. São três fases: embebição, inosculação e neovascularização.
Na embebição, as primeiras 48 horas, o enxerto é nutrido pela sobrenadante da ferida.
Na fase de inosculação, o 3 e 4 dia, ocorre o alinhamento entre os vasos do enxerto e do leito receptor. Já na fase de neovascularização, a partir do 4-5 dia, ocorre o surgimento de novos vasos no enxerto.
Durante o período de integração, o enxerto ganha mais resistência e fixação ao leito da ferida.
3. “Confundir contratura primária com a secundária dos enxertos de pele”.
A contratura primária ocorre logo após a retirada do enxerto de pele, pois depende da espessura da derme (quantidade de fibras da matrix extra-celular).
Já a contratura secundária ocorre durante o processo de integração e estabilização do enxerto, pois depende da contração das fibras de colágeno durante a cicatrização.
Os enxertos de pele parcial possuem uma contratura secundária maior que a primária, porque apresentam maior quantidade de tecido cicatricial. Já os enxertos de pele total, apresentam maior contração primária do que a secundária.
4. “Errar o cálculo da reposição volêmica no grande queimado”.
Faz parte do tratamento agudo do grande queimado uma reposição volêmica agressiva. Para se saber o volume estimado correto, deve-se realizar o cálculo do volume através da fórmula de Parkland modificada = 2 x Peso x SCQ. Esse volume será administrado em 24 horas, sendo metade em 08 horas e a outra metade em 16 horas.
5. “Confundir escarotomia com fasciotomia”.
A escarotomia está indicada em paciente que apresentam queimadura de 3º grau circunferencial de tórax ou extremidades que estejam cursando com restrição da expansão torácica ou isquemia distal.
Neste procedimento é realizado apenas a incisão da escara (queimadura de 3º grau) para liberação da restrição.
Já a fasciotomia, é um procedimento indicado quando o paciente apresenta síndrome compartimental devido a edema da musculatura e consequente compressão vasculo-nervosa. Neste caso, é realizado uma incisão da fáscia para liberação da pressão dos compartimentos fasciais.
6. “Não identificar lesão inalatória em paciente queimado”.
A lesão inalatória é uma condição extremamente grave e potencialmente fatal nos pacientes queimados. Deve-se realizar uma avaliação clínica e exame físico criteriosos para se identificar alterações que sejam suspeitas para a queimadura da via aérea. Esta avaliação é realizada durante o atendimento inicial preconizado pelo ATLS. Na suspeita de presença de lesão inalatória, deve-se garantir via aérea definitiva, pois o paciente evolui rapidamente para insuficiência respiratória.
7. “Errar o cálculo estimado da Superfície Corpórea Queimada (SCQ)”.
O cálculo estimado da Superfície Corpórea Queimada (SCQ) é utilizado como parâmetro para inferir a gravidade do paciente e como variável no cálculo da reposição volêmica do paciente. Nesta conta entram as queimaduras de 2º e 3º grau.
8. “Confundir cicatriz hipertrófica com quelóide”.
A cicatriz hipertrófica é uma condição em que ocorre uma maior produção de colágeno durante a cicatrização, mas esta exacerbação respeita os limites da cicatriz e responde bem ao tratamento (compressão, infiltração de corticóide e ressecção cirúrgica), tendo uma boa evolução e menores taxas de recidiva. Já o quelóide, é uma patologia extremamente agressiva e com grande produção de matriz extracelular, que não respeita os limites da cicatriz e de difícil controle (altas taxas de recidiva).
9. “Indicar tratamento cirúrgico para úlceras por pressão sem a compensação clínica adequada do paciente “.
Os paciente portadores de úlceras por pressão na maioria das vezes apresentam condições clínicas que impactam negativamente na cicatrização e boa evolução da ferida, como:
- diabetes,
- desnutrição,
- paraplegia,
- espasmos,
- doenças imunológicas e reumatológicas,
- tabagismo,
- restrição ao leito.
É muito importante que estas condições sejam controladas antes de se realizar qualquer intervenção cirúrgica nestes pacientes. Durante o período de compensação clínica, a ferida também deve ser preparada com curativos especiais.
10. “Não lembrar dos benefícios da terapia por pressão negativa em feridas agudas e crônicas”.
A terapia por pressão negativa contínua revolucionou o tratamento das feridas agudas e crônicas. Esta técnica utiliza esponjas de poliuretano, filme plástico para vedação, mangueira para sucção e aparelho que gera uma pressão negativa contínua no leito da ferida.
Os benefícios deste tratamento são: diminuição do exsudato e colonização bacteriana, contração das bordas da ferida, estímulo à formação de tecido de granulação e neoangiogênese e impermeabilização da ferida. Todos esses benefícios ajudam no preparo da ferida para o tratamento definitivo e diminuem o risco de infecção.