Neurologia

Por que tanta dor de cabeça? | Colunista

Por que tanta dor de cabeça? | Colunista

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Todos os dias milhares de pessoas têm dor de cabeça, isto é, sofrem com cefaleia. A enxaqueca ou migrânea é a segunda causa mais frequente de cefaleia no mundo, ocorrendo em cerca de 18% das mulheres e 6% dos homens a cada ano. Geralmente, é uma dor moderada a grave, unilateral, de caráter latejante e que pode vir acompanhada de sensibilidade à luz, som ou movimento, náuseas, vômitos e até mesmo alteração do estado de consciência.

O encéfalo de uma pessoa suscetível à enxaqueca é mais sensível a estímulos ambientais e sensoriais (gatilhos) como variações hormonais do período menstrual, reflexos e luzes intensas, ruídos, fome, estresse físico ou emocional, cansaço, falta de sono, álcool e estímulos químicos. Sabendo disso, podemos observar o quanto é importante reconhecer tais gatilhos para criar as estratégias terapêuticas que se ajustem ao estilo de vida de cada um.

Um paciente com enxaqueca possui uma disfunção em seus sistemas de controle sensitivos monoaminérgicos, principalmente na região do tronco encefálico e no hipotálamo. Dessa forma, um estímulo cotidiano pode atuar como um gatilho para sensibilidade, gerando, assim, a dor.

Essa hiperexcitabilidade do cérebro é herdada geneticamente, sem ter um gene específico (herança poligênica), e pode estar relacionada com canais iônicos alterados, aumento de aminoácidos excitatórios (glutamato e aspartato) e até mesmo com uma possível diminuição do íon magnésio.

            Entre os neurotransmissores envolvidos na enxaqueca, a serotonina (também conhecida como 5-hidroxitriptamina, 5-HT) está intimamente relacionada com a sinalização nervosa nas vias nociceptivas (vias de dor) do sistema trigeminovascular (principal via para dor na enxaqueca). Inclusive, fármacos que conseguem modular a ligação do receptor de serotonina no cérebro são utilizados no tratamento da enxaqueca.

Além da serotonina, outros neurotransmissores como a substância P e o peptídeo relacionado com o gene da calcitonina (CGRP) são liberados diante dos estímulos cerebrais e provocam vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, causando extravasamento plasmático de substâncias como bradicinina, óxido nítrico e peptídeos vasoativos. Tudo isso, resulta num processo de inflamação estéril dos vasos e das meninges, gerando um estímulo aos núcleos trigeminais, passando pelo tálamo e chegando ao córtex, onde a dor se torna consciente.

            O tratamento farmacológico pode ser complementado por algumas estratégias adotadas por quem sofre com as crises de enxaqueca como repouso em lugar silencioso e escuro, sono reparador e compressas frias em região temporal.

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Autor: Welberth Fernandes, Estudante de Medicina

Instagram: @welberthfs