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Protocolo de Atenção Primária à Saúde da Criança | Colunistas

Protocolo de Atenção Primária à Saúde da Criança | Colunistas

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No Brasil, a atenção à saúde da criança tem se apresentado entre as áreas prioritárias no contexto das políticas públicas há várias décadas, passando por um extenso processo de evolução e aprimoramento, que culminou no Programa Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), mediante a atenção integral à saúde, que pressupõe tanto o acesso universal e igualitário aos serviços em todos os âmbitos de atenção, quanto o cuidado da criança na sua integralidade.

A atenção à saúde da criança efetiva-se pelo acompanhamento periódico e sistemático do crescimento e desenvolvimento infantil, vacinação, orientações às mães/famílias sobre prevenção de acidentes, aleitamento materno, higiene individual e ambiental e, também, pela identificação precoce dos agravos, com vista à intervenção efetiva e apropriada.

Para isto, pressupõe a atuação de toda equipe de saúde, de forma intercalada ou conjunta, possibilitando a ampliação na oferta dessa atenção.

Linhas de cuidado voltadas para a saúde da criança na APS

O exercício das Linhas de Cuidado relacionadas à saúde da criança pressupõe respostas não-fragmentadas dos profissionais envolvidos no cuidado e ocorre a partir das unidades da APS, que são, portanto, as responsáveis pelo ordenamento e coordenação desse cuidado.

As linhas de cuidado, entre outras, são:

– Promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno;

– Atenção à saúde do recém-nascido, em especial aqueles em situação de vulnerabilidade;

– Atenção integral às doenças prevalentes na infância (AIDPI);

 – Incentivo e qualificação da vigilância do crescimento e desenvolvimento;

– Prevenção de violências e promoção da cultura de paz e

– Vigilância e monitoramento do óbito fetal e infantil.

Acolhimento

O cuidado em saúde demanda um olhar da criança por inteiro, numa postura acolhedora com escuta atenta e qualificada, com o cuidado singularizado e o estabelecimento de vínculo de forma implicada.

Pressupõe uma visão global das dimensões da vida que possibilitem respostas também mais globais, fruto de um trabalho em equipe com múltiplos olhares.

Da mesma maneira, é necessário um esforço de integração da rede de cuidado e de proteção, potencializando os recursos disponíveis para a efetivação dos direitos da criança e seu grupo familiar.

O acolhimento caracteriza-se por uma escuta qualificada às demandas dos usuários e de suas famílias com a finalidade de identificar necessidades, criar vínculo, encaminhar para atendimentos de urgência, marcar consultas individuais ou em grupos e fornecer insumos, vacinas ou outras intervenções quando necessárias.

Pressupõe uma visão global das dimensões da vida que possibilitem respostas também mais globais, fruto de um trabalho em equipe com múltiplos olhares.

Da mesma maneira, é necessário um esforço de integração da rede de cuidado e de proteção, potencializando os recursos disponíveis para a efetivação dos direitos da criança e seu grupo familiar.

É importante que haja profissional sensibilizado e disponível, de modo que o acesso do usuário na UBS seja uma janela de oportunidade para sua inserção no sistema de saúde.

Toda criança, acompanhada de sua mãe/família, que procura atendimento nas UBS sem estar agendada (demanda espontânea) devem ser acolhidas e receberem uma resposta pertinente à sua necessidade no tempo adequado.

Esta resposta pode ser a oferta de consulta ou cuidado no mesmo dia ou ainda ser agendado atendimento posterior.

Visita domiciliar

Visitas domiciliares são recomendadas às famílias de RN até o 5º dia de vida, após a alta da maternidade, objetivando observar as relações familiares, verificar se foram realizados os testes de triagem neonatal, prevenir lesões não intencionais, promover e apoiar o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida do RN, além de agendar a primeira consulta de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil na UBS (7 dias de vida do RN, após a alta da maternidade).

Posteriormente a esse período, a periodicidade deve ser pactuada com a equipe de saúde e com a família a partir das necessidades evidenciadas, considerando os fatores de risco e de vulnerabilidade.

Em todas, é importante que o profissional saiba identificar os sinais de perigo à saúde da criança. As crianças menores de 2 meses podem adoecer e morrer em um curto espaço de tempo por infecções bacterianas graves.

São sinais de perigo que indicam a necessidade de encaminhamento ao serviço secundário de atendimento (UPA ou hospital), entre outros:

– Vomita tudo que ingere;

– Convulsões ou apneia (em torno de 20 segundos sem respirar);

 – Frequência cardíaca abaixo de 100 bpm;

– Letargia ou inconsciência;

– Hipotermia (menos do que 35,5°C);

 – Tiragem subcostal;

 – Batimentos de asas de nariz;

 – Icterícia visível abaixo do umbigo ou nas primeiras 24 horas de vida;

 – Fontanela (moleira) abaulada;

– Secreção purulenta do ouvido;

Para crianças maiores de 2 meses é importante observar se a mesma não consegue beber ou mamar no peito, se vomita tudo o que ingere, se apresenta convulsões ou se está letárgica ou inconsciente.

Calendário das consultas

As consultas de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil na APS devem ser realizadas por equipe multiprofissional. Você pode conferir o calendário de acompanhamento no quadro abaixo:

As crianças que necessitem de maior atenção, como aquelas que apresentam critérios de risco e vulnerabilidades, devem ser vistas com maior frequência.

Após os 2 anos, as consultas devem ser de preferência próxima a data de aniversário da criança para facilitar o planejamento das equipes e a lembrança do(a) cuidador(a).

Os dados levantados durante as consultas, visitas domiciliares ou atendimentos de rotina na UBS devem ser sempre registrados na Caderneta da Criança, pois se trata de um documento com informações valiosas sobre os aspectos da saúde da criança que poderão ser usadas por diversos profissionais ou serviços.

Atribuições do médico na saúde da criança

– Realizar atenção à saúde da criança sob sua responsabilidade;

– Realizar consultas de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações, etc.);

– Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea;

– Encaminhar, quando necessário, crianças a outros pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sua responsabilidade pelo acompanhamento do plano terapêutico do usuário;

– Indicar, de forma compartilhada com outros pontos de atenção, a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da criança;

– Contribuir, realizar e participar das atividades de educação permanente de todos os membros da equipe sobre a saúde da criança e

 – Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS