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Desde o início da pandemia pelo novo coronavírus, assistimos a uma corrida contra o tempo. Cientistas de todo o mundo em busca de tratamentos que possam ser eficazes para pacientes infectados pelo SARS-CoV-2.
Mais de 150 medicações estão sendo testadas no tratamento da covid-19 ao redor do mundo, sendo a maioria delas drogas já utilizadas para o tratamento de outras condições. Neste post faremos uma breve revisão das principais medicações sendo testadas e/ou utilizadas na prática.
Tratamento com dexametasona
Os resultados preliminares do grande estudo RECOVERY indicaram que a dexametasona, em doses baixas, foi eficaz no tratamento de pacientes graves.
A evidência é do reporte preliminar Effect of Dexamethasone in Hospitalized Patients with COVID-19 – Preliminary Report, mostrando redução de mortalidade em pacientes hospitalizados utilizando dexametasona, quando comparados com o manejo padrão.
A recomendação de uso tem sido para pacientes recebendo suplementação de oxigênio ou em ventilação mecânica. A dose utilizada no estudo foi de 6mg diária, durante 10 dias ou até a alta hospitalar.
A dexametasona não é recomendada para prevenção ou tratamento de casos leves ou moderados de COVID-19. Isto porque o estudo não mostrou benefícios para o uso em tais situações.
Efeitos adversos incluem hiperglicemia e risco aumentado de infecções.
Tratamento com Remdesivir
O remdesivir é um antiviral desenvolvido inicialmente contra o vírus Ebola, que mostrou resultados também contra outros coronavírus (SARS E MERS). Começou a ser testado contra o SARS-CoV-2 e resultados parciais mostraram algum benefício.
Neste post aqui, você pode encontrar tudo que se sabe até o momento sobre o Remdesivir. Mas, de forma resumida, a droga tem sido indicada para o tratamento de pacientes graves nos Estados Unidos.
Aqui o Remdesivir ainda não está disponível para uso. Recentemente a Anvisa autorizou o uso do Remdesivir em testes clínicos que serão realizados aqui no Brasil.
Tratamento com plasma Convalescente
Nos Estados Unidos, o uso do plasma convalescente tem sido bastante pesquisado e incentivado. A FDA está recebendo novas aplicações para ensaios clínicos, programas de acesso expandido e uso individual de emergência.
Os estudos sobre o uso de plasma convalescente estão crescendo. Há indícios de benefício quando usado precocemente no curso da doença. Isto é, naqueles pacientes que não requerem ventilação mecânica.
Dessa forma, é uma terapia bem tolerada. Para saber mais detalhes sobre preparação, administração e efeitos adversos, indicamos a revisão feita pelo site UpToDate.
Basicamente, estes efeitos colaterais relacionam-se a reações transfusionais, exacerbação da doença e interferência na vacinação.
Cloroquina e Hidroxicloroquina
Até o presente momento, os dados são insuficientes para afirmar ou negar se a hidroxicloroquina ou a cloroquina possuem algum papel no tratamento da COVID-19.
O estudo RECOVERY, do Reino Unido, tirou a cloroquina do ensaio clínico pelas evidências encontradas em seus resultados de que a droga não seria eficaz.
Dado o potencial de toxicidade e a falta de evidência clara de benefício, seu uso tem sido recomendado, segundo o UpToDate, apenas para uso em testes clínicos.
Nos Estados Unidos, a FDA revogou a autorização de uso de emergência. No entanto, o tema é controverso e ainda carece de um ponto final. Aqui no Brasil, a cloroquina/hidroxicloroquina ainda está presente nos protocolos de manejo clínico.
Drogas inibidoras da Interleucina 6 (IL-6)
Uma das marcas da doença grave provocada pelo SARS-CoV-2 é a elevação dos marcadores inflamatórios, como D-dímero e Ferritina, bem como elevação de citocinas pró-inflamatórias, incluindo a interleucina 6 (IL-6).
Portanto, tem sido hipotetizado que o bloqueio das vias inflamatórias poderiam prevenir a progressão da doença.
O Tocilizumabe é um inibidor do receptor de IL-6 e é utilizado para o tratamento de doenças reumáticas. Tem sido utilizado em ensaios clínicos para avaliação da eficácia na COVID-19.
Até o momento, os resultados são poucos para afirmar claro benefício. Todavia, um destes estudos mostrou redução de proteína C reativa (PCR), D-dímero e ferritina, sem efeitos adversos relacionados à droga.
Sarilumabe e Silituximabe são outros agentes que visam bloquear a via inflamatória da IL-6, e estão sendo avaliados em ensaios clínicos.