Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) avaliaram se a asma é um fator de risco importante para COVID-19, analisando a relação entre diagnóstico prévio de asma e a evolução do quadro de pacientes infectados pelo SARS-CoV-2. A conclusão foi de que não há evidência de que a doença respiratória seja fator de risco para o desenvolvimento da COVID-19.
O trabalho, publicado na revista Allergy, Asthma & Clinical Immunology, envolveu a revisão sistemática da literatura científica publicada nos primeiros seis meses da pandemia causada pelo novo coronavírus.
“Identificamos 1.069 artigos que descreveram os quadros clínicos e antecedentes médicos de 161.271 pacientes com COVID-19. O estudo revelou que somente 1,6% dos pacientes tinham o diagnóstico prévio de asma”, explicou um dos autores do estudo, Lício Augusto Velloso, ao site da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e de Enfermagem da Unicamp.
O percentual encontrado pelos pesquisadores brasileiros está abaixo da prevalência média mundial de asma, estimada em 4,4% pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Global Asthma Report.
Assim, de acordo com os pesquisadores da Unicamp, os dados epidemiológicos disponíveis no momento indicam que, o fato de um paciente ter diagnóstico de asma, não se constitui num fator de risco para a COVID-19.
Distorções devem ser consideradas
Os cientistas não descartam alguns fatores que podem ter provocado distorção nos dados epidemiológicos, como a subnotificação do diagnóstico pregresso de asma. Isso acontece quando pesquisadores não são criteriosos ou detalhistas na descrição dos quadros clínicos e antecedentes médicos dos pacientes infectados pelo novo coronavírus.
Além disso, mais de 20% dos pacientes descritos nos artigos revistados pela Unicamp eram originários da China, país com uma das menores prevalências de asma no mundo.
Por que fator de risco?
A asma é uma doença inflamatória crônica que acomete os brônquios, causando crises de tosse e falta de ar. A forma mais comum está relacionada a uma resposta alérgica contra componentes dos ácaros, fungos, pólens e animais domésticos. Se não for adequadamente tratada, a asma pode levar a uma perda progressiva da função respiratória e, eventualmente, à morte precoce
Por causa do componente inflamatório e de sua natureza crônica, a doença pode aumentar a chance do desenvolvimento de formas mais graves de pneumonias causadas por vírus e bactérias. Por isso, especialistas acreditavam que pacientes com asma seriam mais vulneráveis à infecção pelo SARS-CoV-2.
Porém, há evidências de outras complicações que representam fator de risco importante para COVID-19. Saiba mais sobre COVID-19 e tabagismo e também sobre obesidade como fator de risco para a doença.
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